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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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Outra grande influência que deve obrigatoriamente ser citada é a francesa,<br />

atrelada ao zolismo. “É dizer, por fim, que esse vínculo formado, em função do livro-<br />

mercadoria – primeiro entre França e Portugal, e, depois, entre Portugal e Brasil –<br />

motivou o contato de obras e autores até então isolados em seu contexto.” (EL FAR,<br />

2004, p.65). Por esse motivo, entre os autores brasileiros da escola naturalista existem<br />

os que seguem o zolismo, os que recebem influência do queirozismo e alguns outros<br />

que caminham lado a lado com os dois. São mais raros, contudo, os que receberam uma<br />

dupla influência.<br />

Dentre os portugueses, Eça foi aquele que mais inspirou nossos escritores.<br />

Esse não seguia a linha do naturalista baseada no fisiológico, mas preferia obedecer à<br />

filosofia de Taine, na qual o meio era o agente que moldava o agir de seus personagens.<br />

Um crítico esquecido, e injustamente, Aderbal de Carvalho afirmou<br />

que O Primo Basílio caíra “em nosso meio literário como uma<br />

verdadeira bomba de dinamite, fazendo o estrondo mais forte de que<br />

há notícias nos nossos meios literários, escandalizando a pacata<br />

burguesia, ofendendo a pudicícia dos nossos mamutes intelectuais,<br />

na nossa arqueológica literatura. (SODRÉ, 1965, p.127)<br />

Abel Botelho, apesar de sua pequena influência no Naturalismo em terra<br />

brasilis, deve ter sido lido por Caminha, podendo ter influenciado a elaboração do Bom-<br />

Crioulo, já que esse o cita quando sai em defesa do seu romance, tratado como imoral<br />

pela crítica literária brasileira, justamente, por abordar a questão da homossexualidade<br />

sem que fosse preciso disfarçá-la.<br />

Historicamente, o Naturalismo surge no Brasil no período em que também<br />

ocorreram a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Essa foi uma época<br />

de certo avanço da burguesia brasileira, protagonizada pela entrada de capital oriundo<br />

da exportação do café, de uma atenuada urbanização, principalmente no Sudeste e da<br />

criação de inúmeros periódicos, anúncios, revistas e panfletos, os quais “foram pródigos<br />

em informações sobre tais mundos urbanos” (MOREIRA, 2006, p.25). No Rio de<br />

Janeiro, a burguesia urbana desenvolvia-se e, com ela, o cientificismo passou a dominar<br />

a intelectualidade brasileira. Esse cientificismo, aliado às idéias positivistas que<br />

preconizavam a República, constituía a base do pensamento dos intelectuais brasileiros.<br />

Em 1881, em São Luis do Maranhão é lançado O Mulato de Aluízio de<br />

Azevedo, considerado por vários críticos como o marco inicial do Naturalismo no<br />

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