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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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46a dívida, e haver as mais penas <strong>que</strong> o direito põe, não levavam <strong>se</strong>us deve<strong>do</strong>res a juízo, e lhe<strong>se</strong>speravam pela paga quanto t<strong>em</strong>po <strong>que</strong>riam; mas só punham ações por dívidas lícitas, <strong>que</strong> ogoverna<strong>do</strong>r logo mandava pagar, e <strong>se</strong> era o deve<strong>do</strong>r pessoa pobre pagava por ele, ou fazia <strong>que</strong> ocre<strong>do</strong>r esperas<strong>se</strong> pela dívida, pois fiara de qu<strong>em</strong> sabia <strong>que</strong> não tinha por onde lhe pagar; e assimcessaram as d<strong>em</strong>andas, de mo<strong>do</strong> <strong>que</strong> fazen<strong>do</strong> o dr. Pedro Borges, ouvi<strong>do</strong>r-geral, uma vez audiência,não houve parte alguma re<strong>que</strong>rente, <strong>do</strong> <strong>que</strong> levantan<strong>do</strong> as mãos ao céu deu graças a Deus; masdurou pouco este b<strong>em</strong>, por<strong>que</strong> logo veio por ouvi<strong>do</strong>r-geral o dr. Braz Fragoso com outra provisão<strong>em</strong> contrário à <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r, e tornaram a correr as d<strong>em</strong>andas, e as usuras, não só paliadas, mastanto de escancara, <strong>que</strong> <strong>se</strong> vale um escravo vinte mil-réis pago logo, o dão fia<strong>do</strong> por um ano porquarenta, e o <strong>que</strong> mais é, <strong>que</strong> por isso o não <strong>que</strong>r<strong>em</strong> já vender a dinheiro de conta<strong>do</strong>, <strong>se</strong>não fia<strong>do</strong>, enão há qu<strong>em</strong> por isto olhe.CAPÍTULO SÉTIMODe como man<strong>do</strong>u o governa<strong>do</strong>r <strong>se</strong>u filho Fernão de Sá socorrera Vasco Fernandes Coutinho, e o matou lá o gentioNeste t<strong>em</strong>po estava Vasco Fernandes Coutinho <strong>em</strong> grande aperto posto pelo gentio na suacapitania <strong>do</strong> Espírito Santo, e man<strong>do</strong>u à Bahia re<strong>que</strong>rer ao governa<strong>do</strong>r M<strong>em</strong> de Sá <strong>que</strong> o socorres<strong>se</strong>,o <strong>que</strong> o governa<strong>do</strong>r logo fez, mandan<strong>do</strong> cinco <strong>em</strong>barcações b<strong>em</strong> providas de gente, e por capitãomordela a <strong>se</strong>u filho Fernão de Sá na galé São Simão; os outros capitães eram Diogo Morim, oVelho, e Paulo Dias A<strong>do</strong>rno. Chegaram to<strong>do</strong>s a Porto Seguro, onde lhes dis<strong>se</strong>ram, <strong>que</strong> no riochama<strong>do</strong> Bricaré estava o mais <strong>do</strong> gentio, <strong>que</strong> fazia guerra a Vasco Fernandes, e <strong>que</strong> aí deviam deos ir buscar, oferecen<strong>do</strong>-<strong>se</strong> para ir com eles, como de feito foram, o capitão Diogo Álvares, eGaspar Barbosa <strong>em</strong> <strong>se</strong>us caravelões, e navegaram pelo dito rio arriba quatro dias, até <strong>que</strong> viram ascercas <strong>do</strong> gentio <strong>que</strong> estavam juntas da água, onde, pon<strong>do</strong> as proas <strong>em</strong> terra por estar a maré cheia,por elas des<strong>em</strong>barcaram, e saltaram fora os solda<strong>do</strong>s, tornan<strong>do</strong>-<strong>se</strong> os marinheiros com os navios aomeio <strong>do</strong> rio por não ficar<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>se</strong>co na vazante, e os bombardeiros, para de lá fazer<strong>em</strong> <strong>se</strong>us tiros,começou-<strong>se</strong> a travar a briga, na qual logo no <strong>primeiro</strong> encontro pu<strong>se</strong>ram o gentio <strong>em</strong> desbarate, mastornan<strong>do</strong>-<strong>se</strong> a ajuntar, e reformar, voltou com tanta força <strong>que</strong> forçou aos nossos a desordenar<strong>em</strong>, <strong>em</strong>isturar<strong>em</strong> com os inimigos, de maneira <strong>que</strong> os tiros <strong>que</strong> tiravam das <strong>em</strong>barcações, não só os nãodefendiam, mas antes os feriam, e matavam, e retiran<strong>do</strong>-<strong>se</strong> para <strong>se</strong> acolher a elas estavam tanto aopego, <strong>que</strong> os mais foram a na<strong>do</strong>, e os feri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> algumas jangadas, entre os quais foram os <strong>do</strong>iscapitães A<strong>do</strong>rno, e Morim, fican<strong>do</strong> o capitão-mor com o <strong>se</strong>u alferes Joanne Monge na retaguarda,onde crescen<strong>do</strong> o gentio, <strong>que</strong> de outras aldeias vinha de socorro, os mataram às flechadas; e assimacabou Fernão de Sá, depois de haver feito grandes coisas <strong>em</strong> armas contra a multidão destesbárbaros, assim neste combate, como <strong>em</strong> outros <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> achou na Bahia, e <strong>em</strong> outras partes: osmais <strong>se</strong> partiram para o Espírito Santo, onde Vasco Fernandes os recebeu com muito pesar.,saben<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>se</strong>u destroço, e da morte de Fernão de Sá, e os man<strong>do</strong>u com a mais gente <strong>que</strong> pôdeajuntar a dar <strong>em</strong> outros gentios, <strong>que</strong> o tinham qua<strong>se</strong> <strong>em</strong> cerco, os quais lho fizeram levantar, posto<strong>que</strong> com morte de alguns <strong>do</strong>s nossos, entre os quais Bernar<strong>do</strong> Pimentel, o Velho, <strong>que</strong> mataram aoentrar <strong>em</strong> uma casa.Feito isto <strong>se</strong> foram a São Vicente, e daí a Bahia, onde o governa<strong>do</strong>r os não quis ver, saben<strong>do</strong>como haviam deixa<strong>do</strong> matar <strong>se</strong>u filho, e quan<strong>do</strong> eles não tiveram esta culpa, n<strong>em</strong> por isso adev<strong>em</strong>os dar ao pai <strong>em</strong> fazer extr<strong>em</strong>os pela morte de tal filho.

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