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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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mais alto da escala hierárquica, coloca a homossexualidade, justamente, no oposto.<br />

Deste modo, ao reagir contra estes privilégios adquiridos culturalmente pelo<br />

heterossexual, o homossexual transgride o cânone do patriarcalismo ocidental e, por<br />

conseguinte, passa a receber constantes insultos, difamações e injúrias reproduzidas por<br />

transgredir o “normalizado”.<br />

Epítetos político, histórico e socialmente difamadores foram naturalizados e<br />

introduzidos no cotidiano do homossexual, fazendo com que o agir dos praticantes das<br />

masculinidades estigmatizadas negativamente passassem a ser delineados por essa gama<br />

de preconceitos que os transformaram em categorias rejeitadas. Vemos, deste modo,<br />

que o inconsciente do homossexual, ao ser formado dentro das leis da linguagem que<br />

reflete a heterossexualidade como base hegemônica de toda organização política, social,<br />

histórica e cultural do pensamento ocidental, é obrigado a romper com essas tradições<br />

para que possa impor-se como sujeito. Na verdade, o desassujeitamento dessas normas<br />

aumentará, através dos jogos sexuais, as oportunidades das relações sócio-afetivas e<br />

sexuais no âmbito da homogenitalidade.<br />

A homossexualidade é uma oportunidade histórica de reabrir<br />

virtualidades relacionais e afetivas, não tanto pelas qualidades<br />

intrínsecas do homossexual, mas porque a posição deste, de certo<br />

modo “inviesada”, as linhas diagonais que ele pode traçar no tecido<br />

social, permite revelar essas virtualidades. É na invenção de um<br />

“sistema relacional” como este que se deve buscar a possibilidade de<br />

reiventar a si mesmo e de escapar à sujeição pelas normas sociais<br />

(FOUCAULT, apud. ERIBON, 2008, 374).<br />

Deste modo, a homossexualidade, apesar de constituída dentro dos ditames<br />

da heteronormatividade, a problematiza, pois mostra que ela não é nem única nem tem o<br />

monopólio do desejo sexual. As diversas formas do desejo sexual, em busca do objeto<br />

do prazer que perpassam pelos corpos e suas variadas formas de manifestações dentro<br />

da sociedade, abrem espaços para uma sociedade mais pluridemocrática dentro de uma<br />

perspectiva relacional afetivo-sexual. Deste modo, trabalhando dentro da ótica<br />

construtivista, compreendemos que, se o heterossexualismo dominante é construído<br />

historicamente, até pode ser também desconstruído, dando espaço, assim, não só aos<br />

injuriados sexualmente a possibilidade de exercerem suas sexualidades, mas também de<br />

outras categorias marginalizadas reivindicarem sua autodeterminação nos mais variados<br />

campos em que se tecem as relações sociais.<br />

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