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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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humano” (YOUNG, 2005, p.8). No segundo quinquenio do século XX, se percebe que,<br />

com as teorias associadas ao multiculturalismo, o termo passa a estar relacionado a<br />

questões culturais, dissolvendo, assim, os laços que associavam o hibridismo com as<br />

questões raciais. Deste modo, observamos que o hibridismo, que antes estava associado<br />

com os fatores fisiológicos e raciais no século XIX, passa por mudanças e é inserido no<br />

universo semântico das discussões culturais no último século do segundo milênio.<br />

Um similar debate teórico na época defendia que havia seres humanos de<br />

diversas espécies e, que não éramos todos pertencentes ao mesmo grupo humano, ou<br />

seja, não fazíamos parte de uma mesma espécie e que as diversas raças formavam<br />

subgrupos humanos. Por este motivo não era recomendada, segundo alguns teóricos da<br />

época, a hibridação, pois, ao se misturarem as raças, seres fracos e degenerados seriam<br />

produzidos ou, até mesmo seres inférteis poderiam ser gerados. Deste modo, fica<br />

patenteado que neste ponto de vista do europeu branco, respaldado pela ciência, estava<br />

mascarado interesses políticos associados à vigilância do intercurso sexual interrracial.<br />

Na verdade, estas questões estavam diretamente ligadas ao desejo sexual dos<br />

colonizadores em relação aos colonizados. Estes deveriam ser controlados para que não<br />

houvesse a multiplicação de indivíduos híbridos, ocasionando um posterior “prejuízo”<br />

à civilização branca.<br />

146<br />

Muitas vezes se sugeriu haver vínculos intrínsecos entre racismo e<br />

sexualidade. O que não se enfatizou é que nos debates em torno de<br />

teorias sobre raça no século XIX, que se dedicaram à verificação da<br />

possibilidade ou impossibilidade do hibridismo, se concentraram<br />

explicitamente no problema da sexualidade e na questão de uniões<br />

sexuais entre brancos e negros. Teorias sobre raça eram, portanto,<br />

teoria sobre o desejo dissimuladas. (YOUNG, 2005, p.11)<br />

Portanto, vemos que o hibridismo além de estar associado à organização de<br />

classe e de trabalho em que estava alicerçado o modus vivendi colonial, incluía também<br />

a questão de raça e gênero, pois em seu bojo estavam embutidas questões da<br />

perpetuação da pureza e superioridade da raça branca. Devido a esta contiguidade,<br />

podemos incluir, na discussão sobre o hibridismo, as questões sobre as<br />

problematizações referentes ao “desejo” colonial que transita entre as diversas raças e<br />

gênero.

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