Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
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164 PAULO ROBERTO PADILHA<br />
Quando falamos em “leitura do mundo”, como nos ensina <strong>Paulo</strong><br />
<strong>Freire</strong>, defendemos a pesquisa, a saída a campo, a “festa da escola<br />
cidadã” como incorporação da cultura e dos saberes populares ao<br />
currículo da escola. Trata-se de um dos primeiros procedimentos a<br />
serem realizados para a construção do PEPP, do PTA e da PP da unidade<br />
educacional. 5<br />
Ao sistematizarmos os saberes da comunidade, dentro e fora da<br />
escola, desenvolvemos nossas reflexões socioculturais, socioambientais,<br />
sócio-históricas, antropológicas, psicológicas, políticas, econômicas<br />
etc. E isso pode e deve ser feito de forma sistemática, organizada,<br />
envolvendo todos os segmentos escolares, aproximando, pondo em<br />
relação e em interação diferentes pessoas, culturas e experiências.<br />
Planejar dialogicamente significa pensar o futuro com base nas<br />
experiências do passado e nas vivências do presente. É necessário<br />
“botar a mão na massa”. É enfrentar os vários desafios da nossa vida<br />
cotidiana com um pé na realidade e com o outro pé no sonho.<br />
Quem planeja dialogicamente não faz vistas grossas a nenhum<br />
problema que encontra pela frente, como, por exemplo, as situações<br />
de preconceito, de violência escolar e social, a pobreza, o desemprego,<br />
o desprezo aos direitos humanos, o aluno que “não aprende”, o<br />
professor que falta demais, que desanima diante da profissão, a falta<br />
de relação democrática na escola e na sociedade, a corrupção micro e<br />
macro presente em nossas vidas, a falta de salário digno, a falta de<br />
políticas educacionais, sociais e culturais a favor das maiorias oprimidas,<br />
a exclusão, a evasão, a repetência, as causas da não aprendizagem<br />
etc.<br />
Por outro lado, é necessário também, ao dialogarmos em torno<br />
do planejamento da escola, reconhecer o que de bom a unidade educacional<br />
já fez e faz, os avanços, o que está dando certo, as experiências<br />
exitosas que precisam continuar e a riqueza cultural da comunidade.<br />
Em especial, reconhecer o que professores e alunos já têm rea-<br />
5. Sobre a “Festa da Escola Cidadã”, ver: Padilha, 2004: 301-311, onde explico a metodologia<br />
para a realização da “leitura do mundo” que resgata a cultura popular e a incorpora ao<br />
currículo da escola.