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Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire

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EDUCAR EM TODOS OS CANTOS 197<br />

com requintes de iniciante. Porém, na hora da prova, o nervosismo e<br />

o medo de ser pego fizeram com que eu fosse incapaz de utilizar o<br />

famigerado “papelzinho” que, pela primeira vez em minha vida, eu<br />

havia preparado. Sequer consegui pegá-lo na mão, tal o pânico que<br />

eu sentia com o olhar ameaçador do professor, que a passos lentos<br />

caminhava nos corredores da sala, olhando, sem parar, para todos os<br />

lados, ávido por descobrir alguém colando. Éramos a caça e, ele, o<br />

caçador. Para encurtar a história, minhas mãos suavam, minha angústia<br />

aumentava e, depois de muito relutar, preferi desistir de colar.<br />

Acabei realizando a prova tentando recordar as fórmulas que eu<br />

havia copiado. Sinceramente, não me recordo qual foi o resultado<br />

daquela avaliação. Além de somar, subtrair, multiplicar e dividir,<br />

nunca me explicaram para que servia tudo aquilo — o que pude compreender<br />

apenas muitos anos mais tarde. A importante lição que<br />

aprendi naquela experiência foi perceber que o fato de elaborar a cola,<br />

fez-me sentir uma pessoa desonesta e que poderia ser responsabilizado<br />

por isso. Percebi também que o tempo que gastei elaborando a<br />

cola poderia ter sido melhor utilizado em atitudes mais éticas em relação<br />

à minha própria formação.<br />

Muitos anos depois, como professor no curso do magistério e<br />

também no ensino universitário, nas décadas de 1980 e 1990, depareime,<br />

na sala de aula, com algumas situações de cola — e até por isso,<br />

em determinado momento de minha experiência docente, aprendi<br />

que era bem melhor para mim, para meus alunos e minhas alunas,<br />

avaliarmos as nossas aprendizagens com instrumentos diferenciados,<br />

com registros do processo (fichas, relatórios de pesquisa, diários pessoais<br />

e coletivos, depoimentos de experiências e vivências, portfólios,<br />

entre outros).<br />

Passei a trabalhar muito mais com avaliações dialógicas, explorando<br />

a criatividade dos alunos e mudando a organização do meu<br />

próprio trabalho, planejando também com os alunos o que iríamos<br />

estudar e com eles definindo os momentos, os tempos, os espaços e os<br />

conteúdos que fariam parte dos processos avaliativos, sempre aplicados<br />

conforme o contexto da execução efetiva do nosso planejamento.<br />

Outra situação de cola que vivenciei numa instituição particular<br />

de ensino, que relato pelo que ela tem de exemplar, aconteceu num

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