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A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

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Diabetes, obesi<strong>da</strong>de e muitos outros problemas de saúde são devidos ao excesso de consumo de açúcar, uma<br />

consequência de nossa habili<strong>da</strong>de moderna de reproduzir um sabor agradável com propósitos não relacionados à<br />

nutrição. As empresas de hoje usam o açúcar para realçar o sabor e aumentar as ven<strong>da</strong>s de cereais matinais,<br />

catchup e vegetais em conserva. Os refrigerantes são uma fonte onipresente: o americano médio bebê mais de<br />

quinhentas latas por ano. O marketing agressivo expandiu o vício do açúcar às socie<strong>da</strong>des menos desenvolvi<strong>da</strong>s<br />

que antes obtinham açúcar de frutas benéficas ou <strong>da</strong> cana-de-açúcar (que é fibrosa e obriga o consumi<strong>dor</strong> a<br />

mastigar para conseguir obter doçura).<br />

Quando olho ao meu re<strong>dor</strong>, vejo muitos exemplos do mesmo padrão: a socie<strong>da</strong>de se esmera em isolar e embalar<br />

novamente o prazer, desviando-o de seus caminhos naturais. Não preciso nem sequer mencionar o prazer do sexo,<br />

que os marqueteiros usam para vender produtos como cerveja, motocicletas e cigarros. Não posso ver qualquer<br />

conexão remota entre sexo e o vício do fumar; to<strong>da</strong>via, os anúncios querem me fazer pensar que o fato de fumar<br />

cigarros aumenta magicamente o meu apelo sexual. O ver<strong>da</strong>deiro produto final do cigarro é prejuízo para o<br />

coração e os pulmões; o ver<strong>da</strong>deiro fim do bebê<strong>dor</strong> de cerveja é uma pança; o ver<strong>da</strong>deiro fim do cereal coberto de<br />

açúcar é provocar cáries. Por que continuamos a nos enganar?<br />

Hoje é possível até duplicar um sentimento de aventura — mãos sua<strong>da</strong>s, coração acelerado, músculos tensos e<br />

adrenalina em alta — em pessoas enterra<strong>da</strong>s nas poltronas do cinema assistindo a um filme. To<strong>da</strong>via, as aventuras<br />

substitutas não satisfazem. Posso receber alguns dos efeitos colaterais, mas não o benefício total que receberia ao<br />

subir realmente uma montanha ou vencer uma corredeira. Estou vivendo a aventura de outrem, e não a minha<br />

própria. Uma vez criado o ambiente artificial, porém, especialmente para os jovens é fácil confundir o prazer real<br />

com o vicário — a vi<strong>da</strong> como um video game. Eles são tentados a experimentar a vi<strong>da</strong> vicariamente, diante de<br />

uma televisão liga<strong>da</strong>, recebendo estímulos sensoriais só por meio dos olhos e dos ouvidos. Não consideram mais o<br />

prazer como algo a ser buscado e obtido mediante esforço ativo.<br />

Não é por acaso que a pior epidemia de abuso de drogas tenha lugar nas socie<strong>da</strong>des tecnologicamente avança<strong>da</strong>s,<br />

onde as expectativas são eleva<strong>da</strong>s e a reali<strong>da</strong>de muitas vezes entra em conflito com as imagens deslumbrantes<br />

transmiti<strong>da</strong>s pela mídia. O abuso de drogas mostra a conclusão lógica de um senso de prazer maldirigido, pois as<br />

drogas ilícitas garantem o acesso direto à sede do prazer no cérebro. Não chega a surpreender que o prazer de<br />

curto prazo obtido por esse acesso direto produza miséria a longo prazo. O escritor Dan Wakefield expressou<br />

desta forma a ideia: "Usei drogas como penso que a maioria <strong>da</strong>s pessoas faz, não foi principal e habitualmente por<br />

'brincadeira' ou glamour, mas para esquecer a <strong>dor</strong>, a <strong>dor</strong> <strong>da</strong>quele vazio interior ou psíquico... A ironia é que<br />

justamente essas substâncias — as drogas ou o álcool —, que o indivíduo usa para a<strong>dor</strong>mecer a <strong>dor</strong> de uma<br />

maneira química e artificial, podem ter exatamente o efeito de aumentar o vazio que pretendem preencher; de<br />

modo que mais bebi<strong>da</strong>s e drogas são sempre necessárias na intenção infindável de tapar o buraco que inevitavelmente<br />

se alarga com os esforços ca<strong>da</strong> vez maiores para eliminá-lo".<br />

Os cientistas identificaram recentemente um "centro de prazer" no cérebro que pode ser diretamente estimulado.<br />

Os pesquisa<strong>dor</strong>es implantaram eletrodos no hipotálamo de ratos, que são depois colocados numa gaiola na frente<br />

de três alavancas. O ato de pressionar a primeira libera uma porção de comi<strong>da</strong>, a segun<strong>da</strong> uma bebi<strong>da</strong> e a terceira<br />

ativa eletrodos que dão aos ratos um sentimento transitório mas imediato de prazer. Os ratos de laboratório logo<br />

entendem o propósito <strong>da</strong>s três alavanca e nesses experimentos escolhem apertar apenas a alavanca, do prazer, dia<br />

após dia, até que morrem de fome. Por que atender à fome e à sede quando podem gozar dos prazeres associados<br />

com a comi<strong>da</strong> e a bebi<strong>da</strong> de modo mais conveniente?<br />

Eu gostaria de pedir a ca<strong>da</strong> viciado em potencial em crack que assistisse a um vídeo dos ratos apertando<br />

alavancas, sorrindo a caminho <strong>da</strong> morte. Eles demonstram a ilusão sedutora <strong>da</strong> busca artificial do prazer.<br />

OUVINDO O PRAZER<br />

Assim como acontece com a <strong>dor</strong>, o próprio corpo fornece informações sobre o prazer. To<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des<br />

importantes para a sobrevivência e saúde do corpo oferecem prazer físico quando as executamos <strong>da</strong> forma correta.<br />

O ato sexual, que assegura a sobrevivência <strong>da</strong>s espécies, dá prazer. Comer não é uma tarefa desagradável, mas um<br />

prazer. Até a manutenção do corpo mediante a excreção dá prazer. Vou abster-me de descrever os maravilhosos<br />

A Dádiva <strong>da</strong> <strong>dor</strong> » 181

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