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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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Quando os primeiros trabalhos do naturalismo português começaram a<br />

surgir, como sempre acontece com o novo que surge, despontaram diversas oposições<br />

críticas. A primeira delas afirmava que esta escola não apresentava nenhuma proposta<br />

nova, pois o Realismo em que ela se baseava já era visto há muito tempo na literatura; a<br />

segunda crítica negativa era de que o Naturalismo adorava escândalos e explorava o<br />

escabroso para chamar atenção para si, e que este tema também não era novo, pois as<br />

questões ligadas à moralidade, na literatura, já eram tema por demais debatido; a<br />

terceira estava ligada à questão patriótica, pois Eça criticava a adoração à grandeza do<br />

glorioso passado português. Seus opositores criticavam-no alcunhando-o de<br />

“impatriota”. Estas críticas encontravam muitos aliados, entre os intelectuais<br />

portugueses que estavam atrelados à tradição. Entre estes havia muitos que defendiam<br />

que o Naturalismo estava tentando desmoralizar as famílias portuguesas, justamente em<br />

suas tradições e “nenhum povo, e mais um povo de tantos séculos de vida comum e tão<br />

prodigioso destino, pode viver em harmonia consigo mesmo sem uma imagem ideal de<br />

si mesmo.” (LOURENÇO, 2007, p.51).<br />

Segundo a crítica literária, o Naturalismo português pode ser dividido em<br />

fases: na primeira o Naturalismo que, no campo da política, apoia-se em Victor Hugo,<br />

em Proudhon e em Taine, e no qual reinam absolutas as influências de Flaubert e<br />

Balzac. Nesta, as preponderâncias externas foram adaptadas às questões políticas,<br />

sociais e econômicas internas portuguesas, já que Portugal vivia um momento histórico-<br />

desenvolvimentista em descompasso com a Europa mais industrializada. As obras<br />

naturalistas desta fase espelham os problemas da pequena burguesia portuguesa<br />

ascendente, fazendo com que os romances seguissem regras (romance de tese). Assim<br />

“a literatura tornava-se um “auxiliar poderoso da ciência revolucionária”, conforme Eça<br />

proclamaria” (SODRÉ, 1965, p. 53). Esta fase estava diretamente ligada aos assuntos<br />

debatidos tanto pela Questão Coimbrã como pelas Conferências do Casino; a segunda<br />

fase, na qual esta incluído Abel Botelho, recebe substancialmente a influência de Zola.<br />

É nesta que começam a aparecer as “imitações ortodoxas” (SODRÉ, 1965, p.61). Este<br />

grupo de escritores seguia a cartilha das questões ligadas à combatividade, as teorias<br />

científicas de patologia e hereditariedade. A primeira fase, segundo alguns críticos, seria<br />

superior a segunda, pois aquela seguia menos o cânone importado. O Barão de Lavos,<br />

um dos romances objetos de nossa análise, pertenceu à segunda geração e Botelho,<br />

segundo Sodré foi “o último dos naturalistas lusos, na ordenação cronológica, mas não<br />

em importância.” (SODRÉ, 1965, p.59).<br />

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