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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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Estes modelos deterministas do século XIX tornaram-se extremamente<br />

populares no Brasil e em Portugal, dando ensejo que fossem manifestados em diversos<br />

campos da ciência, da política e das artes. Contudo, apesar da questão da aplicabilidade<br />

deste modelo racial servir como explicação para a diferença e hierarquização social, não<br />

houve nas terras brasileiras, apesar de todo trabalho político de vinda de emigrantes<br />

brancos para embranquecer a raça brasileira, impedimentos “legais” que pudessem<br />

embargar o surgimento por aqui de uma nação mestiça.<br />

Em Portugal, a questão da miscigenação estava atrelada, como vemos na<br />

narrativa botelhiana, à decadência da monarquia portuguesa, que em sua cadeia<br />

genealógica sofrera diversas misturas de sangue bastardo, chegando a um ponto em que<br />

não havia como reverter o dito processo degenerativo de seus descendentes<br />

comprometendo, assim, o futuro da nação. No romance português, pode-se divisar esta<br />

questão, justamente aplicada ao personagem-título nas duas citações escolhidas entre<br />

tantas: “desta romanesca mancebia porejou um filho, que vinha a ser o sexto avô do<br />

nosso barão de Lavos. O atavismo fez explodir neste com rábida energia todos os vícios<br />

constitucionais que bacilavam no sangue da sua raça, exagerados numa confluência de<br />

seis gerações de envolta com instintos doidos...” (BL, 26). Neste romance, o narrador se<br />

apoia na ciência para demonstrar que o grande império português sucumbira devido às<br />

misturas de sangue, por parte de sua classe de nobres dirigentes. A bastardia do barão e<br />

seus atos degenerados servem de metáfora para mostrar que Portugal precisava destituir<br />

urgentemente a monarquia por uma nova forma de governo a fim de salvar o orgulho da<br />

nação e instituir novamente a autoestima no sangue do povo português.<br />

3.2 Entraves e ranços: homossexualidades, hibridismo e cobiça colonial<br />

As discussões sobre mistura racial e das homossexualidades sob o ponto de<br />

vista da cobiça colonial, que estavam, em seu início, associadas à biologia, mesmo que<br />

já apresentassem diferentes níveis de conotações e interesses pontuais, se avolumam a<br />

partir do século XIX, e florescem durante o século XX e começo do XXI, ganhando<br />

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