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A dádiva da dor - Philip Yancey.pdf (1,8 MB) - Webnode

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nenhuma on<strong>da</strong> de ultra-som.<br />

Nossas curas mágicas tinham sido mais uma dispendiosa demonstração do efeito placebo. De alguma forma, os<br />

terapeutas, entusiasmados com a sua nova máquina, haviam comunicado euforia e esperança que os corpos dos<br />

pacientes traduziram em real melhoria.<br />

ME<strong>MB</strong>ROS FANTASMAS<br />

A maioria dos amputados experimenta pelo menos uma sensação passageira de um membro fantasma. Em algum<br />

ponto, fechado em seus cérebros superiores, um pé ou uma mão ausente persevera vivamente na memória. Pode<br />

parecer que o membro se move. Os dedos invisíveis dos pés se curvam, mãos imaginárias agarram coisas, uma<br />

"perna" parece tão real que o paciente deixa a cama esperando apoiar-se nela. As sensações variam: um<br />

formigamento, uma percepção irritante de calor ou de frio, a <strong>dor</strong> de unhas fantasmas enterrando-se em palmas<br />

fantasmas ou apenas uma sensação permanente de que o membro continua "ali".<br />

Com o passar do tempo, esses sintomas quase sempre somem. Algumas vezes as sensações diminuem apenas<br />

parcialmente, de modo que o cérebro retém a percepção de uma mão — mas sem braço — pendura<strong>da</strong> num coto<br />

do ombro. Entre alguns poucos desafortunados, essa sensação de membro fantasma inclui <strong>dor</strong> a longo prazo, uma<br />

<strong>dor</strong> como nenhuma outra. Sentem grandes porcas sendo aparafusa<strong>da</strong>s em dedos fantasmas, lâminas cortando<br />

braços fantasmas, pregos enfiados em pés fantasmas. Na<strong>da</strong> dá ao médico tamanho sentimento de impotência<br />

como uma <strong>dor</strong> de membro fantasma, pois a parte do corpo do paciente gritando por atenção não existe. O que há<br />

para ser tratado?<br />

Observei um estranho encontro com a <strong>dor</strong> de um membro fantasma durante meus dias no University College. O<br />

administra<strong>dor</strong> <strong>da</strong> escola, sr. Bryce, sofria do mal de Buerger, que restringia o fluxo sanguíneo em uma de suas<br />

pernas. Com a piora gradual <strong>da</strong> circulação, ele sentia <strong>dor</strong>es constantes, ininterruptas nessa perna. O fumo<br />

contribuiu para a trombose, e um único cigarro seria suficiente para o sr. Bryce sentir <strong>dor</strong>es excruciantes causa<strong>da</strong>s<br />

pela vasoconstrição.<br />

O dr. Godder, cirurgião de Bryce, esgotara todos os seus recursos. Homem obstinado, Bryce rejeitou<br />

inflexivelmente qualquer ideia de amputação, e Godder estava lutando para impedir que seu paciente passasse a<br />

depender demais dos remédios contra <strong>dor</strong>. (Naquela época, não havia técnicas eficazes de enxerto para restabelecer<br />

o fluxo de sangue na perna.)<br />

— Eu a odeio! Eu a odeio! — Bryce resmungava com relação à perna. Depois de vários meses de rebelião, ele<br />

finalmente cedeu.<br />

— Pode tirá-la, Godder, pode tirá-la! — declarou em sua voz rascante. — Não aguento mais. Não quero mais ver<br />

essa perna.<br />

Godder imediatamente marcou a cirurgia. Na véspera <strong>da</strong> operação, o dr. Godder recebeu um pedido estranho de<br />

Bryce.<br />

— Não envie este membro para o incinera<strong>dor</strong> — disse ele. — Quero que o conserve para mim num vidro que<br />

colocarei em minha estante. Então, quando sentar em minha poltrona à noite, vou provocar essa perna: Ha! Você<br />

não pode machucar-me mais!<br />

Bryce realizou o seu desejo e, quando saiu do hospital na cadeira de ro<strong>da</strong>s, um enorme frasco foi com ele.<br />

A perna despreza<strong>da</strong>, porém, riu por último. Bryce sofreu bastante com a <strong>dor</strong> de um membro fantasma. O<br />

ferimento sarou, mas em sua mente a perna continuava viva, machucando-o como sempre. Podia sentir espasmos<br />

isquêmicos nos músculos fantasmas <strong>da</strong> barriga <strong>da</strong> perna, e agora ele não tinha perspectiva de alívio.<br />

A Dádiva <strong>da</strong> <strong>dor</strong> » 132

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