13.07.2015 Views

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

119governa<strong>do</strong> a aldeia, <strong>em</strong> <strong>se</strong>u lugar, a desculpá-lo com os religiosos, <strong>que</strong> não entrara na igreja por virbêba<strong>do</strong>, porém <strong>que</strong> viria o dia <strong>se</strong>guinte, como fez, mandan<strong>do</strong> <strong>primeiro</strong> pôr no cruzeiro cincocadeiras, e a <strong>do</strong> meio, <strong>em</strong> <strong>que</strong> ele <strong>se</strong> as<strong>se</strong>ntou, estava coberta de alto a baixo com um lambel grandede lã listra<strong>do</strong>, nas outras <strong>se</strong> as<strong>se</strong>ntaram o dito <strong>se</strong>u parente, e os principais das outras aldeias, <strong>que</strong>vieram receber, <strong>do</strong>s quais era um o Mequiguaçu, principal <strong>em</strong> outra aldeia, <strong>que</strong> já era cristão, e <strong>se</strong>chamava d. Filipe, ali lhe foram os religiosos dar as boas-vindas, e o levaram para dentro, à escolaonde <strong>se</strong> ensinam os meninos, <strong>em</strong> <strong>que</strong> os as<strong>se</strong>ntos eram uns rolos, e pedaços de paus, <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong>as<strong>se</strong>ntaram, mas logo o Zorobabe <strong>se</strong> enfa<strong>do</strong>u, e qui<strong>se</strong>ra ir-<strong>se</strong> <strong>se</strong> o presidente o não detivera,dizen<strong>do</strong>-lhe <strong>que</strong> via ali junto to<strong>do</strong> o gentio da Paraíba, e muitos portugue<strong>se</strong>s, e <strong>que</strong> não iam a outracoisa, <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s diziam, <strong>se</strong>não a saber sua determinação, pelo <strong>que</strong> ele <strong>que</strong>ria o dia <strong>se</strong>guinte, <strong>que</strong>era <strong>do</strong>mingo, pregar-lhes, e por<strong>que</strong> na pregação <strong>se</strong> não podia dizer <strong>se</strong>não a verdade, a <strong>que</strong>ria saberdele neste particular, por isso <strong>que</strong> não lha negas<strong>se</strong>; ao <strong>que</strong> respondeu <strong>que</strong> sua determinação era irdar guerra ao Milho Verde, <strong>que</strong> era um principal <strong>do</strong> <strong>se</strong>rtão, <strong>que</strong> lhe havia morto um sobrinho cristãochama<strong>do</strong> Francisco, e pelo <strong>se</strong>u nome antigo Aratibá, <strong>que</strong> <strong>se</strong>u irmão o Pau Seco havia manda<strong>do</strong> adar-lhe guerra, e pois ele por morte <strong>do</strong> pai, e filho entrava agora no governo, a <strong>que</strong>ria continuar, etomar a vingança; o presidente lhe dis<strong>se</strong> <strong>que</strong> já eram vassalos de el-rei, e não podiam fazer guerrajusta s<strong>em</strong> ord<strong>em</strong> sua, e <strong>do</strong> <strong>se</strong>u governa<strong>do</strong>r geral nestes esta<strong>do</strong>s; e além disso, <strong>que</strong> b<strong>em</strong> sabia acondição <strong>do</strong>s <strong>se</strong>us, <strong>que</strong> tanto <strong>que</strong> a guerra fos<strong>se</strong> apregoada haviam de largar a agricultura, e como àguerra não haviam de ir as mulheres, n<strong>em</strong> os velhos, e meninos, ficariam morren<strong>do</strong> de fome, pelo<strong>que</strong> <strong>se</strong> lhe pareces<strong>se</strong> pregaria <strong>que</strong> roçass<strong>em</strong>, e plantass<strong>em</strong> <strong>primeiro</strong>, e <strong>que</strong> esta fos<strong>se</strong> também