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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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oferecemos a oportunidade de discuti-los e, ao mesmo tempo, deixar que as palavras<br />

contidas neles tenham oportunidade de si falar por si mesmas.<br />

Se a discussão sobre as sexualidades e “raças” ainda hoje não foram<br />

esgotadas e atraem, pela sua mística, “gregos e troianos”, imaginem na época do<br />

lançamento dos dois romances? Deste modo, O Barão de Lavos e Bom-Crioulo - como<br />

obras literárias, não se esgotam e continuam projetando novos campos de possibilidades<br />

e polemizações, já que são pontos representativos para a democratização dos discursos<br />

sobre estes temas.<br />

Didaticamente, para uma melhor compreensão do que será aqui<br />

desenvolvido e discutido, dividimos nosso trabalho em três capítulos: no primeiro,<br />

inserimos e localizamos os romances e os autores dentro das suas respectivas correntes<br />

naturalistas em Portugal e no Brasil, pois estas, apesar de grassarem por toda Europa<br />

Ocidental, carregavam em seu corpo singularidades que as distinguiam; no segundo,<br />

analisamos as questões das sexualidades masculinas consideradas “fora do eixo” do<br />

hegemônico universalizado como normal e natural, através dos personagens-título e as<br />

relações projetadas ao redor e a partir destes; no terceiro, encaminhamos questões<br />

associadas aos contatos entre as culturas dos colonizadores e dos colonizados, nas quais<br />

se discutem os papeis de raça e a estigmatização negativa como condicionantes para<br />

circunscrever dentro dos cânones da patologia os frutos provenientes do desejo sexual<br />

colonial.<br />

Deste modo, apoiados pelos discursos teóricos das diversas ciências e da<br />

arte do fazer literário, trabalharemos a homossexualidade, as ideologias raciais e o<br />

desejo colonial desenvolvidos nas diegeses que enfocamos, e que, de um modo ou de<br />

outro, aprisionaram o Barão de Lavos e Bom-Crioulo, nossos protagonistas, dentro da<br />

estética naturalista, através do enquadramento de um mundo prefigurado e desenvolvido<br />

pelos narradores dos respectivos romances. Mas se, por um lado, os narradores<br />

circunscreveram aqueles dentro da ótica desta escola, em determinados momentos,<br />

abriram frestas que tornaram possível que tais personagens questionassem o<br />

determinismo criado na tentativa de emparedá-los. Nosso objetivo é exatamente buscar<br />

essas pistas ou brechas que se criaram e que dialogam com várias mudanças de<br />

perspectiva que só seriam mais claramente expressas muito mais tarde... Assim, vamos<br />

espiar por essas frestas que os textos permitem.<br />

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