ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...
ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...
ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
autêntico, a tentar ver claro um “momento” de crise dos mais<br />
decisivos na história do povo português. (MOISÉS, 1961, p.76)<br />
Mas, para Botelho, a verdadeira crise em que se encontrava seu país era de<br />
cunho moral e ético atrelados aos fatores já expostos. Em sua Patologia Social, o autor<br />
“interessa realizar aquilo que Antonio Jose Saraiva denominou “Um Inquérito à Vida<br />
Portuguesa”” (MOISÉS, 1961, p.25) e, observar os sinais evidentes dos descompassos<br />
que corroiam o povo luso. Contudo, Botelho, em sua obra não apresenta caminhos que<br />
possam levar a alguma solução e, este não é o objetivo dos romances que formam seu<br />
ciclo de publicações.<br />
1.4 Naturalismo no Brasil<br />
No final do século XIX, o Brasil era o principal mercado de livros da ex-<br />
metrópole, por isso havia na ex-colônia grande influência tanto dos autores portugueses<br />
como das diversas traduções feitas, via Portugal, de autores estrangeiros. Em pleno<br />
Oitocentos a influência da <strong>Universidade</strong> de Coimbra em terra brasilis se fazia notar, já<br />
que “a fina flor da intelectualidade brasileira continuava a procurar na velha cidade<br />
universitária a formação que seus pais e avós haviam conseguido” (REGO, 1966, p.19).<br />
Isto não quer dizer que não houvesse mercado, mesmo que incipiente, para livros nas<br />
próprias línguas dos autores de outros países europeus, principalmente daqueles<br />
advindos da França. Contudo, essas leituras eram privilégios de uns poucos eleitos. Na<br />
verdade, havia naquele momento histórico uma necessidade premente de incluir valores<br />
europeus na formação das elites brasileiras, “dentre as manifestações particulares<br />
daquela dialética, ressalta o que poderia chamar “diálogo com Portugal”, que é uma das<br />
vias pelas quais tomamos consciência de nós mesmos” (CANDIDO, 1985, p.110).<br />
Deste modo, não podemos estudar o Naturalismo brasileiro sem fazermos menção aos<br />
créditos dos naturalistas de lá transferidos aos de cá, já que o Brasil foi favorecido,<br />
devido aos fortes laços culturais com Portugal, tendo acesso ao que o mercado editorial<br />
lusitano produzia.<br />
38