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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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101ociosamente <strong>se</strong>não <strong>que</strong> como era prudente, e por isso chama<strong>do</strong> já de muito t<strong>em</strong>po d. Francisco dasManhas, entendeu <strong>que</strong> era boa esta para cariciar as vontades <strong>do</strong>s cidadãos, e naturais da terra fazer<strong>se</strong>cidadão, e natural com eles, e pouco aproveitara dizê-lo de palavra, <strong>se</strong> não pu<strong>se</strong>ra por obra, eassim foi o mais benquisto governa<strong>do</strong>r, <strong>que</strong> houve no Brasil, junto com o <strong>se</strong>r mais respeita<strong>do</strong>, evenera<strong>do</strong>; por<strong>que</strong> com <strong>se</strong>r mui benigno, e afável con<strong>se</strong>rvara a sua autoridade, e majestadeadmiravelmente, e sobre tu<strong>do</strong> o <strong>que</strong> o fez mais famoso foi sua liberalidade, e magnificência, por<strong>que</strong>tratan<strong>do</strong> os mais <strong>do</strong> <strong>que</strong> hão de levar, e guardar, ele só tratava <strong>do</strong> <strong>que</strong> havia de dar, e gastar, e tãoinimigo era <strong>do</strong> infame vício da avareza, <strong>que</strong> <strong>que</strong>ren<strong>do</strong> fugir dele passava muitas vezes o meio <strong>em</strong><strong>que</strong> a virtude da liberalidade consiste, e inclinava para o extr<strong>em</strong>o da prodigalidade, dava a bons, <strong>em</strong>aus, pobres, e ricos, s<strong>em</strong> lhes custar mais <strong>que</strong> pedi-lo, <strong>do</strong>nde costumava dizer <strong>que</strong> era ladrão qu<strong>em</strong>lhe pedia a capa, por<strong>que</strong> pelo mesmo caso lha levava <strong>do</strong>s ombros.Não houve igreja <strong>que</strong> não pintas<strong>se</strong>, aceitan<strong>do</strong> todas as confrarias, <strong>que</strong> lhe ofereciam, muroua cidade de taipa de pilão, <strong>que</strong> depois caiu com o t<strong>em</strong>po, e fez três ou quatro fortalezas de pedra ecal, <strong>que</strong> hoje duram; as principais, <strong>que</strong> t<strong>em</strong> presídios de solda<strong>do</strong>s, e capitães pagos da Fazenda Real,são a de Santo Antônio na boca da barra e a de S. Filipe na ponta de Tapuípe, uma légua da cidade,<strong>que</strong> mais são para terror <strong>que</strong> para efeito; por<strong>que</strong> n<strong>em</strong> a cidade n<strong>em</strong> o porto defend<strong>em</strong>, por <strong>se</strong>r aBahia tão larga, <strong>que</strong> t<strong>em</strong> na boca três léguas, e no recôncavo muitas; e tu<strong>do</strong> então podia fazerpor<strong>que</strong> tinha provisão de el-rei, para <strong>que</strong> quan<strong>do</strong> não bastas<strong>se</strong> o dinheiro <strong>do</strong>s dízimos, <strong>que</strong> é só o<strong>que</strong> cá <strong>se</strong> gasta a el-rei, o pudes<strong>se</strong> tomar de <strong>em</strong>préstimo de qual<strong>que</strong>r outra parte, e assim houveocasião <strong>em</strong> <strong>que</strong> tomou um cruza<strong>do</strong> à conta <strong>do</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> havia de pagar <strong>do</strong>s direitos de cada caixão deaçúcar nas alfândegas de Portugal, e algum dinheiro <strong>do</strong>s defuntos, <strong>que</strong> <strong>se</strong> havia de passar por letraaos herdeiros au<strong>se</strong>ntes; e de uma nau <strong>que</strong> aqui arribou in<strong>do</strong> para a Índia, chamada S. Francisco,tomou a Diogo Dias Queri<strong>do</strong>, merca<strong>do</strong>r, 30 mil cruza<strong>do</strong>s, o <strong>que</strong> tu<strong>do</strong> el-rei man<strong>do</strong>u pagar <strong>em</strong>Portugal de sua Real Fazenda: porém a nenhum outro governa<strong>do</strong>r a passou depois tão ampla, antesos apertou tanto, <strong>que</strong> n<strong>em</strong> dividas velhas de el-rei pod<strong>em</strong> pagar s<strong>em</strong> nova provisão, n<strong>em</strong> fazeralguma despesa extraordinária; o motivo <strong>que</strong> el-rei teve para alargar tanto a mão a d. Francisco foias guerras da Paraíba, e pelos muitos corsários <strong>que</strong> então cursavam esta costa <strong>do</strong> Brasil, comover<strong>em</strong>os nos capítulos <strong>se</strong>guintes.CAPÍTULO VIGÉSIMO QUARTODa jornada, <strong>que</strong> Gabriel Soares de Souza fazia às minas <strong>do</strong> <strong>se</strong>rtão, <strong>que</strong> a morte lhe atalhouEra Gabriel Soares de Souza um hom<strong>em</strong> nobre <strong>do</strong>s <strong>que</strong> ficaram casa<strong>do</strong>s nesta Bahia, dacompanhia de Francisco Barreto quan<strong>do</strong> ia à conquista de Menopotapa, de qu<strong>em</strong> tratei no capítulodécimo terceiro <strong>do</strong> <strong>livro</strong> terceiro. Este teve um irmão, <strong>que</strong> an<strong>do</strong>u pelo <strong>se</strong>rtão <strong>do</strong> Brasil três anos,<strong>do</strong>nde trouxe algumas mostras de ouro, prata, e pedras preciosas, com <strong>que</strong> não chegou por morrer àtornada, c<strong>em</strong> léguas desta Bahia, mas enviou-as a <strong>se</strong>u irmão, <strong>que</strong> com elas <strong>se</strong> foi depois de passa<strong>do</strong>salguns anos à Corte, e nela gastou outros muitos <strong>em</strong> <strong>se</strong>us re<strong>que</strong>rimentos, até <strong>que</strong> el-rei o despachou,e <strong>se</strong> partiu de Lisboa <strong>em</strong> uma urca flamenga chamada Grifo Doura<strong>do</strong> a 7 de abril de 1590 comtrezentos e <strong>se</strong>s<strong>se</strong>nta homens, e quatro religiosos carmelitas, um <strong>do</strong>s quais era <strong>frei</strong> Jerônimo deCanavazes, <strong>que</strong> depois foi <strong>se</strong>u Provincial.Avistaram esta costa <strong>em</strong> 15 de junho, e por não conhecer<strong>em</strong> a parag<strong>em</strong>, <strong>que</strong> era a en<strong>se</strong>ada deVasa-barris, lançaram ferro, mas era tão forte o vento sul, e corr<strong>em</strong> ali tanto as águas, <strong>que</strong> <strong>se</strong><strong>que</strong>braram duas amarras, e <strong>que</strong>ren<strong>do</strong> entrar por con<strong>se</strong>lho de um francês chama<strong>do</strong> Honorato, <strong>que</strong>veio à terra com <strong>do</strong>is índios <strong>em</strong> uma jangada, e lhes facilitou a entrada, tocou a nau e deu tantaspancadas, <strong>que</strong> lhe saltou o l<strong>em</strong>e fora, e arrombou, pelo <strong>que</strong> alguns <strong>se</strong> lançaram a nadar, e <strong>se</strong>

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