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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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42para <strong>se</strong>r ressuscita<strong>do</strong>.Nesta armada veio o bispo d. Pedro Fernandes Sardinha, pessoa de muita autoridade eex<strong>em</strong>plo, e extr<strong>em</strong>a<strong>do</strong> prega<strong>do</strong>r, e trouxe <strong>em</strong> sua companhia quatro sacer<strong>do</strong>tes da Companhia deJesus para ajudar<strong>em</strong> os <strong>se</strong>is, <strong>que</strong> já cá estavam, na <strong>do</strong>utrina, e conversão <strong>do</strong> gentio, e outros clérigos,e ornamentos para a sua Sé.O ano <strong>se</strong>guinte de mil quinhentos cinqüenta e um, man<strong>do</strong>u el-rei outra armada, e porcapitão-mor dela Antônio de Oliveira Carvalhal para alcaide-mor de Vila Velha, com muitas<strong>do</strong>nzelas da rainha d. Catarina, e <strong>do</strong> Mosteiro das Órfãs, encarregadas ao governa<strong>do</strong>r para <strong>que</strong> ascasas<strong>se</strong>, como o fez, com homens a <strong>que</strong> deu ofícios da República, e algumas <strong>do</strong>tou de sua própriafazenda.Era Tomé de Souza hom<strong>em</strong> muito avisa<strong>do</strong> e prudente, e muito experimenta<strong>do</strong> nas guerras daÁfrica e da Índia, onde estivera, tinha mostra<strong>do</strong> valoroso cavaleiro, mas estava isto cá tão <strong>em</strong> agro,e enfadava-<strong>se</strong> de labutar com degrada<strong>do</strong>s, ven<strong>do</strong> <strong>que</strong> não eram como o pês<strong>se</strong>go, «pomo <strong>que</strong> daPátria Pérsia veio melhor torna<strong>do</strong> no terreno alheio,» <strong>que</strong> pediu com muita instância por muitasvezes a el-rei <strong>que</strong> lhe des<strong>se</strong> licença para <strong>se</strong> tornar ao reino, contu<strong>do</strong> é muito para notar um dito, <strong>que</strong>/ entre outros <strong>que</strong> tinha mui galantes / dis<strong>se</strong> quan<strong>do</strong> lhe veio a licença.É costume nesta Bahia ir o meirinho <strong>do</strong> mar quan<strong>do</strong> entram os navios, e trazer a nova aogoverna<strong>do</strong>r <strong>do</strong>nde são, e <strong>do</strong> <strong>que</strong> traz<strong>em</strong>; como pois fos<strong>se</strong> <strong>em</strong> a<strong>que</strong>la ocasião, e achas<strong>se</strong> <strong>que</strong> vinhasucessor ao governa<strong>do</strong>r, tornou-<strong>se</strong> mui alegre a pedir-lhe alvíssaras, por<strong>que</strong> já eram cumpri<strong>do</strong>s <strong>se</strong>usde<strong>se</strong>jos, e estava no porto novo governa<strong>do</strong>r, respondeu-lhe ele depois de estar um pouco suspenso:Vedes isso, meirinho, verdade é <strong>que</strong> eu o de<strong>se</strong>java muito, e me crescia a água na boca quan<strong>do</strong>cuidava <strong>em</strong> ir para Portugal, mas não <strong>se</strong>i <strong>que</strong> é <strong>que</strong> agora <strong>se</strong> me <strong>se</strong>ca a boca de tal mo<strong>do</strong>, <strong>que</strong> <strong>que</strong>rocuspir, e não posso. Não deu o meirinho resposta a isto, n<strong>em</strong> eu a <strong>do</strong>u, por<strong>que</strong> os leitores dê<strong>em</strong> a<strong>que</strong> lhes parecer.CAPÍTULO TERCEIRODo <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r geral, <strong>que</strong> el-rei man<strong>do</strong>u ao BrasilMovi<strong>do</strong> el-rei <strong>do</strong>s rogos e importunações <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r Tomé de Souza, acaba<strong>do</strong> o triênio<strong>do</strong> <strong>se</strong>u governo, lhe man<strong>do</strong>u por sucessor d. Duarte da Costa, o qual <strong>se</strong> <strong>em</strong>barcou, e partiu de Lisboano ano de mil quinhentos cinqüenta e três a oito <strong>do</strong> mês de maio, trazen<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua companhia <strong>se</strong>ufilho d. Álvaro, e o Padre Luiz da Grã, <strong>que</strong> havia si<strong>do</strong> reitor no Colégio de Coimbra, e mais <strong>do</strong>ispadres sacer<strong>do</strong>tes, e quatro irmãos da companhia, um <strong>do</strong>s quais era José de Anchieta, <strong>que</strong> depois foicá <strong>se</strong>u provincial, e <strong>se</strong> pode chamar Apóstolo <strong>do</strong> Brasil, pelas obras e milagres, <strong>que</strong> nele fez, como opadre São Francisco Xavier <strong>se</strong> chamou da Índia.O governa<strong>do</strong>r tanto <strong>que</strong> chegou trabalhou muito por fortificar e defender esta nova cidade daBahia contra os bárbaros gentios, <strong>que</strong> <strong>se</strong> levantaram, e cometeram grandes insultos, <strong>que</strong> ele<strong>em</strong>endava dissimulan<strong>do</strong> alguns com prudência, e castigan<strong>do</strong> outros com armas, matan<strong>do</strong>-os, ecativan<strong>do</strong>-os <strong>em</strong> guerras, <strong>que</strong> lhes fez, de <strong>que</strong> era capitão <strong>se</strong>u filho d. Álvaro da Costa, o qual <strong>em</strong>todas <strong>se</strong> houve valorosamente. N<strong>em</strong> el-rei o deixou de favorecer <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o <strong>se</strong>u t<strong>em</strong>po com armadasde muitos solda<strong>do</strong>s, e mora<strong>do</strong>res.Ajudavam também o bispo d. Pedro Fernandes, trabalhan<strong>do</strong> s<strong>em</strong> cessar na conversão dasalmas, na ord<strong>em</strong> <strong>do</strong> Culto Divino, administração <strong>do</strong>s sacramentos, e <strong>em</strong> tu<strong>do</strong> mais tocante aoespírito, <strong>que</strong> el-rei não menos pretendia, e encomendava <strong>que</strong> o t<strong>em</strong>poral.

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