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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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143onde estives<strong>se</strong>, e a qu<strong>em</strong> o governa<strong>do</strong>r agradecen<strong>do</strong>-lhe muito o oferecimento dis<strong>se</strong> <strong>que</strong> <strong>em</strong>nenhuma parte podia estar melhor <strong>que</strong> na sua Sé, também a desamparou, consumin<strong>do</strong> o SantíssimoSacramento, e deixan<strong>do</strong> a prata e ornamentos, e tu<strong>do</strong> o mais, o mesmo fizeram clérigos e frades e<strong>se</strong>culares, <strong>que</strong> só trataram de livrar as pessoas, e algumas coisas manuais, deixan<strong>do</strong> as casas com omais, <strong>que</strong> tinham adquiri<strong>do</strong> <strong>em</strong> muitos anos: tanto pôde o receio de perder a vida, e enfim <strong>se</strong> perdetarde ou ce<strong>do</strong>, e às vezes <strong>em</strong> ocasião de menos honra.CAPÍTULO VIGÉSIMO TERCEIRODe como o governa<strong>do</strong>r Diogo de Men<strong>do</strong>nça foi preso <strong>do</strong>s holande<strong>se</strong>s, e o <strong>se</strong>u coronel d. JoãoVan<strong>do</strong>rt ficou governan<strong>do</strong> a cidadeO governa<strong>do</strong>r ven<strong>do</strong> <strong>que</strong> a gente era toda fugida, ainda <strong>que</strong> não faltou qu<strong>em</strong> lhe dis<strong>se</strong>s<strong>se</strong> <strong>que</strong>fizes<strong>se</strong> o mesmo, respondeu <strong>que</strong> nunca lhe estava b<strong>em</strong> dizer-<strong>se</strong> dele <strong>que</strong> fugira, e antes <strong>se</strong> poria ofogo, e <strong>se</strong> abrasaria, e ven<strong>do</strong> passar <strong>do</strong>is religiosos nossos pela praça os chamou, e confessan<strong>do</strong>-<strong>se</strong>com um deles <strong>se</strong> recolheu dentro de sua casa só com <strong>se</strong>u filho Antônio de Men<strong>do</strong>nça, Lourenço deBrito, o sargento-mor Francisco de Almeida de Brito, e Pero Cas<strong>que</strong>iro da Rocha.Pela manhã chegaram os holande<strong>se</strong>s à porta da cidade, e a outras entradas, <strong>que</strong> ficamda<strong>que</strong>la parte de S. Bento, onde <strong>se</strong> haviam aloja<strong>do</strong> de noite, e não achan<strong>do</strong> qu<strong>em</strong> lho contradis<strong>se</strong>s<strong>se</strong>,entraram, e tomaram dela pos<strong>se</strong> pacífica, subiram alguns à casa <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r, <strong>que</strong> neste t<strong>em</strong>poquis pôr fogo a uns barris de pólvora para abrasar-<strong>se</strong>, <strong>se</strong> Pero Cas<strong>que</strong>iro lhe não tirara o morrão damão, e ven<strong>do</strong>-os entrar levou da espada, e r<strong>em</strong>eteu a eles, mas enfim o prenderam, e aos <strong>que</strong> comele estavam, e os repartiram pelas naus.Daí a <strong>do</strong>is dias chegou o coronel d. João Van<strong>do</strong>rt, <strong>que</strong> como diss<strong>em</strong>os no capítulo passa<strong>do</strong>não havia entra<strong>do</strong> com os mais, e começou a governar as coisas da terra, por<strong>que</strong> o general, <strong>que</strong> eraum hom<strong>em</strong> velho chama<strong>do</strong> Jacob Vilguis, nunca, ou rarissimamente saiu da nau: o coronel erahom<strong>em</strong> pacífico, e <strong>se</strong> mostrava pesaroso <strong>do</strong> dano feito aos portugue<strong>se</strong>s, e de<strong>se</strong>joso da sua paz eamizade, e assim aos <strong>que</strong> qui<strong>se</strong>ram tornar passou passaportes, e lhes man<strong>do</strong>u dar quanto qui<strong>se</strong>ram,não s<strong>em</strong> os <strong>se</strong>us lho estranhar<strong>em</strong>, por<strong>que</strong> <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> o princípio <strong>que</strong> levava lhe houveram de levartu<strong>do</strong>; porém a não <strong>se</strong>r<strong>em</strong> os portugue<strong>se</strong>s tão firmes na fé da Santa Igreja Católica Romana, e tãoleais aos <strong>se</strong>us reis como são, não lhes fizera menos guerra com estas dádivas, sujeitan<strong>do</strong> os ânimos<strong>do</strong>s <strong>que</strong> as recebiam, <strong>do</strong> <strong>que</strong> os <strong>se</strong>us a faziam por outra parte com as armas, toman<strong>do</strong> quanto podiampelas roças circunvizinhas da cidade, e isto com tanto atrevimento como <strong>se</strong> foram <strong>se</strong>nhores de tu<strong>do</strong>,e assim <strong>se</strong> atreveram só três ou quatro a ir ao tan<strong>que</strong> <strong>do</strong>s padres da companhia, <strong>que</strong> dista da cidadeum terço de légua, e <strong>em</strong> sua pre<strong>se</strong>nça falan<strong>do</strong>-lhes um deles latim, e dizen<strong>do</strong>-lhes: «Quidexistimabatis quan<strong>do</strong> vidisti class<strong>em</strong> nostram»; fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s calções alforjes, e enchen<strong>do</strong>-os de pratada igreja, e de outra <strong>que</strong> ali acharam, os pu<strong>se</strong>ram aos ombros, e <strong>se</strong> foram mui contentes; porémquatro negros <strong>do</strong>s padres, <strong>que</strong> não tinham tanta paciência, os foram aguardar ao caminho com <strong>se</strong>usarcos e flechas, e matan<strong>do</strong> o latino, fizeram fugir os outros, e largar a prata <strong>que</strong> levavam.Da mesma maneira foram onde a várzea de Tapuípe, <strong>que</strong> dista pouco mais de meia légua, <strong>em</strong>ataram uma vaca, mas estan<strong>do</strong> esfolan<strong>do</strong>-a deu sobre eles Francisco de Castro, George de Aguiar,e outros cinco homens brancos, e <strong>do</strong>ze índios, e mataram cinco <strong>do</strong>s holande<strong>se</strong>s, e logo chegoutambém Manuel Gonçalves, e <strong>se</strong>guin<strong>do</strong> os outros <strong>que</strong> fugiam matou quatro, e feriu <strong>do</strong>is feri<strong>do</strong>s, <strong>que</strong>levaram a nova, deixan<strong>do</strong> a vaca morta e esfolada aos índios, <strong>que</strong> a comeram, e as suas armas aosnossos solda<strong>do</strong>s.N<strong>em</strong> só andavam os holande<strong>se</strong>s insolentes por estes caminhos, mas muito mais os negros,<strong>que</strong> <strong>se</strong> meteram com eles, entre os quais houve um escravo de um <strong>se</strong>rralheiro <strong>que</strong> prendeu <strong>se</strong>u

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