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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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138caravela oito mil cruza<strong>do</strong>s de diversas sortes de fazendas por conta de Sua Majestade para afortaleza <strong>do</strong> Pará, <strong>que</strong> havia <strong>do</strong>is anos <strong>se</strong> não provia com pagas, n<strong>em</strong> algum socorro, pelo <strong>que</strong>estava mui necessitada, e André Pereira Timu<strong>do</strong>, capitão-mor <strong>do</strong> Rio Grande, lhe deu quatrosolda<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s quais era um Pero Gomes de Gouvea <strong>se</strong>u alferes, <strong>que</strong> o capitão Luiz Aranha fezcapitão da lancha.Os outros eram o sargento Sebastião Pereira, Pero Fernandes Godinho, e um carpinteiro, <strong>que</strong>também foi importante à jornada. Antônio Moniz Barreiros no Maranhão lhe deu quinze solda<strong>do</strong>s,<strong>em</strong> <strong>que</strong> entrava um flamengo chama<strong>do</strong> Nicolau, <strong>que</strong> os índios haviam toma<strong>do</strong> no Pará sain<strong>do</strong>-<strong>se</strong> deum forte <strong>que</strong> os holande<strong>se</strong>s lá tinham, com outros <strong>do</strong>is, e <strong>se</strong>te negros de Guiné, a uma roça a plantartabaco, e era prático na<strong>que</strong>le grande Rio.Para o qual <strong>se</strong> partiram os nossos <strong>do</strong> Maranhão, e chegaram à fortaleza a 14 de maio da ditaera de 1623, onde o capitão dela Bento Maciel, por dizer<strong>em</strong> <strong>que</strong> a caravela não poderia navegarcontra a corrente <strong>do</strong> rio, lhes deu outra lancha, e algumas canoas de índios, e lhes dava tambémtrinta solda<strong>do</strong>s brancos com <strong>se</strong>u capitão sinala<strong>do</strong>, <strong>que</strong> Luiz Aranha não quis aceitar, por <strong>que</strong>rer <strong>se</strong>rele o <strong>que</strong> lho sinalas<strong>se</strong>, dizen<strong>do</strong> <strong>que</strong> Sua Majestade lhe mandava dar solda<strong>do</strong>s, e não capitães; mascontentou-<strong>se</strong> com os índios, e com o comissário <strong>que</strong> ali estava da nossa ord<strong>em</strong> e província <strong>frei</strong>Antônio da Merciana lhe dar o irmão <strong>frei</strong> Cristóvão de São José por capelão desta jornada, o qualera tão respeita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s índios, <strong>que</strong> <strong>em</strong> poucos dias de navegação pelo rio acima lhe ajuntou quarentacanoas com mais de mil flecheiros amigos, <strong>que</strong> de boa vontade <strong>se</strong>guiram ao capitão, movi<strong>do</strong>stambém das muitas dádivas, <strong>que</strong> ele dava aos principais, e a outros, <strong>que</strong> lhe traziam suas ofertas decaça, frutas, e legumes, as quais não aceitava s<strong>em</strong> pagar-lhes com ferramentas, velório, pentes,espelhos, anzóis, e outras coisas, dizen<strong>do</strong> <strong>que</strong> assim lho mandava el-rei.Com esta multidão de índios, e os poucos solda<strong>do</strong>s brancos, <strong>que</strong> havia trazi<strong>do</strong> das outrascapitanias, <strong>se</strong>guiu sua viag<strong>em</strong>, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong> algumas grandes tormentas, principalmente uma com <strong>que</strong>lhe <strong>que</strong>brou o l<strong>em</strong>e da lancha maior, e os obrigou a tomar terra, onde o carpinteiro, <strong>que</strong> haviatrazi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande, fez outro de um madeiro, <strong>que</strong> cortaram, com o qual, posto <strong>que</strong> as fêmea<strong>se</strong>ram de cordas, e era necessário renová-las cada três dias, todavia governava muito b<strong>em</strong>, e assimforam to<strong>do</strong>s navegan<strong>do</strong> até certa parag<strong>em</strong>, onde o flamengo Nicolau, <strong>que</strong> traziam <strong>do</strong> Maranhão,lhes dis<strong>se</strong> <strong>que</strong> estava perto um forte de holande<strong>se</strong>s, os quais não esperan<strong>do</strong> <strong>que</strong> os nossoschegass<strong>em</strong>, mandaram mais de <strong>se</strong>tecentos índios <strong>se</strong>us confedera<strong>do</strong>s a salteá-los no rio, comofizeram à meia-noite, e <strong>se</strong> travou entre uns e outros uma batalha, <strong>que</strong> durou duas horas, mas foiDeus <strong>se</strong>rvi<strong>do</strong> de dar aos nossos vitória com morte de 200 contrários, fora 30 <strong>que</strong> tomaram vivos <strong>em</strong>duas canoas, <strong>do</strong>s quais <strong>se</strong> soube haver <strong>se</strong>is ou <strong>se</strong>te <strong>que</strong> eram amigos, e compadres <strong>do</strong>s holande<strong>se</strong>spor dádivas, <strong>que</strong> deles recebiam, quan<strong>do</strong> vinham navios de Holanda, mas <strong>que</strong> na<strong>que</strong>la ocasiãonenhum estava no porto, n<strong>em</strong> havia na fortaleza mais de trinta solda<strong>do</strong>s, e alguns escravos deGuiné, com qu<strong>em</strong> lavravam tabaco.Ouvi<strong>do</strong> isto pelo capitão man<strong>do</strong>u r<strong>em</strong>ar até <strong>se</strong> porém leste a oeste com o forte, e <strong>em</strong>amanhecen<strong>do</strong> man<strong>do</strong>u lá um solda<strong>do</strong> <strong>em</strong> uma canoa pe<strong>que</strong>na, <strong>que</strong> r<strong>em</strong>avam quatro r<strong>em</strong>eiros, e suabandeira branca, a dizer <strong>que</strong> <strong>se</strong> entregass<strong>em</strong> dentro de uma hora primeira, <strong>se</strong>não <strong>que</strong> os poria to<strong>do</strong>sa cutelo, por<strong>que</strong> assim lho mandava o <strong>se</strong>u rei de Espanha, cujas eram a<strong>que</strong>las terras e conquistas.Ao <strong>que</strong> responderam <strong>que</strong> a<strong>que</strong>la fortaleza era, e <strong>se</strong> sustentava pelo conde Maurício, pelo <strong>que</strong><strong>se</strong> não podiam entregar s<strong>em</strong> ord<strong>em</strong> sua, e para esta vir era pouco t<strong>em</strong>po o <strong>que</strong> lhes dava.Mas depois <strong>se</strong> soube <strong>que</strong> o <strong>se</strong>u intento não era este, <strong>se</strong>não esperar <strong>que</strong> lhe vies<strong>se</strong> socorro deoutra fortaleza, <strong>que</strong> distava desta 10 léguas, <strong>do</strong> <strong>que</strong> tu<strong>do</strong> <strong>se</strong> de<strong>se</strong>nganaram com lhe responder LuizAranha <strong>que</strong> ele tinha já ord<strong>em</strong>, <strong>que</strong> havia de <strong>se</strong>guir, e não tinha <strong>que</strong> aguardar outra, e mais quan<strong>do</strong> avantag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s <strong>se</strong>us solda<strong>do</strong>s era tão conhecida, e por<strong>que</strong> assim o cuidass<strong>em</strong> man<strong>do</strong>u pôr entre osbrancos, assim nas lanchas como nas canoas, muitos índios com roupetas, chapéus, ou carapuças,

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