a suafala, para <strong>que</strong> <strong>se</strong> aquietass<strong>em</strong>, no <strong>que</strong> ele con<strong>se</strong>ntiu, e assim <strong>se</strong> tornaram às suas aldeias quietos.O Zorobabe foi também visita<strong>do</strong> de muitos brancos da Paraíba, com boas peroleiras devinho, e outros pre<strong>se</strong>ntes, ou por <strong>se</strong>us interes<strong>se</strong>s de índios, por <strong>se</strong>us <strong>se</strong>rviços, e <strong>em</strong>preitadas, ou port<strong>em</strong>or <strong>que</strong> tinham da sua rebelião, por o ver<strong>em</strong> tão pujante, o qual t<strong>em</strong>or era tão grande <strong>que</strong> ocapitão da Paraíba, excita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s de Itamaracá, e Pernambuco, não cessava de escrever ao presidente<strong>que</strong> vigias<strong>se</strong>, por<strong>que</strong> <strong>se</strong> dizia estar o gentio rebela<strong>do</strong> com a ida deste principal, o <strong>que</strong> os religiososnão <strong>se</strong>ntiam <strong>em</strong> algum mo<strong>do</strong>, por<strong>que</strong> o achavam mui obediente, só <strong>se</strong> <strong>que</strong>ixou uma vez <strong>que</strong> não iamà sua casa, como faziam os mais mora<strong>do</strong>res da Paraíba, ao <strong>que</strong> responderam os religiosos <strong>que</strong> nãoiam lá por<strong>que</strong> não era cristão, e tinha muitas mulheres, e ele dis<strong>se</strong> <strong>que</strong> ce<strong>do</strong> as largaria, e fican<strong>do</strong>com só uma <strong>se</strong> batizaria, <strong>que</strong> já para isto tinha manda<strong>do</strong> criar muitas galinhas, por<strong>que</strong> ele não eravilão como os outros, <strong>que</strong> comiam nas suas bodas, e batismo carne de vaca, e caças <strong>do</strong> mato, mas<strong>que</strong> o <strong>se</strong>u ban<strong>que</strong>te havia de <strong>se</strong>r de galinhas, e aves de pena: contu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> <strong>se</strong> <strong>em</strong>bebedava erainquieto e revoltoso, e foi crescen<strong>do</strong> tanto o me<strong>do</strong> nos portugue<strong>se</strong>s, <strong>que</strong> o prenderam e mandaram aAlexandre de Moura, capitão-mor de Pernambuco, e daí ao governa<strong>do</strong>r, os quais na prisão lhederam por muitas vezes peçonha na água e vinho, s<strong>em</strong> lhe fazer algum dano, por<strong>que</strong> diz<strong>em</strong> <strong>que</strong>receoso dela bebia de madrugada a sua própria câmara, e <strong>que</strong> com esta triaga <strong>se</strong> pre<strong>se</strong>rvava edefendia <strong>do</strong> veneno; finalmente o mandaram para Lisboa, <strong>do</strong>nde por <strong>se</strong>r porto de mar, <strong>do</strong> qual cadadia v<strong>em</strong> navios para o Brasil, <strong>em</strong> <strong>que</strong> podia tornar-<strong>se</strong>, o mandaram apo<strong>se</strong>ntar <strong>em</strong> Évora Cidade, e aíacabou a vida, e com ela as suspeitas da sua rebelião.CAPÍTULO QUADRAGÉSIMO SEGUNDODo <strong>que</strong> aconteceu a uma nau flamenga, <strong>que</strong> por mercancia ia à capitania <strong>do</strong> Espírito Santocarregar de pau-<strong>brasil</strong>Costumavam ir ao Brasil urcas flamengas despachadas, e fretadas <strong>em</strong> Lisboa, Porto, e Vianacom fazendas da sua terra, e de merca<strong>do</strong>res portugue<strong>se</strong>s, para levar<strong>em</strong> açúcar, entre as quais foi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!