ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...
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Percebe-se, portanto, que a novidade que se apresentava no cerne de tais<br />
discussões era o fato de que as duas correntes incorporavam em si o paradigma<br />
evolucionista darwinista e, ao mesmo tempo, traziam à baila questionamentos<br />
concernentes ao campo político-social.<br />
Dessa forma, a partir das idéias de Darwin, os mais diversos campos das<br />
Ciências Linguísticas, da Pedagogia, da Psicologia passam a utilizar suas teorias para<br />
analisar o comportamento das sociedades humanas. Conceitos muito utilizados por<br />
Darwin tais como os de evolução, seleção natural, hereditariedade passam a ser<br />
adotados por diferentes teóricos em seus respectivos campos de conhecimento ao longo<br />
do período.<br />
Nesta época os debates no campo político e social foram deveras profusos.<br />
No político, os debates alicerçaram-se numa linha muito conservadora, já que o<br />
darwinismo foi utilizado para explicar e justificar o domínio imperialista da Europa<br />
“civilizada” sobre suas colônias em diversas partes do globo terrestre. No social, é<br />
ressuscitada a teoria poligenista da seleção natural e a questão da mestiçagem. Segundo<br />
a nova versão poligenista, o hibridismo humano deveria ser evitado, já que o mestiço<br />
herdaria sempre o pior das raças cruzadas. Deste modo, a mistura levaria à deterioração<br />
da raça e, portanto, à degeneração social e traria o caos à civilização. Apesar de<br />
sabermos hoje que as discussões sobre raça devem levar em conta sua construção social,<br />
à época esta deve ser entendida como critério biológico modelado dentro de uma<br />
organização social baseada na diferenciação dos indivíduos devido a caracteres físicos<br />
hereditários. Deste conceito surge outro no mundo europeu branco, nomeado de<br />
“racismo”, que frequentemente implica a crença na supremacia da raça branca sobre<br />
todas as outras por questões políticas, sociais, culturais e econômicas. Todos esses dois<br />
conceitos serviam, sem dúvida, para respaldar o projeto de rapinagem do domínio<br />
colonial branco-europeu de dominação. Vejamos a denuncia de CONRAD (2011, p.13)<br />
sobre os colonizadores:<br />
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eles se apoderavam do que conseguiam tomar, apenas pelo fato de<br />
estar ali para ser tomado. Tudo era apenas roubo com violência,<br />
agravado pelos assassinatos em larga escala, (...). A conquista da<br />
terra, que na maioria das vezes significa tomá-la daqueles que<br />
possuem um aspecto diferente ou narizes mais achatados que os<br />
nossos (...).