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A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

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levantar-se, os ossos de seu pé viraram pó. A artrite reumatóide com frequência apresenta às suas vítimas um<br />

dilema clássico: silenciar a <strong>dor</strong> e destruir o corpo ou ouvir a <strong>dor</strong> e preservar o corpo. Numa competição<br />

equilibra<strong>da</strong>, a <strong>dor</strong> raramente vence.<br />

Por quê? Para mim, esse era o enigma <strong>da</strong> <strong>dor</strong>. Por que nossas mentes nos infligiriam um estado que<br />

automaticamente rejeitaríamos? Eu poderia demonstrar facilmente o benefício especial <strong>da</strong> <strong>dor</strong>: basta levar um<br />

cético a um leprosário em uma visita dirigi<strong>da</strong>. Mas certas objeções ao sistema <strong>da</strong> <strong>dor</strong>, que eu havia reduzido a<br />

duas perguntas, não foram tão facilmente resolvi<strong>da</strong>s.<br />

Para a primeira pergunta, "Por que a <strong>dor</strong> deve ser tão desagradável?", eu sabia a resposta, uma resposta subjacente<br />

a to<strong>da</strong> a minha abor<strong>da</strong>gem à <strong>dor</strong>. O próprio desprazer <strong>da</strong> <strong>dor</strong>, a parte que odiamos, é que torna a sua proteção tão<br />

eficaz. Eu sabia a resposta teoricamente, mas o efeito debilitante <strong>da</strong> <strong>dor</strong> nos pacientes me fazia vacilar. Uma<br />

questão relaciona<strong>da</strong> vinha em segui<strong>da</strong>: Por que a <strong>dor</strong> deve persistir? Nós certamente apreciaríamos mais a <strong>dor</strong> se<br />

nossos corpos viessem equipados com um interruptor que permitisse a suspensão do aviso à nossa vontade.<br />

Essas duas perguntas me preocuparam durante anos. Eu voltava sempre a elas, como se cutucasse uma feri<strong>da</strong><br />

antiga. Apesar de meus esforços ingentes para melhorar a imagem <strong>da</strong> <strong>dor</strong>, nunca resolvi por completo as duas<br />

perguntas em minha, própria mente. até que iniciei um novo projeto de pesquisa, nosso projeto mais ambicioso até<br />

hoje em Carville.<br />

Meu pedido de subvenção tinha o título "Um Substituto Prático para a Dor". Propusemos desenvolver um sistema<br />

artificial de <strong>dor</strong> para substituir o sistema defeituoso nas pessoas que sofriam de lepra, ausência de <strong>dor</strong> congênita,<br />

neuropatia diabética e outras desordens dos nervos. Nossa proposta enfatizava os benefícios econômicos latentes:<br />

ao investir um milhão de dólares para descobrir um meio de alertar tais pacientes dos perigos maiores, o governo<br />

poderia poupar muitos milhões em tratamentos clínicos, amputações e reabilitação. A proposta causou agitação no<br />

Instituto Nacional de Saúde em Washington. Eles haviam recebido pedidos de cientistas que desejavam diminuir<br />

ou abolir a <strong>dor</strong>, mas nunca de alguém que quisesse criar <strong>dor</strong>. Não obstante, recebemos subvenção para o projeto.<br />

Planejávamos, com efeito, duplicar o sistema nervoso humano em uma escala bem pequena. Precisaríamos de um<br />

"sensor nervoso" substituto para gerar sinais nas extremi<strong>da</strong>des, um "axônio nervoso" ou sistema de conexão para<br />

transportar a mensagem de alarme e um dispositivo de resposta para informar o cérebro do perigo. O entusiasmo<br />

cresceu no laboratório de pesquisas em Carville. Até onde sabíamos, estávamos tentando algo que nunca fora<br />

tentado.<br />

Contratei o departamento de energia elétrica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual <strong>da</strong> Louisiana a fim de que desenvolvesse<br />

um sensor-miniatura para medir a temperatura e a pressão. Um dos engenheiros <strong>da</strong>li brincou sobre o potencial de<br />

lucro:<br />

— Se nossa ideia funcionar, teremos um sistema de <strong>dor</strong> que adverte do perigo, mas não dói. Em outras palavras,<br />

teremos somente o lado bom <strong>da</strong> <strong>dor</strong>! Pessoas saudáveis vão querer esses dispositivos em lugar de seus próprios<br />

sistemas de <strong>dor</strong>. Quem não preferiria um sinal de alarme transmitido por um aparelho auditivo a uma <strong>dor</strong><br />

ver<strong>da</strong>deira num dedo?<br />

Os engenheiros <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual <strong>da</strong> Louisiana em pouco tempo construíram transdutores-protótipo,<br />

discos finos de metal e menores do que um botão de camisa. Pressão suficiente nesses transdutores alteraria sua<br />

resistência elétrica, acionando uma corrente elétrica. Eles pediram aos nossos pesquisa<strong>dor</strong>es que determinassem<br />

os limiares de pressão que deveriam ser programados nos sensores-miniatura. Lembrei-me de meus dias de<br />

facul<strong>da</strong>de no laboratório de <strong>dor</strong> de Tommy Lewis, mas com uma grande diferença: agora, em vez de examinar<br />

apenas as proprie<strong>da</strong>des pertinentes a um corpo humano bem-construído, eu tinha de pensar como o construtor.<br />

Que perigos aquele corpo iria enfrentar? Como eu poderia quantificar esses perigos de modo que os sensores pudessem<br />

medi-los?<br />

A fim de simplificar as coisas, concentramo-nos nas pontas dos dedos <strong>da</strong>s mãos e nas solas dos pés, as duas áreas<br />

que causavam mais problemas aos nossos pacientes. Mas como podíamos fazer com que um sensor mecânico<br />

distinguisse entre a pressão aceitável de, por exemplo, segurar um garfo <strong>da</strong> inaceitável de agarrar um pe<strong>da</strong>ço de<br />

A Dádiva <strong>da</strong> <strong>dor</strong> » 121

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