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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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120uma a capitania <strong>do</strong> Espírito Santo, e pediu o capitão dela ao superior da casa <strong>do</strong>s padres dacompanhia, <strong>que</strong> ali t<strong>em</strong> <strong>do</strong>utrina de índios a <strong>se</strong>u cargo, <strong>que</strong> lhe mandass<strong>em</strong> fazer por eles uma cargade pau-<strong>brasil</strong> na aldeia de Reritiba, onde há muito, e t<strong>em</strong> um porto, e o ano <strong>se</strong>guinte tornaria abuscá-lo, e lhes trariam a paga <strong>em</strong> ornamentos para a igreja, ou no <strong>que</strong> qui<strong>se</strong>ss<strong>em</strong>; deu o padre contadisto ao procura<strong>do</strong>r, <strong>que</strong> ali estava, <strong>do</strong>s contrata<strong>do</strong>res <strong>do</strong> pau, e com o <strong>se</strong>u beneplácito <strong>se</strong> fez na ditaaldeia, porém <strong>se</strong>n<strong>do</strong> el-rei informa<strong>do</strong> <strong>que</strong> por essas urcas <strong>se</strong>r<strong>em</strong> mais fortes, e artilhadas, to<strong>do</strong>s<strong>que</strong>riam carregar antes nelas, e cessava a navegação <strong>do</strong>s navios portugue<strong>se</strong>s, e quan<strong>do</strong> os qui<strong>se</strong>s<strong>se</strong>para armadas não os teria, n<strong>em</strong> homens <strong>que</strong> soubess<strong>em</strong> a arte de navegar, parecen<strong>do</strong>-lhe b<strong>em</strong> estarazão a el-rei, e outras <strong>que</strong> o moveriam, escreveu ao governa<strong>do</strong>r Diogo Botelho, e aos mais capitães,não con<strong>se</strong>ntiss<strong>em</strong> mais <strong>em</strong> suas capitanias entrar navio algum de estrangeiros por via de mercancia,n<strong>em</strong> por outra alguma, mas os metess<strong>em</strong> no fun<strong>do</strong>, e per<strong>se</strong>guiss<strong>em</strong> como a inimigos.Depois desta proibição chegou o flamengo a barra <strong>do</strong> Espírito Santo, e não achou já o padresuperior, por <strong>se</strong>r muda<strong>do</strong> para o Rio de Janeiro, <strong>se</strong>não outro, <strong>que</strong> lhe não falou a propósito, foi-<strong>se</strong> àaldeia onde o pau estava junto, e por<strong>que</strong> também os padres, <strong>que</strong> lá estavam, lho não deixaramcarregar, tomou quatro índios, e <strong>se</strong> foi ao Cabo Frio des<strong>em</strong>barcar, e dali por terra disfarça<strong>do</strong> a falarcom o padre no Colégio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, o qual lhe dis<strong>se</strong> <strong>que</strong> não tratas<strong>se</strong> disso, por<strong>que</strong> el-rei otinha proibi<strong>do</strong>, antes <strong>se</strong> tornas<strong>se</strong> com toda a cautela, por<strong>que</strong> <strong>se</strong> Martim de Sá, governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Rio, osabia, lhe custaria a vida; não <strong>se</strong> tornou com tanto <strong>se</strong>gre<strong>do</strong> o flamengo, <strong>que</strong> Martim de Sá o nãosoubes<strong>se</strong>, e assim man<strong>do</strong>u logo cinco canoas grandes com muitos homens brancos, e índiosflecheiros, e <strong>se</strong>u tio Manuel Corrêa por capitão, o qual chegou ao Cabo Frio a t<strong>em</strong>po <strong>que</strong> os achou<strong>em</strong> terra com alguns flamengos, carregan<strong>do</strong> a lancha de pau-<strong>brasil</strong>, <strong>que</strong> ali estava feito, e lha tomou,e prendeu a