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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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151como os trazia <strong>do</strong> Santo Ofício para rever e qualificar os <strong>livro</strong>s, o <strong>que</strong> tu<strong>do</strong> era mui necessáriona<strong>que</strong>las partes.Partiram <strong>do</strong> Recife a 12 de julho de 1624, e aportaram aos dezoito <strong>do</strong> mês na en<strong>se</strong>ada deMocaripe, três léguas <strong>do</strong> Ceará, <strong>do</strong>nde os veio buscar o capitão-mor Martim Soares Moreno para oforte, <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> detiveram 15 dias, sacramentan<strong>do</strong> os brancos, e <strong>do</strong>utrinan<strong>do</strong> os índios de duasaldeias, <strong>que</strong> ali estavam, com os quais o custódio deixou <strong>do</strong>is religiosos, por re<strong>que</strong>rimento, <strong>que</strong> ocapitão lhe fez, para quietação <strong>do</strong>s índios, <strong>que</strong> com esperanças de alcançá-los os haviam até alisustenta<strong>do</strong>.Os mais chegaram ao Maranhão <strong>em</strong> <strong>se</strong>is de agosto, onde começaram a edificar uma casa, eigreja de taipa, <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> dis<strong>se</strong> a primeira missa no ano <strong>se</strong>guinte dia de Nossa Senhora dasCandeias, ajudan<strong>do</strong> Deus a obra como sua com algumas maravilhas, e milagres notáveis; um foi<strong>que</strong> dizen<strong>do</strong> os pedreiros <strong>que</strong> para <strong>se</strong> rebocar<strong>em</strong> as paredes eram necessárias 60 pipas de cal, e nãohaven<strong>do</strong> mais <strong>que</strong> 25 com elas <strong>se</strong> rebocaram, e sobejaram ainda 17 pipas, não s<strong>em</strong> grandeadmiração <strong>do</strong>s oficiais, <strong>que</strong> com juramento afirmaram era milagre.Outro foi <strong>que</strong> trazen<strong>do</strong>-<strong>se</strong> para a obra <strong>em</strong> um carro uma mui grande e pesada trave, caiu ocarreiro <strong>que</strong> ia diante, e passan<strong>do</strong> a roda <strong>do</strong> carro por cima dele com to<strong>do</strong> a<strong>que</strong>le peso, não lhe fezdano algum, mas logo <strong>se</strong> levantou são, e pros<strong>se</strong>guiu sua carreira, fican<strong>do</strong>-lhe só o sinal da rodaimpresso no peito por onde passou para prova <strong>do</strong> milagre.N<strong>em</strong> trabalhou menos o padre custódio no edifício espiritual das almas, <strong>que</strong> na visita achouestragadas, e na conversão <strong>do</strong>s índios. O mesmo fez no Pará, onde reduziu a paz <strong>do</strong>s portugue<strong>se</strong>s osgentios Tocantins, <strong>que</strong> escandaliza<strong>do</strong>s de agravos, <strong>que</strong> lhe haviam feito, estavam qua<strong>se</strong> rebela<strong>do</strong>s, elevou consigo os filhos <strong>do</strong>s principais para os <strong>do</strong>utrinar, e <strong>do</strong>mesticar, proibiu com excomunhãovender<strong>em</strong>-<strong>se</strong> os índios forros, como faziam, dizen<strong>do</strong> <strong>que</strong> só lhe vendiam o <strong>se</strong>rviço.Queimou muitos <strong>livro</strong>s, <strong>que</strong> achou <strong>do</strong>s france<strong>se</strong>s hereges, e muitas cartas de tocar, e oraçõessupersticiosas, de <strong>que</strong> muitos usavam, apartou os amanceba<strong>do</strong>s das concubinas, e fez outras muitasobras <strong>do</strong> <strong>se</strong>rviço de Nosso Senhor, e b<strong>em</strong> das almas, não s<strong>em</strong> muito trabalho, e per<strong>se</strong>guições, <strong>que</strong>por isto padeceu, saben<strong>do</strong> <strong>que</strong> são b<strong>em</strong>-aventura<strong>do</strong>s os <strong>que</strong> padec<strong>em</strong> pela justiça.CAPÍTULO TRIGÉSIMODe como o governa<strong>do</strong>r geral Mathias de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> man<strong>do</strong>u de Pernambuco por capitão-mor daBahia a Francisco Nunes Marinho, e da morte <strong>do</strong> bispoInforma<strong>do</strong> o governa<strong>do</strong>r geral Mathias de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> <strong>em</strong> Pernambuco de algumas dúvidas, e diferenças, <strong>que</strong>havia entre o bispo e o ouvi<strong>do</strong>r-geral Antão de Mesquita de Oliveira sobre o governo <strong>do</strong> arraial, e da mais gente daBahia, por<strong>que</strong> também haviam para isto eleito o mesmo ouvi<strong>do</strong>r-geral, antes <strong>que</strong> elegess<strong>em</strong>, e aclamass<strong>em</strong> o bispo, paraatalhar a estas dúvidas, e diferenças, man<strong>do</strong>u <strong>que</strong> vies<strong>se</strong> por capitão-mor Francisco Nunes Marinho, <strong>que</strong> o havia já si<strong>do</strong>na Paraíba, e <strong>se</strong>rvi<strong>do</strong> a el-rei na Índia e <strong>em</strong> outras partes com muita satisfação, e para isto lhe deu <strong>do</strong>is caravelões, deum <strong>do</strong>s quais veio ele por capitão, e de outro Antônio Carneiro Falcato com trinta solda<strong>do</strong>s, pólvora, munições, evitualhas de vinho, azeite, e outras coisas, <strong>que</strong> <strong>se</strong> lhe puderam dar <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po tão necessita<strong>do</strong> delas.No mar tiveram uma grande tormenta, <strong>que</strong> os obrigou a entrar no rio de Sergipe del-rei comvergas e mastros <strong>que</strong>bra<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>nde depois <strong>que</strong> os refez, para <strong>se</strong>guir<strong>em</strong> sua viag<strong>em</strong>, e ele <strong>se</strong> foi comalguns solda<strong>do</strong>s por terra, e chegou a muito bom t<strong>em</strong>po, por<strong>que</strong> daí a poucos dias a<strong>do</strong>eceu o bispoda <strong>do</strong>ença, de <strong>que</strong> morreu aos 8 de outubro da dita era, deixan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s assaz sau<strong>do</strong>sos, edesconsola<strong>do</strong>s com a falta de sua pre<strong>se</strong>nça, por <strong>se</strong>r ela tal, <strong>que</strong> ainda a natural agradava a to<strong>do</strong>s, s<strong>em</strong>as muitas graças sobrenaturais, <strong>que</strong> Deus a esmaltou, por<strong>que</strong> era mui esmoler, e liberal, devotíssimo<strong>do</strong> Santíssimo Sacramento, o qual levava ele próprio aos enfermos, ou ao menos o acompanhava

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