19.05.2013 Views

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

que pudesse ir a Minnesota para investigar esse novo fenômeno. Quando cheguei, Mary apresentou-me um<br />

menino saudável chamado Daniel. Confesso que por alguns minutos voltei ao meu papel de ortopedista,<br />

examinando as juntas dos dedos dele e o ângulo de seus pés, tudo funcionando esplendi<strong>da</strong>mente. Havia mais um<br />

teste a fazer, porém, e esperei que Mary saísse do quarto antes de experimentá-lo.<br />

Com um alfinete reto comum, realizei uma simples avaliação do sistema de <strong>dor</strong> na ponta de um dedo. Fui<br />

delicado, é claro, mas tínha de fazê-lo. Daniel puxou a mão, franziu a testa, olhou para o dedo e depois para mim.<br />

Ele era normal! Seus reflexos trabalhavam com perfeição e já naquela i<strong>da</strong>de tão tenra ele estava recebendo Uma<br />

informação importante sobre alfinetes pontiagudos. Apertei-o em meu peito e orei agradecendo por aquele dedo<br />

pequenino. A luva mais sofistica<strong>da</strong> que havíamos desenvolvido em Carville incluía um total de vinte transdutores<br />

e custava quase dez mil dólares. Aquela criança fora equipa<strong>da</strong> com mil detectores de <strong>dor</strong> só naquela ponta de<br />

dedo, ca<strong>da</strong> um calibrado para um limiar específico. Senti um pouco de orgulho de avô, porque meu código<br />

genético pessoal estava envolvido na criação <strong>da</strong>quele menininho. Como engenheiro eu havia falhado em criar um<br />

sistema de <strong>dor</strong> com meus transdutores eletrônicos dispendiosos, mas o meu DNA tivera um sucesso<br />

extraordinário.<br />

Desafiava minha corrtpreensao o fato de os transdutores-miniatura de Daniel poderem filtrar as muitas varie<strong>da</strong>des<br />

de estresses traumáticos, constantes C repetitivos e informarem a coluna espinhal, sem curtos-circuitos nos fios e<br />

sem necessi<strong>da</strong>de de manutenção externa, por um período de setenta ou oitenta anos. Mais ain<strong>da</strong>, aqueles sensores<br />

de <strong>dor</strong> funcionariam quer ele quisesse quer não; o interruptor estava fora de alcance. Os sensores não tinham<br />

defeito, atendiam prontamente e exigiam uma reação, mesmo de um cérebro jovem demais para compreender o<br />

significado do perigo. Terminei minha oração com um estribilho familiar: "Graças a Deus pela <strong>dor</strong>!".<br />

Notas<br />

1 Há uma grande diferença em como o <strong>da</strong>no ao nervo ocorre na lepra em comparação com a diabetes. Como já disse, os germes <strong>da</strong> lepra se congregam nas<br />

áreas frias, destruindo os nervos mais próximos <strong>da</strong> pele e produzindo um padrão errático de paralisia. A diabetes, que não é produzi<strong>da</strong> por germes, altera o<br />

metabolismo do açúcar, e os nervos mais longos sofrem a deficiência nutricional em primeiro lugar. O aspecto crítico parece ser o comprimento do<br />

axônio que se estende até as extremi<strong>da</strong>des do nervo. Os dedos dos pés tendem a ser afetados no início; depois, mais axônios do nervo morrem a partir do<br />

pé em direção ao tornozelo, rastejando perna acima. Quando a per<strong>da</strong> de sensação chega ao joelho,<br />

os axônios mais longos do braço têm mais ou menos o mesmo comprimento que os axônios residuais na perna. Nesse ponto, se inicia a deficiência<br />

nutricional que afeta os axônios do braço: as pontas dos dedos a<strong>dor</strong>mecem, depois a mão, pulso e antebraço. O <strong>da</strong>no aos nervos prossegue lentamente, e a<br />

maioria dos diabéticos morre antes de experimentar problemas severos na mão. Mas a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> sensação no pé é muito comum.<br />

2 Uma explicação possível para esse fenômeno pode ser encontra<strong>da</strong> no desejo do corpo humano de conservar energia. Pare de usar um músculo e ele irá<br />

atrofiar-se. Do mesmo modo, se eu injetar doses artificiais de adrenalina e cortisona num paciente, a glândula supra-renal, que normalmente<br />

produz esses hormônios, irá reduzir seu suprimento; com o tempo, ela pode até interromper completamente a produção. Alguns<br />

pesquisa<strong>dor</strong>es <strong>da</strong> <strong>dor</strong> acreditam que a dependência de medicamentos que aliviam a <strong>dor</strong> pode ter um efeito similar no cérebro. Se suprimirmos<br />

a necessi<strong>da</strong>de de en<strong>dor</strong>finas no cérebro (os assassinos naturais <strong>da</strong> <strong>dor</strong>) oferecendo substitutos artificiais, o cérebro pode<br />

"esquecer como" produzir as substâncias naturais. Os viciados em heroína mostram o resultado final: o cérebro do viciado exige ca<strong>da</strong><br />

vez mais substâncias artificiais porque não pode mais satisfazer os desejos de seus próprios receptores locais de narcóticos. Pessoas que<br />

consumiram heroína durante muito tempo às vezes desenvolvem uma hipersensibili<strong>da</strong>de à <strong>dor</strong> depois que param de utilizar a droga. A<br />

menor pressão de um lençol ou de uma peça de roupa provoca <strong>dor</strong> intensa porque o cérebro não fabrica mais os neurotransmíssores que<br />

li<strong>da</strong>m com tais estímulos rotineiros.<br />

A Dádiva <strong>da</strong> <strong>dor</strong> » 124

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!