19.05.2013 Views

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

subestimar outra vez nosso poder inerente de alterar a percepção <strong>da</strong> <strong>dor</strong>. Este homem gentil, um respeitado<br />

cirurgião plástico e antigo co-editor do Journal of Plastic Surgery, aprendeu a subjugar a surpreendente<br />

capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mente para dominar a <strong>dor</strong>. Depois de várias viagens à China, Snyder convenceu-se de que grande<br />

parte <strong>da</strong> eficácia <strong>da</strong> acupuntura para aliviar a <strong>dor</strong> era devi<strong>da</strong> à crença mental que a pessoa tinha na técnica — um<br />

efeito placebo glorificado. Alguns anos mais tarde ele teve oportuni<strong>da</strong>de para testar suas convicções sobre o poder<br />

<strong>da</strong> mente.<br />

Snyder precisava fazer uma cirurgia na mão, um processo complicado para remover o revestimento sinovial que<br />

cobria os tendões de seu pulso. Seriam necessários cortes profundos numa área de muitos terminais nervosos.<br />

Snyder tinha muitos compromissos para o dia seguinte, além de um discurso importante a fazer, e não queria<br />

arriscar anestesia geral, que poderia deixá-lo atordoado. Decidiu esquecer a <strong>dor</strong>, sem qualquer outro recurso além<br />

do poder <strong>da</strong> mente.<br />

O cirurgião que iria operá-lo, que também conheço, atendeu o pedido estranho do colega. Permitiu que o dr.<br />

Snyder usasse alguns minutos para reunir seus pensamentos, colocou um torniquete na parte superior do braço<br />

dele e depois, sem qualquer anestesia, começou a operar. Mediante pura auto-sugestão, Snyder concentrou-se em<br />

não sentir <strong>dor</strong>, e ele insiste que não sentiu absolutamente qualquer <strong>dor</strong> até cerca de uma hora após a cirurgia. O<br />

cirurgião do outro lado do escalpelo confirma o seu relato. Tempos depois, o dr. Snyder tentou incorporar o que<br />

aprendera sobre o controle <strong>da</strong> <strong>dor</strong> em sua prática médica.<br />

— Procuro sempre distrair a atenção de meus pacientes para algo prazeroso — diz ele. — Falo sobre futebol ou a<br />

última conferência do presidente, e evito expressar qualquer alarme. Tento acalmar meus pacientes. Toco e<br />

esfrego o lugar onde dói, especialmente se são crianças, e sempre explico exatamente o que vou fazer. Nunca<br />

minto para eles. Quero to<strong>da</strong> a sua confiança.<br />

Snyder relata resultados notáveis entre alguns de seus pacientes. Uma professora que o procurou para a remoção<br />

de um gânglio envolveu-se de tal forma numa conversa com um estu<strong>da</strong>nte de medicina que Snyder removeu o<br />

gânglio sem sequer aplicar um anestésico local. Um adolescente com acne severa entrou para ter o rosto<br />

"esfoliado" com abrasivo.<br />

— Doutor, eu lhe dou uma hora — disse ele. — Não quero na<strong>da</strong> para a <strong>dor</strong>.<br />

O rapazinho ficou imóvel durante sessenta minutos e não mostrou sinal de <strong>dor</strong>. A seguir levantou a mão e disse:<br />

— Está começando a doer. Precisa parar.<br />

Nem todos podem dominar a habili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> auto-sugestão sobre a <strong>dor</strong>. Mas os exemplos citados devem encorajarnos<br />

a crer que, mesmo quando não pudermos fazer cessar uma <strong>dor</strong> específica, provavelmente podemos fazer com<br />

que doa menos, eliminando assim a necessi<strong>da</strong>de de analgésicos. Eles confirmam a capaci<strong>da</strong>de estupen<strong>da</strong> para o<br />

controle <strong>da</strong> <strong>dor</strong> que todos carregamos em cima do pescoço.<br />

O CASO MAIS GRAVE<br />

Encontrei-me certa vez com freiras, cui<strong>da</strong><strong>dor</strong>es e alguns especialistas de <strong>dor</strong> ao re<strong>dor</strong> do mundo numa conferência<br />

em Dallas, no Texas. Numa entrevista televisiona<strong>da</strong> mais tarde, expliquei minha filosofia pessoal sobre a <strong>dor</strong><br />

basea<strong>da</strong> na gratidão e apreciação dos seus benefícios.<br />

— O sistema <strong>da</strong> <strong>dor</strong> é bom — afirmei -—, embora haja ocasiões em que as <strong>dor</strong>es do indivíduo não vão ser<br />

boas.<br />

Mencionei a <strong>dor</strong> que às vezes acompanha o câncer terminal, uma <strong>dor</strong> debilitante que não serve a qualquer<br />

propósito útil — o paciente sabe que a morte está chegando — e que frustra a maioria <strong>da</strong>s técnicas de<br />

gerenciamento <strong>da</strong> <strong>dor</strong> que descrevi neste capítulo.<br />

— O desafio <strong>da</strong> medicina nesses casos é <strong>da</strong>r medicação suficiente para abran<strong>da</strong>r a <strong>dor</strong>, mas não tanta a ponto de<br />

A Dádiva <strong>da</strong> <strong>dor</strong> » 156

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!