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A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

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a bater na sola de suas patas com uma força constante, rítmica. Embora os ratos <strong>dor</strong>missem, suas patas faziam<br />

uma corri<strong>da</strong> simula<strong>da</strong>. Os resultados provaram conclusivamente que uma força "inofensiva", suficientemente<br />

repeti<strong>da</strong>, causa realmente uma lesão no tecido. Se déssemos a um rato descanso suficiente entre as corri<strong>da</strong>s, ele<br />

poderia formar cama<strong>da</strong>s de calos; caso contrário, uma feri<strong>da</strong> aberta se desenvolveria na parte inferior <strong>da</strong> pata.<br />

Testei a máquina várias vezes em meus próprios dedos. No pri-— meiro dia em que coloquei o dedo sob o<br />

martelo não senti <strong>dor</strong> até cerca de mil martela<strong>da</strong>s. A sensação era bastante agradável, como uma vibro massagem.<br />

Depois de mil bati<strong>da</strong>s, porém, o dedo mostrou certa sensibili<strong>da</strong>de. No segundo dia foram necessárias bem menos<br />

bati<strong>da</strong>s do martelo para que a sensibili<strong>da</strong>de surgisse. No terceiro dia, senti <strong>dor</strong> quase imediatamente.<br />

Eu sabia agora que pequenas pressões, se repeti<strong>da</strong>s com frequência suficiente, podiam prejudicar o tecido;<br />

portanto, em certas circunstâncias, o simples ato de an<strong>da</strong>r poderia ser realmente perigoso. To<strong>da</strong>via, eu ain<strong>da</strong> não<br />

respondera à pergunta subjacente: o que fazia com que os pés dos pacientes de lepra fossem mais vulneráveis ao<br />

estresse repetitivo? Se eu podia an<strong>da</strong>r onze quilômetros sem problemas, por que eles não podiam?<br />

Outra invenção, a slipper-sock [meia que escorrega], nos ajudou a resolver esse mistério. Eu ouvira falar de uma<br />

nova mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de aplicar herbici<strong>da</strong>s em campos cultivados, usando micro-cápsulas solúveis em água: a mesma<br />

chuva que estimulava o crescimento do mato também dissolvia as cápsulas, liberando um herbici<strong>da</strong> para eliminar<br />

as ervas <strong>da</strong>ninhas. Essa inteligente invenção deu-me a ideia de contratar uma firma de pesquisas químicas para<br />

desenvolver uma microcápsula que se rompesse como resultado <strong>da</strong> pressão, e não <strong>da</strong> água. Depois de muitas<br />

falsas tentativas, terminamos com uma slipper-sock feita de espuma fina que incorporava milhares de<br />

microcápsulas de cera dura. As cápsulas continham bromato azul [bromphenolblue\, uma tintura que ganha coloração<br />

azul num meio alcalino. Era preciso bastante força para quebrar as cápsulas, mas a cera — exatamente<br />

como a pele humana — também quebrava quando sujeita ao estresse repetitivo de várias forças pequenas. Agora<br />

eu tinha um meio conveniente para medir os pontos de pressão envolvidos no ato de an<strong>da</strong>r.<br />

Construímos nossas próprias máquinas para fazer as micro-cápsulas e colocamos a tintura num meio ácido para<br />

torná-la amarela<strong>da</strong>. A meia circun<strong>da</strong>nte era alcalina; portanto, quando a cápsula quebrasse, a tinta iria espirrar e<br />

ficar azul na mesma hora. Voluntários <strong>da</strong> equipe colocaram as meias, depois os sapatos, e começaram a an<strong>da</strong>r.<br />

Depois de an<strong>da</strong>rem alguns passos, removemos os sapatos e notamos quais os pontos de pressão mais fortes — os<br />

primeiros pontos a ficarem azuis. A medi<strong>da</strong> que continuaram an<strong>da</strong>ndo, as áreas azuis se espalharam e os pontos de<br />

pressão inicial intensificaram a cor. Depois de cerca de cinquenta passos, tivemos uma boa noção de to<strong>da</strong>s as<br />

áreas perigosas. A seguir experimentamos as meias especiais nos pacientes.<br />

Depois de examinar mais de mil meias usa<strong>da</strong>s, aprendi muito sobre o an<strong>da</strong>r, mas na<strong>da</strong> mais importante do que<br />

isto: a pessoa com um pé insensível nunca mu<strong>da</strong> o ritmo do an<strong>da</strong>r. Em contraste, o indivíduo sadio mu<strong>da</strong><br />

constantemente.<br />

Um fisioterapeuta ofereceu-se para correr de meias doze quilômetros ao re<strong>dor</strong> dos corre<strong>dor</strong>es cimentados do<br />

hospital Carville, parando a ca<strong>da</strong> três quilômetros para que eu fizesse leituras termográficas e testasse o seu passo<br />

numa slipper-sock. A primeira impressão mostrou seu padrão normal de an<strong>da</strong>r, um passo largo com boa elevação<br />

e um empurrão do dedão. O termograma tirado depois de três quilômetros revelou um ponto quente no dedão sobrecarregado<br />

e a meia mostrou que o principal ponto de pressão estava do lado interno de sua sola. Depois de seis<br />

quilômetros, os sinais de pressão mu<strong>da</strong>ram quando seus passos se ajustaram espontaneamente. Agora a parte<br />

externa do pé estava marca<strong>da</strong> em azul forte, mostrando que seu peso havia mu<strong>da</strong>do para o lado de fora, longe do<br />

dedão, enquanto o lado interno descansava. Quando ele correu os últimos três quilômetros, tanto o termograma<br />

como as meias confirmaram que ele mu<strong>da</strong>ra novamente a maneira de colocar os pés no chão: agora a bor<strong>da</strong><br />

externa do pé estava ficando quente e quebrando as microcápsulas.<br />

O total de termogramas e slipper-socks revelou um fenômeno surpreendente: toma<strong>da</strong>s em conjunto, as meias<br />

mostraram um mapa completo do pé dele, com tinta azul forte em muitos pontos diferentes. Enquanto o terapeuta<br />

se concentrava em caminhar, seu pé estava enviando mensagens subconscientes de <strong>dor</strong>. Embora esses sussurros<br />

leves <strong>da</strong> pressão individual e células de <strong>dor</strong> nunca tivessem chegado ao seu cérebro consciente, eles chegaram à<br />

sua coluna espinhal e ao cérebro inferior, que ordenaram ajustes sutis no seu an<strong>da</strong>r. No decorrer <strong>da</strong> corri<strong>da</strong>, o pé<br />

A Dádiva <strong>da</strong> <strong>dor</strong> » 110

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