13.07.2015 Views

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

55traz<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> lhe custar trabalho de carretos, como costa pela ladeira acima. N<strong>em</strong> eles próprios lásubiram <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o ano, e menos as mulheres, <strong>se</strong> não fora estar lá a igreja Matriz, e a <strong>do</strong>s padres dacompanhia, pela qual causa mora ainda lá alguma gente.Fundada pois a cidade pelo governa<strong>do</strong>r M<strong>em</strong> de Sá no dito outeiro, ordenou logo <strong>que</strong>houves<strong>se</strong> oficiais, e ministros da milícia, justiça, e fazenda, e por<strong>que</strong> haviam i<strong>do</strong> na armadamerca<strong>do</strong>res, <strong>que</strong> entre outras merca<strong>do</strong>rias levaram algumas pipas de vinho, man<strong>do</strong>u-lhes ogoverna<strong>do</strong>r <strong>que</strong> o vendess<strong>em</strong> ataverna<strong>do</strong>, e pedin<strong>do</strong> eles <strong>que</strong> lhes pu<strong>se</strong>s<strong>se</strong> a canada por um preçoexcessivo, tirou ele o capacete da cabeça com cólera, e dis<strong>se</strong> <strong>que</strong> sim, mas <strong>que</strong> a<strong>que</strong>le havia de <strong>se</strong>r oquartilho, e assim foi, e é ainda hoje, por onde <strong>se</strong> afilam as medidas, <strong>do</strong>nde v<strong>em</strong> <strong>se</strong>r<strong>em</strong> tão grandes,<strong>que</strong> a maior peroleira não leva mais de cinco quartilhos.Entre os <strong>primeiro</strong>s france<strong>se</strong>s, <strong>que</strong> vieram ao Rio de Janeiro <strong>em</strong> companhia de NicolauVillegaignon, de <strong>que</strong> tratamos no capítulo oitavo deste <strong>livro</strong>, vinha um hereje calvinista chama<strong>do</strong>João Bouller, o qual fugiu para a capitania de S. Vicente, onde os portugue<strong>se</strong>s o receberamcuidan<strong>do</strong> <strong>se</strong>r católico, e como tal o admitiam <strong>em</strong> suas conversações, por ele <strong>se</strong>r também na suaeloqüente, e universal na língua espanhola, latina, grega, e saber alguns princípios da hebréia, eversa<strong>do</strong> <strong>em</strong> alguns lugares da Sagrada Escritura, com os quais entendi<strong>do</strong>s a <strong>se</strong>u mo<strong>do</strong> <strong>do</strong>urava aspirolas, e encobria o veneno aos <strong>que</strong> o ouviam, e viam morder algumas vezes na autoridade <strong>do</strong>Sumo Pontífice, no uso <strong>do</strong>s sacramentos, no valor das indulgências, e na veneração das imagens.Contu<strong>do</strong> não faltou qu<strong>em</strong> o conheces<strong>se</strong> / <strong>que</strong> ao lume da Fé nada <strong>se</strong> esconde /, e o foram denunciarao bispo, o qual o condenou como <strong>se</strong>us erros mereciam, e sua obstinação, <strong>que</strong> nunca quis retratar<strong>se</strong>;pelo <strong>que</strong> o r<strong>em</strong>eteu ao governa<strong>do</strong>r, o qual o man<strong>do</strong>u <strong>que</strong> à vista <strong>do</strong>s outros, <strong>que</strong> tinham cativosna última vitória, morres<strong>se</strong> a mãos de um algoz.Achou-<strong>se</strong> ali para o ajudar a b<strong>em</strong> morrer o padre José de Anchieta, <strong>que</strong> já então erasacer<strong>do</strong>te, e o tinha ordena<strong>do</strong> o mesmo bispo d. Pedro Leitão, e posto <strong>que</strong> no princípio o achourebelde não prometeu a Divina Providência <strong>que</strong> <strong>se</strong> perdes<strong>se</strong> a<strong>que</strong>la ovelha fora <strong>do</strong> rebanho da igreja,<strong>se</strong>não <strong>que</strong> o padre com suas eficazes razões, e principalmente com a eficácia da graça, o reduzis<strong>se</strong> aela, ficou o padre tão contente deste ganho, e por con<strong>se</strong>guinte tão receoso de o tornar a perder, <strong>que</strong>ven<strong>do</strong> <strong>se</strong>r o algoz pouco destro <strong>em</strong> <strong>se</strong>u ofício, e <strong>que</strong> <strong>se</strong> detinha <strong>em</strong> dar a morte ao réu, e com isso oangustiava, e o punha <strong>em</strong> perigo de renegar a verdade, <strong>que</strong> já tinha confessada, repreendeu o algoz,e o industriou para <strong>que</strong> fizes<strong>se</strong> com presteza <strong>se</strong>u ofício, escolhen<strong>do</strong> antes pôr-<strong>se</strong> a si mesmo <strong>em</strong>perigo de incorrer nas penas eclesiásticas, de <strong>que</strong> logo <strong>se</strong> absolveria, <strong>que</strong> arriscar-<strong>se</strong> a<strong>que</strong>la alma àspenas eternas.Casos são estes <strong>que</strong> desculpa a divina dispensação, e a caridade, <strong>que</strong> é sobre toda a lei, e s<strong>em</strong>isto mais são para admirar, <strong>que</strong> para imitar.Ordenadas todas as coisas tocantes ao governo político, povoada, e fortificada a terra, aencarregou o governa<strong>do</strong>r a Salva<strong>do</strong>r Corrêa de Sá, <strong>se</strong>u sobrinho, para <strong>que</strong> a governas<strong>se</strong>, e ele <strong>se</strong>tornou para a Bahia.CAPÍTULO DÉCIMO TERCEIRODe como o governa<strong>do</strong>r tornou para a Bahia, e de uma nau <strong>que</strong>a ela arribou in<strong>do</strong> para a ÍndiaTornan<strong>do</strong> o governa<strong>do</strong>r M<strong>em</strong> de Sá para a Bahia, e chegan<strong>do</strong> a ela, escreveu logo a rainha, eao infante cardeal d. Henri<strong>que</strong>, <strong>que</strong> governava o reino, o <strong>que</strong> tinha feito no Rio de Janeiro, pedin<strong>do</strong><strong>em</strong> satisfação de <strong>se</strong>us <strong>se</strong>rviços lhe mandas<strong>se</strong> sucessor, para <strong>se</strong> poder ir para Portugal, onde tinha suafilha d. Helena, <strong>que</strong> depois casou com o conde de Linhares d. Fernan<strong>do</strong> de Noronha; e entretanto foicontinuan<strong>do</strong> com <strong>se</strong>u cargo como costumava, e era obriga<strong>do</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!