13.07.2015 Views

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

43Porém o d<strong>em</strong>ônio perturba<strong>do</strong>r da paz a começou a perturbar de mo<strong>do</strong> entre estas cabeça<strong>se</strong>clesiásticas, e <strong>se</strong>cular, e houve entre eles tantas diferenças <strong>que</strong> foi necessário ao bispo <strong>em</strong>barcar-<strong>se</strong>para o reino com suas ri<strong>que</strong>zas, aonde não chegou por <strong>se</strong> perder a nau, <strong>em</strong> <strong>que</strong> ia, no rio Cururuipe,<strong>se</strong>is léguas <strong>do</strong> de S. Francisco, com toda a mais gente <strong>que</strong> nela ia, <strong>que</strong> era Antônio Car<strong>do</strong>so deBarros, <strong>que</strong> fora prove<strong>do</strong>r-mor, e <strong>do</strong>is cônegos, duas mulheres honradas, muitos homens nobres, eoutra muita gente, <strong>que</strong> por to<strong>do</strong>s eram mais de c<strong>em</strong> pessoas, os quais, posto <strong>que</strong> escaparam <strong>do</strong>naufrágio com vida, não escaparam da mão <strong>do</strong> gentio Caeté, <strong>que</strong> na<strong>que</strong>le t<strong>em</strong>po <strong>se</strong>nhoreava a<strong>que</strong>lacosta, o qual depois de rouba<strong>do</strong>s, e despi<strong>do</strong>s, os prenderam, e ataram com cordas, e pouco a poucoos foram matan<strong>do</strong>, e comen<strong>do</strong>, <strong>se</strong>não a <strong>do</strong>is índios, <strong>que</strong> iam desta Bahia, e um português, <strong>que</strong> sabiaa língua.Não <strong>se</strong>i <strong>se</strong> deu isto ânimo aos mais governa<strong>do</strong>res para depois continuar<strong>em</strong> diferenças com osbispos, de <strong>que</strong> tratarei <strong>em</strong> <strong>se</strong>us lugares, e porventura os culparei mais, por<strong>que</strong> tenho notícia dasrazões, ou para melhor dizer s<strong>em</strong> razões de suas diferenças, o <strong>que</strong> não posso neste caso s<strong>em</strong> <strong>se</strong>rnota<strong>do</strong> de murmura<strong>do</strong>r, pois não <strong>se</strong>i a causa, <strong>que</strong> tiveram, somente direi o <strong>que</strong> ouvi das pessoas, <strong>que</strong>caminham desta Bahia para Pernambuco, e passam junto ao lugar <strong>do</strong>nde o bispo foi morto / por<strong>que</strong>por ali é o caminho / <strong>que</strong> nunca mais <strong>se</strong> cobriu de erva, estan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o mais campo coberto dela, ede mato, como <strong>que</strong> está o <strong>se</strong>u sangue chaman<strong>do</strong> a Deus da terra contra qu<strong>em</strong> o derramou; e assim oouviu Deus, <strong>que</strong> depois <strong>se</strong> foi desta Bahia dar guerra à<strong>que</strong>le gentio, e <strong>se</strong> tomou dele vingança, comoadiante ver<strong>em</strong>os.CAPÍTULO QUARTODe uma nau da Índia, <strong>que</strong> arribou a esta Bahia no t<strong>em</strong>po <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>rd. Duarte da CostaNo <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> ano <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r d. Duarte da Costa, <strong>que</strong> foi o <strong>do</strong> Senhor de mil quinhentoscinqüenta e cinco, <strong>em</strong> o mês de maio, arribou a esta Bahia, por falta de água, a nau São Paulo, <strong>que</strong>ia para a Índia <strong>em</strong> companhia de outras quatro, das quais todas ia por capitão-mor d. João deMenezes de Se<strong>que</strong>ira, e por capitão desta arribada Antônio Fernandes, <strong>que</strong> era <strong>se</strong>nhor dela; vinhamnesta nau muitos <strong>do</strong>entes, os quais o governa<strong>do</strong>r man<strong>do</strong>u recolher no hospital, e aos sãos ordenoudar<strong>em</strong>-lhes mesa cinco me<strong>se</strong>s <strong>que</strong> aqui estiveram, por <strong>se</strong> tomar parecer entre os oficiais da nau, eoutros da terra / pre<strong>se</strong>nte o governa<strong>do</strong>r, e d. Antônio de Noronha, o catarraz, <strong>que</strong> ia <strong>se</strong>rvir àcapitania de Diu / e as<strong>se</strong>ntaram to<strong>do</strong>s <strong>que</strong>, <strong>se</strong> partis<strong>se</strong> <strong>em</strong> outubro poderia passar à Índia, comoaconteceu, e <strong>em</strong> menos de quatro me<strong>se</strong>s chegou a Cochim, onde ainda achou a nau Capitânia, de<strong>que</strong> era capitão d. João de Menezes, e o dia <strong>se</strong>guinte deu a vela para Goa muito contente por levarnovas da<strong>que</strong>la nau, <strong>que</strong> já <strong>se</strong> tinha por perdida, ainda <strong>que</strong> mui descontente com outras <strong>que</strong> levava damorte <strong>do</strong> ínclito infante d. Luiz, du<strong>que</strong> de Beja, e Condestable de Portugal, <strong>se</strong>nhor de Serpa, Moura,Cavilhão, e Almada, e governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> priora<strong>do</strong> de Crato, <strong>que</strong> faleceu este ano de mil quinhentoscinqüenta e cinco, o qual, entre outras muitas virtudes, e excelências, de <strong>que</strong> foi a<strong>do</strong>rna<strong>do</strong>,principalmente teve duas, zelo da religião cristã e ciência da arte militar, e ainda <strong>que</strong> <strong>em</strong> <strong>se</strong>u t<strong>em</strong>po<strong>se</strong> moveram poucas guerras, <strong>em</strong> <strong>que</strong> ele <strong>se</strong> pudes<strong>se</strong> achar, saben<strong>do</strong> <strong>que</strong> o impera<strong>do</strong>r Carlos Quinto,<strong>se</strong>u cunha<strong>do</strong>, passava a África, <strong>se</strong> foi para ele s<strong>em</strong> licença alguma, n<strong>em</strong> companhia, por saber <strong>que</strong> ohavia el-rei <strong>se</strong>u irmão de negar, como já <strong>em</strong> outras ocasiões o havia feito, ao <strong>que</strong> todavia el-reiacudiu logo dan<strong>do</strong> licença a alguns fidalgos, <strong>que</strong> o <strong>se</strong>guiss<strong>em</strong>, e mandan<strong>do</strong> a uma armada sua, <strong>que</strong>já lá estava, lhe obedeces<strong>se</strong>, de <strong>que</strong> era capitão Antônio de Saldanha, e para to<strong>do</strong> o dinheiro <strong>que</strong>gastas<strong>se</strong> lhe man<strong>do</strong>u grande crédito, e por esta via <strong>se</strong> achou com formosa cavalaria de nobreza de<strong>se</strong>u reino acompanha<strong>do</strong>, <strong>em</strong> ajuda <strong>do</strong> invictíssimo impera<strong>do</strong>r na conquista da Goleta, e de Tunes,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!