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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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100<strong>do</strong>nde ven<strong>do</strong> o vagar e t<strong>em</strong>or, com <strong>que</strong> iam, <strong>se</strong> adiantou, e <strong>em</strong>braçan<strong>do</strong> a adarga, e a espada na mão<strong>se</strong> partiu para a cerca, dizen<strong>do</strong> «Siga-me qu<strong>em</strong> qui<strong>se</strong>r, e qu<strong>em</strong> não qui<strong>se</strong>r fi<strong>que</strong>, <strong>que</strong> eu só basto »,com o <strong>que</strong> tomaram to<strong>do</strong>s os mais tanto ânimo, <strong>que</strong> s<strong>em</strong> mais esperar, cometeram a cerca, e aentraram, matan<strong>do</strong>, e cativan<strong>do</strong> muitos <strong>do</strong>s inimigos s<strong>em</strong> da nossa gente perigar pessoa, posto <strong>que</strong>foram muitos flecha<strong>do</strong>s, particularmente uns moços naturais de Itamaracá, <strong>que</strong> entraram <strong>primeiro</strong>com alguns negros pela parte <strong>do</strong> mato, <strong>do</strong>nde a cerca era fraca, e feita de ramos, e esta foi também acausa de <strong>se</strong> alcançar a vitória com tanta facilidade, por<strong>que</strong> andan<strong>do</strong> os de dentro trava<strong>do</strong>s com estes,e deverti<strong>do</strong>s, não tiveram tanto encontro aos mais, <strong>que</strong> abalroaram pelas outras partes.Nesta cerca <strong>se</strong> detiveram três dias, curan<strong>do</strong> os feri<strong>do</strong>s, na qual acharam muitos mantimentosde farinha, e legumes, e muitas armas, arcos, flechas, e rodelas, e algumas espadas francesas, earcabuzes, <strong>que</strong> deixaram 15 france<strong>se</strong>s, <strong>que</strong> de dentro fugiram.Ao quarto dia pela manhã, <strong>se</strong> partiram para a praia, e caminharam por ela até a baía daTraição, <strong>do</strong>nde tornaram a tomar o caminho por dentro da terra até a Paraíba s<strong>em</strong> achar<strong>em</strong> encontroalgum de inimigos, <strong>que</strong> achá-lo, <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> o ânimo, <strong>que</strong> levavam da vitória passada, nenhum lhepudera resistir.Chega<strong>do</strong>s à Paraíba <strong>se</strong> apo<strong>se</strong>ntou o capitão Pero Lopes Lobo na aldeia <strong>do</strong> As<strong>se</strong>nto com osnossos frades, <strong>do</strong>nde ele, e eles trataram de fazer amigo o governa<strong>do</strong>r Frutuoso Barbosa, com d.Pero de la Cueva, e enfim os fizeram abraçar, mas in<strong>do</strong>-<strong>se</strong> Pero Lopes à sua capitania de Itamaracáos ódios, e diferenças foram por diante, e pelo con<strong>se</strong>guinte a guerra <strong>do</strong>s Potiguares, s<strong>em</strong> haver qu<strong>em</strong>os reprimis<strong>se</strong>, até <strong>que</strong> el-rei man<strong>do</strong>u ir a d. Pedro para o reino, e Frutuoso Barbosa <strong>se</strong> foi por suavontade, e posto <strong>que</strong> <strong>em</strong> <strong>se</strong>u lugar ficou André de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, estavam as coisas <strong>em</strong> tal esta<strong>do</strong>,<strong>que</strong> não pôde r<strong>em</strong>ediá-las es<strong>se</strong> pouco t<strong>em</strong>po <strong>que</strong> <strong>se</strong>rviu o cargo.CAPÍTULO VIGÉSIMO TERCEIROComo Francisco Giraldes vinha por governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil, e por não chegar, e morrer,veio d. Francisco de Souza, <strong>que</strong> foi o sétimo governa<strong>do</strong>rSaben<strong>do</strong> Sua Majestade da morte <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r Manuel Teles Barreto, man<strong>do</strong>u <strong>em</strong> <strong>se</strong>ulugar Francisco Giraldes, filho de Lucas Giraldes, <strong>que</strong> no <strong>livro</strong> <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> capítulo <strong>se</strong>xto diss<strong>em</strong>os <strong>se</strong>r<strong>se</strong>nhor <strong>do</strong>s Ilhéus, e <strong>se</strong> chegara ao Brasil alguma coisa importara ao b<strong>em</strong> da<strong>que</strong>la capitania, mas pord<strong>em</strong>andar a costa mais ce<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>que</strong> convinha, e as águas da Paraíba para trás correr<strong>em</strong> muito paraas Antilhas, arribou a elas, e delas tornou para o reino, onde morreu s<strong>em</strong> entrar neste governo; comele vinha casa da relação, <strong>que</strong> era para o Brasil coisa nova na<strong>que</strong>le t<strong>em</strong>po, mas também quis Deus<strong>que</strong> não chegass<strong>em</strong> <strong>se</strong>não quatro ou cinco des<strong>em</strong>barga<strong>do</strong>res, <strong>que</strong> vinham <strong>em</strong> outros navios, <strong>do</strong>squais um <strong>se</strong>rviu de ouvi<strong>do</strong>r-geral, outro de prove<strong>do</strong>r-mor <strong>do</strong>s defuntos, e au<strong>se</strong>ntes, e por não vir ochanceler, e mais colegas, <strong>se</strong> não armou o tribunal, n<strong>em</strong> el-rei <strong>se</strong> curou então disso, <strong>se</strong>não só d<strong>em</strong>andar governa<strong>do</strong>r, <strong>que</strong> foi d. Francisco de Souza, o qual chegou no ano de mil quinhentos enoventa, <strong>em</strong> <strong>do</strong>mingo da Santíssima Trindade, e com ele veio por inquisi<strong>do</strong>r ou visita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> santoofício Heitor Furta<strong>do</strong> de Men<strong>do</strong>nça, <strong>que</strong> chegou mui enfermo com toda a mais gente da nau, excetoo governa<strong>do</strong>r, <strong>que</strong> os veio curan<strong>do</strong>, e proven<strong>do</strong> <strong>do</strong> necessário, mas depois <strong>que</strong> des<strong>em</strong>barcou, e foirecebi<strong>do</strong> com as cerimônias costumadas a<strong>do</strong>eceu, e <strong>se</strong> foi curar ao Colégio <strong>do</strong>s Padres daCompanhia, onde haven<strong>do</strong> chega<strong>do</strong> ao último da vida, lhe quis Deus fazer mercê dela, e a primeirasaída <strong>que</strong> fez, ainda mal convaleci<strong>do</strong>, foi para assistir <strong>em</strong> o <strong>primeiro</strong> ato da Fé, <strong>em</strong> <strong>que</strong> o visita<strong>do</strong>r,<strong>que</strong> já estava são, publicava na Sé suas patentes, e concedia t<strong>em</strong>po de graça, e neste chegou umacaravela de Lisboa, <strong>que</strong> trouxe cartas ao governa<strong>do</strong>r da morte de sua mulher, com o <strong>que</strong> ele <strong>se</strong>resolveu <strong>em</strong> não tornar ao reino, mas ficar cá até à morte, e assim o publicava, n<strong>em</strong> o dizia

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