to<strong>do</strong>s, voltan<strong>do</strong> outra vez para o Rio de Janeiro, onde não achou o sobrinho, <strong>que</strong> era i<strong>do</strong>por terra ao mesmo Cabo Frio, e quan<strong>do</strong> lá chegou, e não achou as canoas para ir tomar a nau, <strong>que</strong>estava ao pego, <strong>se</strong> tornou com muita cólera, e aprestou brev<strong>em</strong>ente quatro navios, <strong>que</strong> estavam àcarga, e saiu <strong>em</strong> busca da nau <strong>do</strong>s flamengos, <strong>que</strong> já andava à vela, man<strong>do</strong>u-lhes falar pelo <strong>se</strong>umesmo capitão, <strong>que</strong> levava preso, <strong>que</strong> não atirass<strong>em</strong>, e <strong>se</strong> deixass<strong>em</strong> abalroar, e eles assim ofizeram meti<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s debaixo da xareta, s<strong>em</strong> aparecer algum; houve portugue<strong>se</strong>s <strong>que</strong> a qui<strong>se</strong>ramde<strong>se</strong>nxarciar, ou cortar-lhe os mastros; respondeu Martim de Sá <strong>que</strong> a nau era já sua, e não a <strong>que</strong>rias<strong>em</strong> mastros e enxárcia.Era isto já de noite, e os nossos passavam por cima da xareta como por sua casa, quan<strong>do</strong> osflamengos e índios, <strong>que</strong> com eles iam, começaram a picá-los debaixo com os pi<strong>que</strong>s, e da proa, epopa dispararam duas ro<strong>que</strong>iras cheias de pedras, pregos, e pelouros, com <strong>que</strong> fizeram grandeespalhafato, mataram alguns, e feriram tantos, <strong>que</strong> os obrigaram deixar-lhe a nau, e ir<strong>em</strong>-<strong>se</strong> curar àcidade. Os flamengos, <strong>que</strong> <strong>se</strong> viram livres, <strong>se</strong> foram à ilha de Santa Anna quinze léguas <strong>do</strong> CaboFrio para o norte, a tomar água, de <strong>que</strong> estavam faltos, e há ali boas fontes, e bom surgi<strong>do</strong>uro paranaus, e por<strong>que</strong> não tinham batel fizeram uma prancha <strong>em</strong> <strong>que</strong> foram cinco com os barris à terra, epon<strong>do</strong> um no pico da ilha a vigiar o mar, os quatro enchiam os barris, e os iam levan<strong>do</strong> poucos epoucos.Não ficavam na nau mais <strong>que</strong> outros quatro homens, e <strong>do</strong>is moços, por<strong>que</strong> a mais gente lheshaviam leva<strong>do</strong> as canoas, o <strong>que</strong> considera<strong>do</strong> pelos índios, <strong>que</strong> também eram quatro, r<strong>em</strong>eteu cadaum a <strong>se</strong>u com facas e traça<strong>do</strong>s, e como estavam descuida<strong>do</strong>s facilmente foram mortos, os <strong>do</strong>ismoços grumetes re<strong>se</strong>rvaram flechan<strong>do</strong>-os na câmera, por<strong>que</strong> não avisass<strong>em</strong> aos da água, quan<strong>do</strong>viess<strong>em</strong>, e por<strong>que</strong> depois os ajudass<strong>em</strong> na navegação; e assim <strong>em</strong> chegan<strong>do</strong> os da água a bor<strong>do</strong> osmataram, e cortadas as amarras largaram as velas ao vento sul, <strong>que</strong> então ventava e era <strong>em</strong> popa,para a sua aldeia, mas como não sabiam navegar aos bor<strong>do</strong>s, e estan<strong>do</strong> já perto dela <strong>se</strong> virou o ventoao nordeste, tornaram a voltar para o Cabo Frio, passaram-no, e iam perto da barra <strong>do</strong> Rio deJaneiro, quan<strong>do</strong> outra vez lhe ventou o sul, e como <strong>do</strong> Cabo Frio ao Rio corre a costa de leste a

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