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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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141<strong>que</strong> <strong>em</strong> nenhum outro, por<strong>que</strong> lhe tiraram de um navio <strong>do</strong>is homens casa<strong>do</strong>s, <strong>que</strong> man<strong>do</strong>u fazer vidacom suas mulheres a Portugal, por estar<strong>em</strong> cá abarrega<strong>do</strong>s com outras havia muito t<strong>em</strong>po, e istos<strong>em</strong> os homens agravar<strong>em</strong>, antes re<strong>que</strong>ren<strong>do</strong> <strong>que</strong> os deixass<strong>em</strong> ir, pois já estavam <strong>em</strong>barca<strong>do</strong>s; pelo<strong>que</strong> o bispo excomungou o procura<strong>do</strong>r da Coroa, <strong>que</strong> foi o autor disto, e houve sobre o caso muitosdebates, enfim estas eram as guerras civis, <strong>que</strong> havia entre as cabeças, e não eram menos as <strong>que</strong>havia entre os cidadãos, prognóstico certo da dissolução da cidade, pois o dis<strong>se</strong> a suma verdade,Cristo Senhor Nosso, <strong>que</strong> to<strong>do</strong> o reino onde as houves<strong>se</strong>, entre os naturais e mora<strong>do</strong>res, <strong>se</strong>riaassola<strong>do</strong> e destruí<strong>do</strong>.Outro prognóstico houve também, <strong>que</strong> foi arruinar<strong>em</strong>-<strong>se</strong> as casas de el-rei, <strong>em</strong> <strong>que</strong> ogoverna<strong>do</strong>r morava, de tal maneira, <strong>que</strong> <strong>se</strong> as não sustentaram com espe<strong>que</strong>s, <strong>se</strong> vieram todas aochão, <strong>se</strong>n<strong>do</strong> assim <strong>que</strong> eram de pedra e cal, fortes, e antigas, s<strong>em</strong> nunca até este t<strong>em</strong>po fazer<strong>em</strong>alguma ruína.CAPÍTULO VIGÉSIMO SEGUNDODe como os holande<strong>se</strong>s tomaram a BahiaA 21 de dez<strong>em</strong>bro de 1623 partiu de Holanda uma armada de vinte e <strong>se</strong>is naus grandes, treze<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, e treze fretadas de merca<strong>do</strong>res, da qual avisou Sua Majestade ao governa<strong>do</strong>r Diogo deMen<strong>do</strong>nça <strong>que</strong> <strong>se</strong> apercebes<strong>se</strong> na Bahia, e avisas<strong>se</strong> os capitães das outras capitanias fizess<strong>em</strong> omesmo, por<strong>que</strong> <strong>se</strong> dizia vir<strong>em</strong> sobre o Brasil. O governa<strong>do</strong>r avisou logo a Martim de Sá, capitãomor<strong>do</strong> Rio de Janeiro, o qual entrincheirou toda a cidade, concertou a fortaleza da barra, e fez ir oshomens <strong>do</strong> recôncavo para os repartir por suas estâncias, companhias e bandeiras e por<strong>que</strong> muitosnão apareciam, por andar<strong>em</strong> descalços, e não ter<strong>em</strong> com <strong>que</strong> lançar librés, ordenou uma companhiade descalços, de <strong>que</strong> ele quis <strong>se</strong>r o capitão, e assim ia diante deles nos alar<strong>do</strong>s descalço, e com umasceroulas de linho, e o <strong>se</strong>guiam com tanta confiança, e presunção de suas pessoas, <strong>que</strong> não davamvantag<strong>em</strong> aos <strong>que</strong> nas outras companhias militavam ricamente vesti<strong>do</strong>s, e calça<strong>do</strong>s.S<strong>em</strong> esta, foram muitas as preparações de guerra, <strong>que</strong> fez Martim de Sá nesta ocasião. Asmesmas fariam nas outras capitanias / <strong>que</strong> a todas <strong>se</strong> deu aviso, até o rio da Prata /, mas façomenção <strong>do</strong> Rio de Janeiro como test<strong>em</strong>unha de vista, por<strong>que</strong> ainda então lá estava. Da mesmamaneira <strong>se</strong> apercebeu o governa<strong>do</strong>r nesta Bahia, mandan<strong>do</strong> vir toda a gente <strong>do</strong> recôncavo; e poralguns <strong>se</strong> não tornass<strong>em</strong> logo por <strong>se</strong>r<strong>em</strong> pobres, e não ter<strong>em</strong> <strong>que</strong> comer na cidade, man<strong>do</strong>u a ummerca<strong>do</strong>r <strong>se</strong>u priva<strong>do</strong> <strong>que</strong> des<strong>se</strong> a cada um des<strong>se</strong>s três vinténs para cada dia, por sua conta; porémcomo não haja moeda de três vinténs, dizia-lhes <strong>que</strong> levass<strong>em</strong> um tostão, e lhes daria uma de oitovinténs, e <strong>se</strong> os pobres lhe levavam o tostão, lhes dizia <strong>que</strong> o gastass<strong>em</strong> <strong>primeiro</strong>, e depois lhe dariaos três vinténs, por<strong>que</strong> o governa<strong>do</strong>r lhos não mandava dar <strong>se</strong>não aos pobres, <strong>que</strong> nenhuma coisatinham, n<strong>em</strong> lhes aproveitava replicar <strong>que</strong> haviam pedi<strong>do</strong> o tostão <strong>em</strong>presta<strong>do</strong>, e <strong>que</strong> não era <strong>se</strong>u,n<strong>em</strong> outra alguma razão <strong>que</strong> dess<strong>em</strong>.Não <strong>se</strong> passaram muitos dias, quan<strong>do</strong> vieram ao governa<strong>do</strong>r novas de Baepeba, <strong>que</strong> andavalá uma nau grande, a qual tomara um navio, <strong>que</strong> vinha de Angola com negros. Quis sair ou mandara ela, cuidan<strong>do</strong> <strong>que</strong> não <strong>se</strong>ria da armada, por<strong>que</strong> passava de quatro me<strong>se</strong>s era partida de Holanda, e<strong>se</strong> entendia haveria aporta<strong>do</strong> <strong>em</strong> outra parte: e esta era a nau Holanda, <strong>em</strong> <strong>que</strong> vinha o coronel paragovernar a terra, chama<strong>do</strong> d. João Van<strong>do</strong>rt, a qual não pôde tomar a ilha de S. Vicente, <strong>que</strong> é umadas de Cabo Verde, onde as outras naus <strong>se</strong> detiveram dez s<strong>em</strong>anas a tomar água, e carnes, e levantaroito chalupas, <strong>que</strong> traziam <strong>em</strong> peças; e por esta causa chegou <strong>primeiro</strong> a esta costa, e andava aosbor<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Ilhéus para o morro, esperan<strong>do</strong> as mais para entrar com elas, o <strong>que</strong> não fez, por<strong>que</strong> nãoas viu quan<strong>do</strong> entraram, <strong>que</strong> foi a 9 de maio da era de 1624; mas vistas pelo governa<strong>do</strong>r Diogo deMen<strong>do</strong>nça repartiu logo as estâncias pelos capitães, e gente das freguesias de fora, <strong>que</strong> ainda aqui

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