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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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Conforme Schwarcz (1993), do evolucionismo social advêm duas escolas<br />

deterministas: a geográfica e a racial. A geográfica defendia que, através de análises do<br />

clima e do solo, poderíamos chegar, inequivocamente, ao potencial civilizatório de um<br />

grupo. Já a escola racial, que seria chamada de teoria das raças ou darwinismo social,<br />

defendia que essas constituem, já em si, fenômenos finais e que o cruzamento entre elas,<br />

hibridismo, seria um erro. Deste raciocínio, a mistura das raças acarretaria a<br />

degeneração racial e social. É a partir dessa visão que surge a defesa da eugenia, que<br />

buscava o aprimoramento da raça humana como um todo através da destacada<br />

reprodução das raças ou grupos étnicos “ditos” puros. Segundo essa teoria, o<br />

aprimoramento humano se dava através da hereditariedade e não através da educação.<br />

Assim, a eugenia torna-se, a partir da quarta parte do século XIX, marca de um<br />

movimento científico e social fortíssimo, com diversas aplicabilidades. Como discurso<br />

científico, ela regulava os nascimentos, que deveriam passar pela censura da questão da<br />

hereditariedade; como movimento social, estimulava casamentos dentro de grupos<br />

raciais fechados ou mais homogêneos para que acontecesse uma suposta purificação<br />

racial.<br />

O que se pode deduzir é que a eugenia defendia que o desenvolvimento<br />

social e econômico viria com o aprimoramento da raça, através da “higienização racial”.<br />

Portanto, as qualidades inerentes ao homem adviriam das raças brancas “puras” que se<br />

encaminhavam, através da evolução, para o que se alcunharia de “civilização”. Negros,<br />

amarelos, índios e miscigenados eram concebidos como raças não puras (híbridas) e não<br />

perfeitas, tidas como inferiores e incapazes de progredir. “A radicalidade dessa<br />

concepção chegava à própria negação do darwinismo, na medida em que duvidava não<br />

só de uma origem comum dos homens como da possibilidade de prever um destino<br />

conciliável” (SCHWARCZ, 1993, p.62-63). Pretendia-se, assim, confirmar que a<br />

chegada ao estado de civilização era somente acessível aos brancos ou pelos brancos<br />

142<br />

Naturalizar as diferenças significou, nesse momento, o<br />

estabelecimento de correlações rígidas entre características físicas e<br />

atributos morais. Em meio a esse projeto grandioso, que pretendia<br />

retirar a diversidade humana do reino incerto da cultura para<br />

localizá-la na moradia segura da ciência determinista do século XIX,<br />

pouco sobrava para o arbítrio do indivíduo. (SCHWARCZ, 1993,<br />

p.65)

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