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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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125afirmou um padre da companhia, <strong>que</strong> <strong>se</strong> achava com ele à sua morte, <strong>que</strong> n<strong>em</strong> uma vela tinha paralhe meter<strong>em</strong> na mão, <strong>se</strong> a não mandara levar <strong>do</strong> <strong>se</strong>u convento; mas <strong>que</strong>reria Deus alumiá-lo na<strong>que</strong>letenebroso tran<strong>se</strong>, por outras muitas <strong>que</strong> havia leva<strong>do</strong> diante, de muitas esmolas, e obras de piedade,<strong>que</strong> s<strong>em</strong>pre fez.Seu filho d. Luiz de Souza ainda <strong>que</strong> de pouca idade ficou governan<strong>do</strong> por eleição <strong>do</strong> povoaté <strong>que</strong> <strong>se</strong> <strong>em</strong>barcou para o reino, tomou de caminho Pernambuco, e ali ficou casa<strong>do</strong> com uma filhade João Paes; e assim cessou o negócio das minas, posto <strong>que</strong> não deixam alguns particulares de ir aelas, cada vez <strong>que</strong> <strong>que</strong>r<strong>em</strong>, a tirar ouro, de <strong>que</strong> pagam os quintos a Sua Majestade, e não só <strong>se</strong> tirade lavag<strong>em</strong>, mas da própria terra, <strong>que</strong> botam fora depois de lavada, <strong>se</strong> tira também com artifício deazougue.CAPÍTULO QUADRAGÉSIMO SÉTIMODa nova invenção de engenhos de açúcar, <strong>que</strong> neste t<strong>em</strong>po <strong>se</strong> fezComo o trato e negócio principal <strong>do</strong> Brasil é de açúcar, <strong>em</strong> nenhuma outra coisa <strong>se</strong> ocupamos engenhos, e habilidades <strong>do</strong>s homens tanto como <strong>em</strong> inventar artifícios com <strong>que</strong> o façam, eporventura por isso lhe chamam engenhos.L<strong>em</strong>bra-me haver li<strong>do</strong> <strong>em</strong> um <strong>livro</strong> antigo das propriedades das coisas <strong>que</strong> antigamente <strong>se</strong>não usava de outro artifício mais <strong>que</strong> picar, ou golpear as canas com uma faca, e o licor <strong>que</strong> pelosgolpes corria, e <strong>se</strong> coalhava ao sol, este era o açúcar, e tão pouco <strong>que</strong> só <strong>se</strong> dava por mesinha;depois <strong>se</strong> inventaram muitos artifícios, e engenhos para <strong>se</strong> fazer <strong>em</strong> maior quantidade, <strong>do</strong>s quaisto<strong>do</strong>s <strong>se</strong> usou no Brasil, como foram os <strong>do</strong>s pilões, de mós, e os de eixos, e estes últimos foram osmais usa<strong>do</strong>s, <strong>que</strong> eram <strong>do</strong>is eixos postos um sobre o outro, movi<strong>do</strong>s com uma roda de água, ou debois, <strong>que</strong> andava com uma muito campeira chamada bolandeira, a qual ganhan<strong>do</strong> vento movia, efazia andar outras quatro, e os eixos <strong>em</strong> <strong>que</strong> a cana <strong>se</strong> moía; e além desta máquina havia outra deduas ou três gangorras de paus compri<strong>do</strong>s, mais grossos <strong>do</strong> <strong>que</strong> tonéis, com <strong>que</strong> a<strong>que</strong>la cana, depoisde moída nos eixos, <strong>se</strong> espr<strong>em</strong>ia, para o <strong>que</strong> tu<strong>do</strong>, e para as fornalhas <strong>em</strong> <strong>que</strong> o cal<strong>do</strong> <strong>se</strong> coze, eincorpora o açúcar, era necessário uma casa de 150 palmos de compri<strong>do</strong> e 50 de largo, e era muitot<strong>em</strong>po e dinheiro o <strong>que</strong> na fábrica dela, e <strong>do</strong> engenho <strong>se</strong> gastava.Ultimamente, governan<strong>do</strong> esta terra d. Diogo de Menezes, veio a ela um clérigo espanholdas partes <strong>do</strong> Peru, o qual ensinou outro mais fácil e de menos fabrica e custo, <strong>que</strong> é o <strong>que</strong> hoje <strong>se</strong>usa, <strong>que</strong> é somente três paus postos de por alto muito justos, <strong>do</strong>s quais o <strong>do</strong> meio com uma roda deágua, ou com uma almanjarra de bois ou cavalos <strong>se</strong> move, e faz mover os outros; passada a cana poreles duas vezes larga to<strong>do</strong> o sumo s<strong>em</strong> ter necessidade de gangorras, n<strong>em</strong> de outra coisa, mais <strong>que</strong>cozer-<strong>se</strong> nas caldeiras, <strong>que</strong> são cinco <strong>em</strong> cada engenho, e leva cada uma duas pipas pouco mais oumenos de mel, além de uns tachos grandes, <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> põ<strong>em</strong> <strong>em</strong> ponto de açúcar, e <strong>se</strong> deita <strong>em</strong>formas de barro no tendal, <strong>do</strong>nde as levam à casa de purgar, <strong>que</strong> é mui grande, e postas <strong>em</strong> andainaslhes lançam um bolo de barro bati<strong>do</strong> na boca, e depois da<strong>que</strong>le outro, com o açúcar <strong>se</strong> purga, e fazalvíssimo, o <strong>que</strong> <strong>se</strong> fez por experiência de uma galinha, <strong>que</strong> acertou de saltar <strong>em</strong> uma forma com ospés cheios de barro, e fican<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o mais açúcar par<strong>do</strong>, viram só o lugar da pegada ficou branca.Por <strong>se</strong>r<strong>em</strong> estes engenhos <strong>do</strong>s três paus, a <strong>que</strong> chamam entrosas, de menos fabrica e custo,<strong>se</strong> desfizeram as outras máquinas, e <strong>se</strong> fizeram to<strong>do</strong>s desta invenção, e outros muitos de novo; pelo<strong>que</strong> no Rio de Janeiro, onde até a<strong>que</strong>le t<strong>em</strong>po <strong>se</strong> tratava mais de farinha para Angola <strong>que</strong> açúcar,agora há já 40 engenhos.Na Bahia 50, <strong>em</strong> Pernambuco 100, <strong>em</strong> Itamaracá 18 ou 20, e na Paraíba outros tantos; mas<strong>que</strong> aproveita fazer-<strong>se</strong> tanto açúcar <strong>se</strong> a cópia lhe tira o valor, e dão tão pouco preço por ele, <strong>que</strong>n<strong>em</strong> o custo <strong>se</strong> tira.

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