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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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178Aos 25 de agosto de 1626 partiu de Lisboa Diogo Luiz de Oliveira, <strong>que</strong> havia si<strong>do</strong> mestre decampo <strong>em</strong> Flandres, para vir governar este esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil; chegou a Pernambuco a 7 denov<strong>em</strong>bro, onde deixan<strong>do</strong> as urcas de fora da barra, por<strong>que</strong> não trazia licença para <strong>se</strong> deter aí muitot<strong>em</strong>po, des<strong>em</strong>barcou <strong>em</strong> uma lancha, e foi <strong>se</strong> recolher <strong>em</strong> casa <strong>do</strong> nosso Padre Santo Antônio, <strong>que</strong>t<strong>em</strong>os no Recife, até dia de S. Martinho Bispo, <strong>que</strong> é aos onze, <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> foi para a vilaacompanha<strong>do</strong> com 80 cavaleiros.A entrada dela na porta da alfândega estava um arco triunfal de muito boa arquitetura,orna<strong>do</strong> de bons versos, <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>as, e epigramas <strong>em</strong> <strong>se</strong>u louvor. Dali <strong>se</strong> estendiam duas fileiras desolda<strong>do</strong>s arcabuzeiros ao longo das paredes até a porta da Mi<strong>se</strong>ricórdia, onde estava outro arco nãocom menos perfeição lavra<strong>do</strong>, e orna<strong>do</strong>; neste <strong>se</strong> apeou, e feita a fala por André de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>,verea<strong>do</strong>r mais velho, o levaram debaixo <strong>do</strong> pálio até a igreja Matriz, in<strong>do</strong> diante o mestre de campo,general deste esta<strong>do</strong>, d. Vasco Mascarenhas / ofício novamente cria<strong>do</strong> para o Brasil /, e o capitãomorde Pernambuco André Dias de Franca, e o de Itamaracá Pero da Motta Leite, to<strong>do</strong>s novamentevin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> reino com o mesmo governa<strong>do</strong>r, e o povo to<strong>do</strong> de Olinda com muito aplauso; <strong>do</strong>ndedepois de feita oração, e as cerimônias costumadas, o levaram à casa <strong>do</strong> <strong>se</strong>u antecessor, <strong>que</strong> já lhatinha para isso desocupada, visitaram-<strong>se</strong> ambos muitas vezes com sinais de grande amizade, ot<strong>em</strong>po <strong>que</strong> o governa<strong>do</strong>r ali <strong>se</strong> deteve, <strong>que</strong> foi até aos 20 de dez<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> dito ano de 1626; e por<strong>que</strong>lhe veio reca<strong>do</strong> <strong>que</strong> estava na barra de Guiena um navio holandês com duas lanchas, e <strong>que</strong> tomaraum barco de Pero Pires carrega<strong>do</strong> de açúcar, e dera caça a um navio, <strong>que</strong> <strong>se</strong> foi meter na Paraíba, e aoutro <strong>do</strong> Biscainho, <strong>que</strong> vinha carrega<strong>do</strong> de vinhos da ilha da Madeira, determinou ver <strong>se</strong> decaminho podia fazer esta presa, mas o ladrão, quan<strong>do</strong> viu tantos navios, fugiu, e o governa<strong>do</strong>rchegou com os <strong>se</strong>us a salvamento à Bahia, onde a primeira coisa <strong>que</strong> fez foi ordenar <strong>que</strong> <strong>se</strong> fizes<strong>se</strong>um solene ofício pela alma de <strong>se</strong>u irmão, o Morga<strong>do</strong> de Oliveira, na igreja de Nossa Senhora <strong>do</strong>Carmo, onde foi enterra<strong>do</strong>.Dois me<strong>se</strong>s passa<strong>do</strong>s depois da sua chegada, aos 3 de março de 1627 entraram treze naviosholande<strong>se</strong>s, e tomaram 21 nossos, <strong>que</strong> estavam no porto já com três mil caixas de açúcar dentro,eles perderam <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s <strong>se</strong>us, um <strong>do</strong>s quais era a sua capitânia, <strong>em</strong> <strong>que</strong> vinha por general Pero Peres,inglês, <strong>que</strong> na tomada da Bahia viera por almirante.Mathias de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, ven<strong>do</strong> <strong>que</strong> as urcas, <strong>em</strong> <strong>que</strong> determinava ir-<strong>se</strong> para o reino, eramtomadas <strong>do</strong>s holande<strong>se</strong>s na Bahia, escolheu uma caravela ligeira, na qual depois <strong>que</strong> outros trêsnavios holande<strong>se</strong>s, <strong>que</strong> andaram na barra de Pernambuco, a desocuparam, <strong>se</strong> <strong>em</strong>barcou, e partiu a18 de junho da dita era, e levou <strong>em</strong> sua companhia o <strong>do</strong>utor Bartolomeu Ferreira Lagarto, vigário daParaíba, e administra<strong>do</strong>r, <strong>que</strong> foi destas partes, antes de <strong>se</strong> reunir a jurisdição delas à Mitra, e umreligioso da nossa custódia sacer<strong>do</strong>te.Foi Mathias de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> to<strong>do</strong> o t<strong>em</strong>po <strong>que</strong> <strong>se</strong>rviu, assim de capitão-mor de Pernambuco,como de governa<strong>do</strong>r geral <strong>do</strong> Brasil, <strong>que</strong> foram <strong>se</strong>te anos, s<strong>em</strong>pre muito limpo de mãos, nãoaceitan<strong>do</strong> coisa alguma a alguém, n<strong>em</strong> tiran<strong>do</strong> ofícios para dar a <strong>se</strong>us cria<strong>do</strong>s. Nas ocasiões deguerra, e <strong>do</strong> <strong>se</strong>rviço de Sua Majestade foi mui diligente, não <strong>se</strong> poupan<strong>do</strong> de dia, n<strong>em</strong> de noite aotrabalho: nunca quis andar <strong>em</strong> rede, como no Brasil <strong>se</strong> costuma, <strong>se</strong>não a cavalo, ou <strong>em</strong> barcos, equan<strong>do</strong> nestes entrava não <strong>se</strong> as<strong>se</strong>ntava, mas <strong>em</strong> pé os ia ele próprio governan<strong>do</strong>. Tinha grand<strong>em</strong><strong>em</strong>ória, e conhecimento <strong>do</strong>s homens, ainda <strong>que</strong> só uma vez os vis<strong>se</strong>, e ainda <strong>do</strong>s navios, <strong>que</strong> umavez vinham à<strong>que</strong>le porto, tornan<strong>do</strong> outra daí a muito t<strong>em</strong>po, antes de chegar o mestre, dizia cujo<strong>se</strong>ram, e vez houve <strong>que</strong> vin<strong>do</strong> um com o mastro muda<strong>do</strong>, ven<strong>do</strong> o de mui longe com o óculo, dis<strong>se</strong>:a<strong>que</strong>le é tal navio, <strong>que</strong> aqui veio há um ano, mas traz já outro mastro; e assim o afirmou o mestredepois <strong>que</strong> chegou, <strong>se</strong>n<strong>do</strong> pergunta<strong>do</strong>.Teve boa fortuna <strong>em</strong> <strong>se</strong>u governo, por <strong>se</strong>r<strong>em</strong> os t<strong>em</strong>pos tão infortúnios e calamitosos, e naviag<strong>em</strong> o <strong>livro</strong>u Deus de inumeráveis corsários, de <strong>que</strong> o mar estava povoa<strong>do</strong>, levan<strong>do</strong>-o s<strong>em</strong>pre a

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