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A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

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Você compra a <strong>dor</strong> com tudo que a alegria pode oferecer,<br />

E não morre de na<strong>da</strong> senão do desejo de viver.<br />

ALEXANDER POPE<br />

11 Ao público<br />

Meu trabalho com os pacientes de lepra logo sobrepujou outras áreas, tais como ensino e deveres ortopédicos no<br />

hospital. Eu costumava passar noites acor<strong>da</strong>do pensando nos pacientes. Que inovações cirúrgicas poderiam<br />

reduzir o estigma que enfrentavam? Como eu poderia melhorar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> deles? O trabalho com a lepra<br />

tornou-se ca<strong>da</strong> vez mais uma vocação, e não simplesmente uma profissão.<br />

Em 1952 recebi uma generosa e bastante inespera<strong>da</strong> oferta <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Rockefeller,<br />

— Seu trabalho com a lepra mostra um bom potencial — disse-me o representante deles. — Por que não viaja ao<br />

re<strong>dor</strong> do mundo e obtém os melhores conselhos possíveis? Procure quem você desejar (cirurgiões, patologistas,<br />

leprologistas) e tome o tempo necessário. Pagaremos a conta.<br />

À oferta foi uma <strong>dádiva</strong> de Deus. Eu havia operado muitas mãos e pés, alguns narizes e sobrancelhas, mas sempre<br />

cora a sensação de que não fora adequa<strong>da</strong>mente treinado para tais procedimentos. Tinha agora liber<strong>da</strong>de para<br />

estu<strong>da</strong>r com especialistas de fama mundial. Além disso, podia visitar neuropatologistas que teriam condições de<br />

lançar luz sobre a maneira como a lepra <strong>da</strong>nifica os nervos. Nossos estudos pessoais não levaram a na<strong>da</strong>. Depois<br />

de realizar a autópsia em Chingleput, eu ficara sabendo que os nervos inchavam em lugares estranhos, levando à<br />

paralisia e per<strong>da</strong> de sensações, mas não tinha noção do que estava realmente matando os nervos. Abri satisfeito os<br />

pequenos frascos de amostras que havíamos coletado na autópsia e escolhi alguns segmentos que, após serem<br />

tingidos e montados em lâminas de microscópio, poderiam ser levados comigo.<br />

Sir Archibald Mclndoe, meu primeiro contato em Londres, pareceu intrigado com as transferências de tendão que<br />

fizéramos em Vellore. Ele planejou um encontro com o Clube de Mãos, um grupo de elite formado por treze<br />

cirurgiões de mãos, e me convidou para <strong>da</strong>r uma palestra no Colégio Real de Cirurgiões. Meu comparecimento<br />

nessas duas reuniões me abriu as portas de todos os cirurgiões de renome em Londres e, como um jovem interno<br />

deslumbrado, estive com alguns deles e observei o seu trabalho.<br />

Tive bem menos sucesso, no entanto, com o segundo objetivo <strong>da</strong> viagem — decifrar a patologia dos nervos<br />

causa<strong>da</strong> pela lepra. Em vários centros de pesquisa, mostrei minha coleção de slides <strong>da</strong> autópsia e descrevi o<br />

padrão misterioso dos inchaços que encontrara nos nervos do cotovelo, joelho e pulso.<br />

— Não consigo entender o que possa estar matando esse nervo — disse um especialista, numa resposta típica. —<br />

Nunca vi na<strong>da</strong> como essa patologia.<br />

Depois de completar minhas pesquisas na Inglaterra, guardei cui<strong>da</strong>dosamente meus slides e espécimes e<br />

embarquei no navio Queen Mary para a minha primeira viagem aos Estados Unidos. Eu conseguira entrevistas<br />

com os principais cirurgiões de mãos e neurologistas, e esperava até mesmo examinar meus espécimes de nervos<br />

sob o poderoso microscópio eletrônico na Universi<strong>da</strong>de Washington, em St. Louis.<br />

Para mim, como cirurgião, o ponto alto <strong>da</strong> viagem foi o mês que passei na Califórnia estu<strong>da</strong>ndo com Sterling<br />

Bunnell, o próprio "pai <strong>da</strong> cirurgia de mãos". Dali fui ao único leprosário remanescente nos Estados Unidos, o<br />

Hospital de Serviços <strong>da</strong> Saúde Pública, em Carville, Louisiana, e conheci o dr. Daniel Rior<strong>da</strong>n, o único cirurgião<br />

fora <strong>da</strong> Índia que havia operado mãos leprosas. Dan e eu passamos horas agradáveis trocando idéias, mas em Carville<br />

senti também a resistência que iríamos enfrentar em breve ao publicarmos nossas teorias sobre lepra e <strong>da</strong>nos<br />

A Dádiva <strong>da</strong> <strong>dor</strong> » 95

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