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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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constante recursividade e influência recíproca, constituindo-se como<br />

faces de uma mesma realidade. (OLIVEIRA, 2004, p.249)<br />

Estas vivências interacionais são construídas através de acordos, esquemas e<br />

relações que geralmente se reproduzem, mas que também podem sofrer alterações em<br />

suas relações de força historicamente instituídas. Estas relações são prescritivas em uma<br />

sociedade, sendo renovadas ou reconstituídas continuamente pelas ações e vivências dos<br />

indivíduos que vão interagindo ao longo da história de um grupo social.<br />

As interações causadas pela vivência agregadas à complexidade das mesmas,<br />

resultante das diversas situações e experiências verificadas ao longo do processo<br />

histórico, tornam possível o surgimento de alterações nos valores adquiridos. No caso<br />

da construção da masculinidade, ou mesmo da noção de “virilidade”, percebe-se que<br />

elas vão surgindo e se recriando através das vivências interacionais entre os indivíduos<br />

dentro de seu espaço-tempo e, “tem sua contrapartida tenebrosa nos medos e nas<br />

angústias que a feminilidade suscita” (BOURDIEU, 2005, p.64). A masculinidade<br />

heterossexual, como lugar simbólico carregado de valores e circunscrito a uma<br />

determinada cultura, fortaleceu o masculino heterossexual como valor supremo na<br />

modernidade.<br />

Assim, a constituição da masculinidade heterossexual propicia ao indivíduo<br />

um status que lhe é fornecido culturalmente devido a sua condição de macho. Oliveira<br />

(2004, p.251) percebe que, para os homens identificados com as noções hegemônicas de<br />

virilidade, adquirida por atavismo cultural foi criado uma “definição auto-justificadora<br />

de sua situação, ao mesmo tempo em que possibilita o estigma aos que não se<br />

posicionam nesse lugar”. Dentro da perspectiva de um modelo masculino hegemônico<br />

em contraste com as outras categorias é que se estruturam as diversas identidades<br />

sociais. Contudo, é bom frisar que estas estruturas não são estanques, mas se modificam<br />

e se realinham numa relação dialética de interesses e conflitos, num processo inacabado<br />

e sujeito a reatualizações tanto no que se refere ao indivíduo como à sua identidade.<br />

As vivências interacionais de masculinidade perpassam a vida do homem<br />

desde sua mais tenra infância até a velhice. A apropriação deste comportamento por<br />

parte da categoria “macho” vem expressar simbolicamente os valores que dão respaldo<br />

à manifestação de sua identidade como o dominador não-marcado.<br />

Assim, o homem sublima sua experiência concentrando-a no<br />

pênis, simbolizado na figura do falo. Através desse processo, a<br />

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