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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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A partir deste raciocínio, podemos vislumbrar, nos diversos campos das<br />

ciências e das artes, as múltiplas interferências que influenciaram esses intelectuais. A<br />

literatura naturalista, que não poderia esta completamente fora deste momento, carrega<br />

em si inúmeras marcas do período. Portugal, sem sua colônia mais rica, passando por<br />

sério desequilíbrio econômico e inquietações políticas e sociais, e o Brasil, tentando<br />

descobrir caminhos jamais percorridos como nação independente. Contudo, ambas as<br />

nações não poderiam, no jogo de múltiplos interesses econômicos, abdicar de buscar<br />

novas parcerias. Neste contexto histórico de transição é que despontam as buscas por<br />

novos paradigmas para estes dois países e, em suas tentativas de alcançar seus objetivos,<br />

é que se descortinam as respectivas diegeses.<br />

Nas análises referentes às homossexualidades masculinas, à mistura das<br />

raças e ao desejo colonial, enquanto forças opostas ao projeto hegemônico branco e<br />

heterossexual que se idealizava para estes países, temos obrigatoriamente que passar<br />

pelo viés dos olhares preconceituosos das teorias cientificistas que determinavam a<br />

pureza das raças e pelo heterocentrismo como sustentáculo dos projetos futuros destas<br />

nações. Estas teorias, que abominavam a homossexualidade, as misturas raciais, entre<br />

tantas outras categorias marginalizadas que desafiavam a norma, pregavam o controle<br />

social e a higienização sexual e racial, tendo como função primeira alijar aqueles que<br />

não se adequavam ao modelo naturalizado como hegemônico. Deste modo, estas<br />

categorias que, por marcas (inclusive genéticas) foram negativizadas, não se adequavam<br />

aos projetos de implantação das democracias brancas e heterossexuais, acabavam sendo<br />

“banidas” e definidas como “estrangeiras”, pois convulsionavam a paz e a harmonia<br />

desejadas pela “ordem e progresso” do positivismo. Contudo, este antagonismo, de<br />

alguma forma, dá destaque tanto a tais categorias marginalizadas em seus papeis como<br />

agentes transgressores como as novas formas de subjetividades. Os matizes<br />

performáticos dos mestiços, dos homossexuais e o lugar social exigido e construído por<br />

esses criam e recriam continuamente novas subjetividades e, por contiguidade, mostram<br />

que os indivíduos, mesmo pedagogicamente educados, melhor dizendo adestrados, para<br />

serem objetos perpetuadores e repetidores de determinada cultura – pelo determinismo<br />

cultural – podem, como atores e reprodutores das ideologias reinantes, reiventarem-se,<br />

através de novas traduções que vão surgindo dentro das tradições. Assim, a<br />

homossexualidades e a mistura das raças nas narrativas servem também como fontes de<br />

manifestação dos espaços de diferentes subjetividades, mesmo que os narradores,<br />

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