19.05.2013 Views

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Com a aju<strong>da</strong> do espinho em meu pé,<br />

Pulo mais alto do que qualquer um com pés sadios.<br />

SOREN KlERKEGAARD<br />

13 Amado inimigo<br />

Devo confessar que às vezes duvido <strong>da</strong> minha cruza<strong>da</strong> para melhorar a imagem <strong>da</strong> <strong>dor</strong>. Numa socie<strong>da</strong>de que<br />

geralmente retrata a <strong>dor</strong> como o inimigo, alguém ouvirá uma mensagem contrária exaltando as suas virtudes?<br />

Minha perspectiva reflete apenas a excentrici<strong>da</strong>de de uma carreira entre pacientes com a estranha aflição <strong>da</strong><br />

ausência de <strong>dor</strong>? O governo dos Estados Unidos acabou fazendo essas mesmas perguntas. Por que o dinheiro para<br />

as pesquisas em Carville deveria ser canalizado para a restauração e otimização <strong>da</strong> <strong>dor</strong> quando pesquisa<strong>dor</strong>es em<br />

outras partes estavam se concentrando em como suprimi-la?<br />

Nos primeiros anos nossas propostas de subvenção para termógrafos, slipper-socks com tinta e transdutores de<br />

pressão geralmente eram aprova<strong>da</strong>s. Os visionários em Washington apoiaram a pesquisa básica <strong>da</strong> <strong>dor</strong>, embora<br />

ela tivesse relevância prática imediata apenas para alguns milhares de pacientes de lepra (e alguns cavalos<br />

Tennessee Walker). No final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, porém, um novo espírito inclinado a apertar o cinto tornou ca<strong>da</strong><br />

vez mais difícil justificar essa pesquisa. A ca<strong>da</strong> ano o Serviço de Saúde Pública norte-americano examinava<br />

minuciosamente o orçamento do hospital Carville para ver se podia investir tanto dinheiro numa pesquisa que<br />

beneficiaria principalmente pacientes de lepra em outros países.<br />

Mais ou menos nessa época, tropecei acidentalmente numa nova aplicação prática para o que havíamos aprendido<br />

sobre a <strong>dor</strong> em Carville, uma alteração afortuna<strong>da</strong> de eventos que em pouco tempo validou todo o investimento<br />

feito na pesquisa básica. Embora existam apenas alguns milhares de pacientes de lepra nos Estados Unidos,<br />

milhões de diabéticos vivem aqui, e descobrimos que nossas idéias sobre a <strong>dor</strong> tinham relevância direta para eles<br />

também.<br />

Certa noite, já tarde, eu estava lendo uma revista médica quando notei a frase "osteopatia diabética". Isso me<br />

pareceu estranho: desde quando a diabetes, uma doença do metabolismo <strong>da</strong> glicose, afeta os ossos? Ao virar a<br />

página, vi reproduções radiográficas que se pareciam exatamente com as radiografias <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças ósseas nos<br />

pés insensíveis dos meus pacientes de lepra. Escrevi aos autores, dois médicos do Texas, que amavelmente me<br />

convi<strong>da</strong>ram para visitá-los e discutir o assunto.<br />

Alguns meses mais tarde, encontrei-me no consultório deles em Houston, envolvido numa discussão amigável<br />

sobre "radiografias em conflito". Eles colocavam uma radiografia de um osso deteriorado sobre uma mesa<br />

ilumina<strong>da</strong> e eu procurava em minha maleta até encontrar uma radiografia correspondente de absorção do osso<br />

num paciente de lepra. Comparamos as radiografias de todos os ossos do pé e quase sem exceção pude duplicar<br />

ca<strong>da</strong> problema osteopático que apresentaram. A demonstração impressionou bastante os médicos e internos<br />

reunidos, pois a maioria deles não tinha experiência com pacientes de lepra e pensava ter descrito uma síndrome<br />

peculiar à diabetes.<br />

O CLUBE DO AÇÚCAR<br />

A seguir, os médicos do Texas me convi<strong>da</strong>ram para falar no Clube do Açúcar do Sudeste, um grupo distinto de<br />

especialistas em diabetes dos estados do sudeste que se reúne regularmente para rever as últimas descobertas<br />

sobre a doença. Tratei do assunto dos pés, desafiando a suposição deles de que o problema comum com os pés<br />

diabéticos — ulceração tão severa que frequentemente leva à amputação — era causado pela própria doença ou<br />

pela per<strong>da</strong> do suprimento de sangue que ocorre na diabetes. Minhas observações haviam me convencido de que as<br />

feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> diabetes eram como aquelas <strong>da</strong> lepra, causa<strong>da</strong>s pela per<strong>da</strong> <strong>da</strong> sensação de <strong>dor</strong>.<br />

A Dádiva <strong>da</strong> <strong>dor</strong> » 114

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!