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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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construção da identidade do homem, mas é justamente neste campo que esse tem seu<br />

agir podado ou deformado, vivendo em um constante clima de tensão e restrição de<br />

prazer no sentido mais amplo, já que sua sexualidade, ao invés de perpassar por todo<br />

seu agir, concentra-se apenas em sua genitália. Assim, o corpo do homem, em seu<br />

sentido afetivo, é negado como lugar de prazer. O homem, ao negar seu corpo como<br />

lugar de encontro com o outro, passa a evidenciar o número de conquistas através de<br />

variedade de aventuras, em que as relações de poder e dominação se tornam presentes,<br />

garantindo o distanciamento entre os praticantes e deixando de lado a questão do<br />

respeito à alteridade, que deveria nortear todo relacionamento humano.<br />

A questão de dominação sobre o outro aflora nas relações sociais, sexuais e<br />

econômicas. Deste modo, o homem, vivendo sob o mito de que a liberdade sexual lhe é<br />

inerente por ser macho, não consegue viver sem exercitar a dominação sobre o outro.<br />

Daí surge o grande dilema masculino, que é o de dificilmente encontrar-se no e com o<br />

outro. Na verdade, o agir sexual do homem que valoriza excessivamente seu<br />

desempenho sexual padrão acaba sendo utilizado para definir e reforçar a<br />

heteronormatividade dominante. Ao mesmo tempo, tal desempenho serve como selo<br />

para que esse garanta um atestado de virilidade.<br />

Vemos que o homem enclausurado pela exigência de um desempenho sexual<br />

imposto pela cultura não consegue se entregar, pois, dentro do imaginário da<br />

subjetividade masculina o contato com o/a outro/a esta sobrecarregado de questões de<br />

poder e dominação, questões essas que reproduzem o que se percebe na esfera pública e<br />

privada. Percebemos, assim que “a forma como vivemos nossas identidades sexuais é<br />

mediada pelos significados culturais sobre a sexualidade que são produzidos por meio<br />

de sistemas dominantes de representação” (HALL, 2009, p.32). Dentro desse<br />

imaginário normativo - vigiado pela família, escola e religião – é que é processada a<br />

socialização do homem macho numa expectativa de que esse “seja homem”; assim, ao<br />

invés de, desde cedo, o sujeito preocupar-se em tornar a vida uma fonte ou lugar de<br />

prazer, pode torná-la um desassossego, uma fonte de angústia sem par, devido à<br />

vigilância constante em que vive.<br />

Construído socialmente para dominar dentro do binarismo em que a escala<br />

de valores positivos esta sempre associada ao masculino, ao macho viril e ao exercício<br />

da heterossexualidade, inexoravelmente esse sujeito masculino assumirá atitude radical<br />

no que diz respeito ao seu par extremo de oposição, ou seja, o homossexual, que é<br />

marcado pelos auspícios do ruim e inferior em nossa cultura cristã-ocidental. A<br />

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