ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...
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conhecemos nas sociedades cristãs ocidentais. Os diversos papeis sexuais, como algo<br />
integrante da completude da sexualidade humana era, portanto, naturalmente aceita.<br />
Vale considerar que as práticas sexuais entre homens foram tratadas de<br />
diferentes formas ao longo da história e em diferentes culturas. Na Antiguidade<br />
Clássica, as relações homogenitais ocorriam, através da “pedagogia homossexual” e da<br />
prostituição, contudo diversas regras haviam de ser respeitadas. A pedagogia<br />
homossexual consistia no aprender questões ligadas à virilidade, através da prática<br />
sexual entre iguais. A prostituição era oficialmente proibida aos cidadãos gregos e “os<br />
prostitutos masculinos que exerciam a sua atividade em bordeis e pagavam as taxas<br />
impostas sobre a sua profissão eram, supostamente, em sua maioria estrangeiros”<br />
(DOVER, 1994, p.52). Os homens livres podiam praticar a pederastia com os efebos<br />
(jovens adolescentes), desde que aqueles assumissem um papel ativo, já que para o<br />
padrão exigido para sexualidade de então, ser passivo era se humilhar. Assim, assumir<br />
tal posição era não permitido legalmente a um cidadão grego. Os gregos que permitiam<br />
ser penetrados, se descobertos, perdiam todos os direitos que a cidadania lhes auferia,<br />
passando, assim, a ser considerados como estrangeiros ou colocados no mesmo patamar<br />
das mulheres. O sexo praticado na Grécia antiga, entre erástes e erômenos era o<br />
intercrural. Este atavismo cultural, herdado do patriarcalismo, chega a nós, colocando o<br />
exercício da passividade como algo que acarreta desgraça moral ao seu praticante.<br />
Segundo Friedman, “um homem que consentiria a si mesmo a experiência de uma<br />
mulher era considerado um cinadeus, termo emprestado do grego que significa homem<br />
que tinha prazer com tais humilhações” (FRIEDMAN, 2002, p.29-30).<br />
Frisamos aqui que não se via, naquele período, uma heterossexualidade se<br />
opondo à homossexualidade, o ponto crucial da questão estava no desempenho dos<br />
papeis sexuais.<br />
Mas quando os varões gregos da mesma classe social faziam amor<br />
se colocava um autêntico problema, uma vez que nenhum deles<br />
queria se humilhar perante o outro (...). Na atualidade esse problema<br />
continua ocorrendo entre os homossexuais. A maioria acha que o<br />
papel passivo é, em certa medida, humilhante. Na verdade, as<br />
relações Amo-Escravo vieram atenuar um pouco esse problema.<br />
(FOUCAULT, 2005, p.37)<br />
Em Roma, seria também indigno para um cidadão ser sexualmente passivo,<br />
pois isto estava vinculado a uma posição servil. Aqueles que exerciam os papeis de<br />
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