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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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87<strong>se</strong>is al<strong>que</strong>ires de farinha de guerra, n<strong>em</strong> os brancos levaram de comer mais <strong>que</strong> para <strong>do</strong>is dias, <strong>do</strong><strong>que</strong> <strong>se</strong>n<strong>do</strong> adverti<strong>do</strong> o ouvi<strong>do</strong>r-geral respondeu alegr<strong>em</strong>ente <strong>que</strong> o iriam buscar entre os inimigos,<strong>que</strong> era gente viva, e havia de ter o <strong>que</strong> comer, e assim <strong>se</strong> partiram daí até a água <strong>que</strong> chamam deJorge Camelo, e depois <strong>do</strong> sol posto chegaram ao rio Mamanguape, <strong>que</strong> são grandes oito léguas, epor haver de ir dar <strong>em</strong> umas aldeias, <strong>que</strong> estavam da outra parte <strong>do</strong> rio, antes <strong>que</strong> os inimigos, <strong>que</strong>haviam acha<strong>do</strong> atrás na campina, lhes dess<strong>em</strong> aviso, e <strong>se</strong> aproveitar<strong>em</strong> da baixa-mar, o passarams<strong>em</strong> ceia à meia-noite, e moí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> dia, <strong>do</strong>nde <strong>em</strong> amanhecen<strong>do</strong> marcharam com boaord<strong>em</strong> e reca<strong>do</strong> até às dez horas, <strong>que</strong> deram <strong>em</strong> um grande golpe de gentio, o qual com o <strong>se</strong>ume<strong>do</strong>nho urro atroou a<strong>que</strong>la campina, e ribeira, mas os nossos muito contentes de os ver, ainda <strong>que</strong>fora por ponte de prata.CAPÍTULO DÉCIMO SEGUNDODe como da baía da Traição foram ao Tujucupapo, e tornaram para PernambucoAo terceiro dia, carrega<strong>do</strong>s os índios de despojos, e alguns mantimentos, partiram da baía daTraição, in<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre ao longo da costa com o língua <strong>do</strong>s índios cativos, <strong>em</strong> busca <strong>do</strong> Tujucupapo omor, principal <strong>do</strong>s Potiguares, por <strong>se</strong>r muito grande feiticeiro, e in<strong>do</strong> ao quarto dia depois da partidab<strong>em</strong> descuida<strong>do</strong>s, parecen<strong>do</strong>-lhes <strong>que</strong> já não o achariam o inimigo, gritaram da vanguarda —Potiguares! Potiguares!, e não <strong>se</strong> espant<strong>em</strong> falar desta maneira <strong>se</strong>n<strong>do</strong> tão poucos, por<strong>que</strong> como asguerras destas partes são nos matos, s<strong>em</strong>pre vão enfia<strong>do</strong>s por o ruim caminho atrás <strong>do</strong>s outros, eassim, ainda <strong>que</strong> poucos, como não pod<strong>em</strong> ir <strong>em</strong> fileira n<strong>em</strong> ord<strong>em</strong> de guerra, ocupam muita terraao compri<strong>do</strong>; por esta causa à grita da vanguarda <strong>se</strong> concertou cada um <strong>em</strong> <strong>se</strong>u lugar, e começarama marchar depressa, mas por neste t<strong>em</strong>po vir um solda<strong>do</strong> espanhol dizer a Martim Leitão acudis<strong>se</strong>,<strong>que</strong> recuava a vanguarda, e havia feri<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> calças e <strong>em</strong> gibão, como ia, tomou uma r<strong>em</strong>issão aJoão Nunes, e uma rodela a um índio, e encomendan<strong>do</strong> a gente a Gregório Lopes de Abreu, e aAntônio de Barros Rego, pôs as pernas ao cavalo, e atravessan<strong>do</strong> o mato, <strong>que</strong> era baixo, chegou at<strong>em</strong>po <strong>que</strong> rebentavam <strong>do</strong> bos<strong>que</strong> três esquadrões de gente inimiga, e <strong>se</strong> tornaram a recolher <strong>em</strong>ondas ou r<strong>em</strong>eti<strong>do</strong>s, <strong>que</strong> este é o <strong>se</strong>u pelejar; e o nosso gentio ven<strong>do</strong> tantos inimigos, qua<strong>se</strong> <strong>que</strong>ficou assombra<strong>do</strong>, e à pressa <strong>em</strong> corpo <strong>se</strong> andavam cercan<strong>do</strong> de rama para to<strong>do</strong>s <strong>se</strong> recolher<strong>em</strong> <strong>em</strong>qual<strong>que</strong>r fortuna; mas chegan<strong>do</strong> assim o ouvi<strong>do</strong>r-geral, os começou a afrontar de palavras, dizen<strong>do</strong>lhe<strong>se</strong> determinavam fazer ali casas para viver, e depois morrer como ovelhas, e <strong>que</strong> as suas casashaviam de <strong>se</strong>r as <strong>do</strong>s inimigos, e assim gritan<strong>do</strong> rijo a eles passou avante, mandan<strong>do</strong> João Tavarespor outra parte, e com isso pelejava com homens, mas aqui com os el<strong>em</strong>entos, <strong>que</strong> é mais.Passa<strong>do</strong>s assim da banda dalém, <strong>que</strong> <strong>se</strong>não duas horas ant<strong>em</strong>anhã, feito algum fogo, <strong>em</strong> <strong>que</strong>brev<strong>em</strong>ente enxugaram os arcabuzes, fez logo o ouvi<strong>do</strong>r-geral tomar a praia, <strong>que</strong> como até entãonão fos<strong>se</strong> sabida, e sobre tantos trabalhos, pareceu a to<strong>do</strong>s tão comprida como trabalhosa.Mas in<strong>do</strong> ele com Duarte Gomes, e Antônio Lopes de Oliveira, com três negros da terradescobrin<strong>do</strong> diante to<strong>do</strong>s, foram até <strong>em</strong> amanhecen<strong>do</strong>, aparta<strong>do</strong>s os de cavalo com algunsarcabuzeiros, para dar<strong>em</strong> da parte <strong>do</strong> norte, e os mais com o nosso gentio, <strong>do</strong> sul, r<strong>em</strong>eteram aoforte <strong>que</strong> ali tinham os inimigos, o <strong>que</strong> fizeram com grande grita, e mataram até vinte índios,tomaram vivo o <strong>se</strong>u principal, outros <strong>se</strong> deitaram ao mar por lhe ter<strong>em</strong> a terra tomada, e <strong>se</strong>acolheram à nau <strong>do</strong>s france<strong>se</strong>s, <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s estavam recolhi<strong>do</strong>s com sua artilharia <strong>do</strong> dia de antes,pelo aviso <strong>que</strong> lhes deu um índio, <strong>que</strong> fugiu a Duarte Gomes; e por<strong>que</strong> com a claridade da manhãcomeçou a varejar a praia, onde os nossos estavam com a artilharia, vararam to<strong>do</strong>s a aldeia, epovoação, <strong>que</strong> estava acima, a qual acharam toda despejada, mas com muitas farinhas feitas, efavas, <strong>que</strong> foi grande recreação, junto com os cajus <strong>do</strong> mato, fruta <strong>que</strong> já começava, e para lhe

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