Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
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EDUCAR EM TODOS OS CANTOS 241<br />
isso, ampliamos a nossa comunicação por via das nossas diferentes<br />
linguagens, com ênfase, inclusive, na nossa expressividade cultural,<br />
artística, que nos emociona, que nos sensibiliza e que, portanto, potencializa<br />
a nossa própria capacidade de aprender e de viver com<br />
mais alegria e, até mesmo, por mais tempo porque mais educadas.<br />
Decorrem daí a construção de identidades individuais e coletivas<br />
que estimula a busca de novos traços culturais comuns e valores<br />
permanentes que caracterizam e inauguram, para nós, a perspectiva<br />
transcultural.<br />
É transcultural tudo aquilo — das idéias aos sentimentos, às<br />
emoções, às formas de criatividade — que nos pertence como espécie<br />
humana (Demétrio, 1997). Estará praticando um currículo intertranscultural<br />
o docente que tenta ser coerente entre o que diz e o que faz, e<br />
mais do que isso, que deseja e pratica uma educação com qualidade<br />
sociocultural e socioambiental, humanizadora e cidadã. Nessa perspectiva,<br />
temos o desafio de dialogar com a diferença, com a diferença<br />
dentro da própria diferença (apesar da diferença de gênero, por exemplo,<br />
mulheres e homens apresentam inúmeras diferenças entre si —<br />
étnicas, religiosas, sexuais etc.) e, também, do reconhecimento das<br />
semelhanças que são, em si, pontos de contato que permitem o diálogo<br />
na diferença ou a unidade na diversidade. (<strong>Freire</strong>, 1997)<br />
<strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong> afirma que “conheço com meu corpo todo, sentimentos,<br />
paixão. Razão também” (<strong>Freire</strong>, 1995: 18), e que, além disso,<br />
um simples ruído pode provocar a nossa curiosidade. Consideramos<br />
também que um simples olhar do professor para o aluno pode fazer a<br />
diferença entre continuar a estudar ou desistir da escola ou, ainda,<br />
que um gesto de atenção de uma pessoa para a outra pode ser determinante<br />
para aquela continuar a se manter interessada em aprender<br />
e a ensinar.<br />
Se olharmos com novos olhares as nossas próprias ações e se<br />
analisarmos os nossos acertos e os nossos erros a partir também do<br />
olhar de outras pessoas, criaremos e recriaremos novos textos e novos<br />
contextos, o que nos permite reinventar a nós mesmos e intensificar<br />
as nossas próprias experiências e aprendizagens. Descobrimos a<br />
possibilidade de aprender e de ensinar, de viver, de nos relacionarmos<br />
com as outras pessoas e com o próprio planeta em que vivemos.