ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...
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principalmente, depois da ligação ferroviária, inaugurada em 1864. Deste fluxo de<br />
trocas de idéias frutifica a Questão Coimbrã, movimento em que participavam os mais<br />
renomados intelectuais das letras portuguesas. Jovens discutiam os alemães: Goethe,<br />
Hegel; os franceses: Baudelaire, Balzac, Flaubert. Dentre os portugueses, Herculano<br />
passaria a ser, na influente universidade, um dos poucos mentores respeitados e<br />
discutidos pelos acadêmicos, devido tanto a sua tomada de posição a favor das ideias<br />
revolucionárias como também porque em sua obra estava espelhada estas ideias.<br />
Em 1871, acontece em Lisboa uma reunião de intelectuais, que, junto ao<br />
grupo de Coimbra, passa a aderir às novas ideias advindas das discussões do avanço<br />
científico e do materialismo, levando-as até a população. Esta seria a segunda geração<br />
portuguesa atrelada às ideias naturalistas. A partir desse novo grupo passa-se a divulgar<br />
as “novidades” provenientes do além-fronteira. A maneira que estes intelectuais<br />
encontraram para divulgação de suas ideias foi através de uma série de conferências, nas<br />
quais se debatiam questões culturais, enfrentavam pensamentos considerados<br />
conservadores, tomavam posições de combate ao mostrar as contradições e o mal que<br />
havia nas normas vigentes e como estas impediam Portugal de recobrar seu caminho<br />
como grande nação colonizadora.<br />
Estas conferências, batizadas de “As Conferências do Casino”, pois as<br />
reuniões ocorriam no “Casino Lisboense”, divulgaram um manifesto assinado por<br />
diversos intelectuais, entre eles citamos: Eça de Queiroz, Antero de Quental, Teófilo<br />
Braga etc. Aquelas objetivavam:<br />
abrir debate das novas idéias, visando a transformação social, moral e<br />
política do povo; ligar Portugal a modernidade; adquirir consciência<br />
do que ocorria na Europa; agitar a opinião pública; estudar os<br />
problemas ligados a transformação política, econômica e religiosa da<br />
sociedade portuguesa. (SODRÉ, 1965, p.46)<br />
Além dos cinco itens acima citados, que norteavam a pauta das discussões,<br />
alguns outros também eram analisados, entre eles o catolicismo, o absolutismo e as<br />
questões ligadas às conquistas coloniais. Para os conferencistas, a união do catolicismo<br />
com o absolutismo ceifava o exercício de todas as liberdades; o capital adquirido das<br />
colônias deveria ser empregado no setor produtivo, ou seja, na cultura da terra e no<br />
desenvolvimento industrial e não desvirtuado para pagamento dos altos juros dos<br />
empréstimos contraídos.<br />
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