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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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entende-se que o intercâmbio sexual e cultural seria um esteio, através do qual os povos<br />

brancos ajudariam os não-brancos a subirem os degraus que os separavam da<br />

civilização. O contato com o europeu era, segundo este ponto de vista, o abrir de portas<br />

para entrada da civilização. Por isso, o homem branco, poderoso e valorizado, deve ser<br />

também senhor nas colônias, já que, através de sua influência, os povos não-brancos:<br />

negros, índios e asiáticos podem ser redimidos e resgatados da selvageria. Esta redenção<br />

dos povos não-brancos se daria pela assimilação dos valores advindos da cultura<br />

europeia e, por conseguinte, pela sombreamento das culturas que diferem desta. “Este<br />

fenômeno de assimilação foi muito bem captado por Frantz Fanon ao criar a metáfora<br />

das ‘máscaras brancas’, referindo-se aqueles homens de ‘pele negra’ que acreditam que,<br />

para ascender, devem identificar-se com o branco, assumindo todos os elementos de sua<br />

cultura” (BERND, 1987, p.24-25).<br />

Outros teóricos discutiram ainda teses sobre as raças, mas entre eles há uma<br />

clara identificação quando defendem a ligação existente entre a civilização branca e seu<br />

desenvolvimento material com o elemento branco, masculino, e colonizador, e a vida<br />

cultural com o feminino, o negro, o amarelo. Gobineau, por exemplo, afirma “que as<br />

nações masculinas procuram o bem estar material; as nações femininas entregam-se<br />

mais às necessidades de imaginação” (GOBINEAU apud YOUNG, 2005, p.136).<br />

Tomando o sujeito branco, colonizador e masculino como superior, este teórico deixa<br />

clara sua posição, já que, ao considerar o progresso material masculino como superior e<br />

a cultura dos outros povos como feminina e inferior, está desenvolvendo um raciocínio<br />

duplamente discriminatório, ou seja, tanto no âmbito da raça quanto do gênero. Assim,<br />

Gobineau tanto justifica o domínio dos brancos sobre os outros sujeitos não-brancos<br />

como também, se necessário, os feminiza, o que seria, nada mais, que a inferiorização<br />

pelo viés do olhar patriarcal. Para ser senhor, com poder econômico e de decisão, era<br />

preciso ser homem branco e assumir posturas dominadoras. Nesse sentido, Gobineau<br />

(s/d) masculiniza o branco colonizador, tornando marca de tudo que for ativo, e<br />

feminiza os outros povos, tornando-os passivos. Assim, os processos de colonização<br />

seriam representados por uma relação bastante semelhante aquela que ocorre entre um<br />

homem e uma mulher dentro das sociedades patriarcais.<br />

Ao mostrar o branco colonizador como o senhor masculino e as raças<br />

colonizadas como femininas, tal teoria nos faz conjecturar que a atração sexual entre<br />

raças diferentes seria a base tanto da queda como do surgimento de civilizações, pois<br />

somente dessa forma uma civilização sucederia a outra. O erotismo que brota dessa<br />

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