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ENTRE SILÊNCIOS, NÓDOAS E COBIÇA - CCHLA - Universidade ...

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Dentro deste raciocínio, adentramos a discussão de como a mistura racial –<br />

hibridismo - está inserida em O Barão de Lavos e em Bom-Crioulo, já que, como afirma<br />

Young, (2005, p.33): “não há um conceito correto de hibridismo, ou apenas um; ele<br />

muda conforme se repete, mas também se repete conforme muda”. Assim sendo, pelas<br />

vozes dos dois narradores que se utilizavam do hibridismo, atrelado ao desejo sexual, de<br />

acordo com seus interesses políticos, discutiremos estas questões que passam pela<br />

exclusão do outro, apoiados tanto pela biologia como pela diferenciação social dentro<br />

da perspectiva do Naturalismo.<br />

3.3 A homossexualidade, raça e os vínculos com a dominação colonial<br />

153<br />

Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força<br />

para a escravidão, vingaram-se do português de<br />

maneira mais terrível – amulatando-o. (Monteiro<br />

Lobato)<br />

Em primeiro lugar, dentro deste item, gostaríamos de apontar que faremos<br />

distinção entre raça e etnia, e o porquê de nossa preferência pela utilização de um termo<br />

em detrimento do outro ao longo de nossa análise de Bom-Crioulo. “Raça - é entendida<br />

como critério biológico de organização social assente na distinção dos indivíduos em<br />

função de um conjunto de caracteres físicos hereditários” e “Racismo – como crença na<br />

desigualdade das “raças” humanas, justificativa do predomínio político, econômico,<br />

social e cultural de uma em relação à outra” (PANNOF; PERRIN, s/d, p.149-150). Já<br />

“etnia” seria a autoconsciência das distâncias culturais entre determinados grupos,<br />

sendo marcada pela língua, pela cultura, pelos hábitos de um povo. Deste modo, vemos<br />

que tanto etnia quanto raça são de fato elaborações culturais e que as ligações entre elas<br />

acabaram por torná-las interdependentes. A nossa escolha por utilizar o termo “raça”<br />

deve-se ao fato de este vocábulo estar diretamente ligado ao racismo científico de<br />

Gobineau (s/d) do século XIX, que postulava a inferioridade intelectual permanente e<br />

inata dos povos não-brancos como justificativa para a colonização.

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