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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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podemos observar que, pelo olhar do narrador, o barão, mesmo quando ativo, já era<br />

considerado um degenerado e invertido, já que desejava um corpo do mesmo sexo<br />

biológico que o seu.<br />

100<br />

Se um homem desejava sexualmente outro homem, de modo<br />

passivo, era homossexual porque seu desejo era feminino; se<br />

desejava ativamente outro homem, era igualmente homossexual,<br />

porque, embora seu desejo fosse masculino, o objeto do desejo era<br />

alguém do mesmo sexo biológico, não havia como escapar ao que o<br />

senso comum aceitara como sendo a verdadeira identidade<br />

homossexual. (COSTA, 1995, p.246)<br />

O barão, segundo a lógica do narrador, devido a sua dependência irracional<br />

aos ditames da homossexualidade, segue uma trajetória de desregramento moral,<br />

declínio econômico e decomposição física. E, quando, devido a seus gastos excessivos<br />

com Eugênio, não tem mais recursos financeiros, é rejeitado pelo amante. Salientamos,<br />

aqui, que em muitos praticantes da homossexualidade, ao ser introjetado neles o germe<br />

da culpabilidade cristã, por exercitarem sexualidades culpabilizadas, passam a se auto-<br />

auferirem castigo por suas “incursões”, em busca de amantes indignos deles próprios.<br />

Deste modo, em sua ânsia e descalabro sexual, vão eles descendo rapidamente em<br />

direção à “Suburra” social em busca de prazeres que os levam a perder a autoestima.<br />

Dentro desta perspectiva, já não sendo senhor da “situação”, o praticante da<br />

homossexualidade, em função do prazer, abre mão de um dos marcadores dos<br />

privilégios da masculinidade – o “direito” de ser o penetrador. Antes de se permitir que<br />

seja penetrado, ponto mais baixo que o macho pode alcançar segundo o pensamento da<br />

patrilinearidade, o barão inicia-se no sexo oral – felatio – com “adolescentes” de classe<br />

inferior a sua.<br />

um momento houve em que a imunda boca, numa insalubre avidez,<br />

num insustentável furor doido, convulso, a um dado ponto se colou,<br />

sôfrega, sugando... Ao cabo, num desmedido horror de si mesmo,<br />

sem poder explicar-se como baixara àquela abjecção suprema, o<br />

barão balbuciou: - Nunca ninguém te tinha feito isto? Ao que o<br />

rapaz, filosofalmente, abotoando-se: - Ainda ontem... um padre.<br />

Era preto. Deixou fulminado esta resposta de surpresa e de<br />

assombro o barão. – como!?... Então não era só ele? Outros havia<br />

também que... E muitos, talvez, quem sabe?...Muitos, sim,<br />

provavelmente... Muitos! Bem mais do que ele, do que o mundo<br />

imaginava! (BL, p.380, destaque nosso)

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