10.10.2013 Views

ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pelos fatos apresentados, extraídos do pensamento zolista, nos parágrafos<br />

anteriores podemos observar que o Naturalismo, ao denunciar os abusos do capital<br />

industrial, engajava-se seriamente no auxílio interpretativo dos acontecimentos<br />

históricos e nas lutas sociais dos últimos decênios do século XIX. Com o despertar da<br />

conscientização e posteriores reivindicações da classe operária no último quartel do<br />

Oitocentos, Zola volta-se para a questão dos mineiros, percorrendo regiões a fim de<br />

conhecer de perto a situação. Desta coleta de dados, escreve Germinal. Como aponta<br />

SODRÉ (1965, p.36), “O Naturalismo foi produto específico de sua época e, de certo<br />

modo, retratou-a: surgiu entre ele e o meio uma relação dialética, como em todos os<br />

fenômenos de fora da qual seu julgamento é uma deformação grosseira”.<br />

Esta escola atingiu seu zênite no último quatriênio do século XIX, quando a<br />

acumulação capitalista auferiu aos países centrais da Europa um grande<br />

desenvolvimento industrial impulsionado pelas riquezas adquiridas em função do<br />

colonialismo. Por esse motivo, os “romances mais típicos do naturalismo são marcados<br />

pela civilização que a burguesia construiu no enquadramento das cidades e trazem na<br />

sua estrutura o próprio ritmo da sucessão temporal” (CANDIDO, 2004, p.81). Assim<br />

sendo, a representação de diversas classes sociais nos romances naturalistas são<br />

pontuais reflexões sobre o período; entretanto, essa representação era apenas parte da<br />

ampla rede de possibilidades e inovações estético-científica que se apresentavam<br />

perante o homem finissecular. Deste modo, poderíamos dizer que, em certo sentido,<br />

pressupunha a inserção da literatura – ora utilizando-se da ciência, ora situando-se em<br />

contraste com esta - nos debates e nas grandes transformações estéticas, sociais, técnicas<br />

que aconteciam naquele período histórico. Estas mudanças foram alicerçadas pelo<br />

capitalismo industrial imperialista em franco desenvolvimento e, pela riqueza adquirida<br />

pelos países hegemônicos “graças” à apropriação indébita exercida sobre as economias<br />

coloniais.<br />

No que se refere às diferentes configurações das masculinidades dentro do<br />

romance naturalista e a consequente patologização da homossexualidade como<br />

masculinidade negativamente marcada, podemos observar duas vertentes teóricas que,<br />

de certa maneira, se opõem e se completam. A primeira pode ser analisada como aquela<br />

em que o narrador, ligado às teorias essencialistas, vem confirmar a execração da<br />

prática homogenital por esta ser concebida como antinatural. Na segunda das vertentes<br />

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!