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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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1.3 Abel Botelho, Patologia Social e o Naturalismo português<br />

“Nevoeiro”<br />

Nem rei, nem lei, nem paz em guerra,<br />

Define com perfil e ser<br />

Este fulgor baço da terra<br />

Que é Portugal a entristecer-<br />

Brilho sem luz e sem arder,<br />

Como o que o fogo-fatuo encerra<br />

Ninguém sabe que coisa quere..<br />

Ninguém conhece que alma tem,<br />

Nem o que é mal nem o que é bem.<br />

É (Que anciã distante perto chora?)<br />

Tudo é incerto e derradeiro.<br />

Tudo é disperso, nada é inteiro.<br />

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...<br />

É a Hora! (Fernando Pessoa)<br />

A segunda metade do século XIX é o momento em que o Naturalismo<br />

apresenta todo seu vigor em Portugal. Este fase na história portuguesa foi de grandes<br />

inquietações e mudanças na secular e conservadora estrutura política e econômica do<br />

país. Este período conturbado fora “aberto com a fuga da família real para o Brasil, o<br />

século liberal termina com a liquidação física, se não moral, de uma monarquia a quem<br />

se fazia pagar, sobretudo, uma fragilidade nacional que era obra da nação inteira”<br />

(LOURENÇO, 2007, p.29).<br />

É neste momento que em Portugal busca atrelar-se aos movimentos culturais<br />

da Europa mais desenvolvida que Abel Botelho emerge dentro do espaço literário<br />

português. A produção literária dele se inicia com o lançamento do romance O Barão de<br />

Lavos de 1891 e é concluída em 1919 com Amor Crioulo, romance publicado<br />

incompleto e postumamente. Botelho, entre os portugueses, foi aquele, entre os<br />

naturalistas, que mais se aproximou do modelo do zolismo. Foi, justamente, este que em<br />

sua obra cujo título é Patologia Geral, forneceu como legado literário uma idéia mais<br />

precisa da geração naturalista que, em Portugal, seguia de perto as influências de Zola.<br />

Lançado em 1891, O Barão de Lavos é um romance que nos mostra de forma<br />

peremptória o tema da fatalidade que acompanha a degeneração da raça do barão e até<br />

aonde esta questão de hereditariedade pode acentuar a morbidez. Segundo o narrador do<br />

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