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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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66dinheiro <strong>que</strong> então nela corria, e muitos índios, <strong>que</strong> desceram <strong>do</strong> <strong>se</strong>rtão, e b<strong>em</strong> dizia <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>, e nãode ouro, por<strong>que</strong> para este outras coisas <strong>se</strong> re<strong>que</strong>riam.CAPÍTULO VIGÉSIMO SEGUNDODo princípio da rebelião, e guerras <strong>do</strong> gentio da ParaíbaO rio da Paraíba, <strong>que</strong> nas cartas de marear <strong>se</strong> chama de S. Domingos, está <strong>em</strong> <strong>se</strong>is graus etrês quartos... A boca da abra <strong>que</strong> o rio faz t<strong>em</strong> de largo uma légua, e o canal <strong>que</strong> vai pelo meio, <strong>que</strong>é o <strong>que</strong> chamam barra, t<strong>em</strong> um quarto de légua, e to<strong>do</strong> o mais de uma parte e outra é muitoesparcela<strong>do</strong>, o fun<strong>do</strong> é de areia limpa, e assim é muito maior porto, e capaz de maiores<strong>em</strong>barcações, <strong>que</strong> o de Pernambuco, <strong>do</strong> qual dista 22 léguas de costa para a banda <strong>do</strong> norte.Pelo rio acima uma légua t<strong>em</strong> uma ilha formosa de arvore<strong>do</strong> de uma légua de compri<strong>do</strong>, eum terço de largo, defronte da qual esta o surgi<strong>do</strong>uro das naus capaz de grande quantidade delas, eabriga<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os ventos, e chega ainda a maré pelo rio acima cinco léguas, por onde pod<strong>em</strong>navegar grandes caravelões; t<strong>em</strong> uma várzea de mais de 14 léguas de compri<strong>do</strong>, e de largo duas milbraças, toda retalhada de esteiros, e rios caudais de água <strong>do</strong>ce, <strong>que</strong> já hoje está toda povoada decanas-de-açúcar e engenhos, para os quais dão os mangues <strong>do</strong> salga<strong>do</strong> lenha para <strong>se</strong> cozer o açúcar,e para cinza da decoada <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> limpa; neste rio entravam mais de 20 naus francesas to<strong>do</strong>s osanos a carregar de pau-<strong>brasil</strong>, com ajuda <strong>que</strong> lhes davam os gentios Potiguares, <strong>que</strong> <strong>se</strong>nhoreavamtoda a<strong>que</strong>la terra da Paraíba até o Maranhão algumas 400 léguas: e assim ajudavam os portugue<strong>se</strong>svizinhos das capitanias de Itamaracá e Pernambuco, depois <strong>que</strong> tiveram pazes, como fica dito nocapítulo décimo <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>livro</strong> <strong>se</strong>gun<strong>do</strong>; mas tantas vexações, e perrarias lhe fizeram, <strong>que</strong> <strong>se</strong>tornaram a rebelar.Uma só contarei, <strong>que</strong> foi como disposição última, e ocasião propínqua desta rebelião, e foi<strong>que</strong> entre outros mamalucos, <strong>que</strong> andavam pelas aldeias suas resgatan<strong>do</strong> peças cativas, e outrascoisas, e debaixo disto rouban<strong>do</strong>-os com violência e enganos, houve um natural de Pernambuco, oqual, posto <strong>que</strong> era filho de um hom<strong>em</strong> honra<strong>do</strong>, tirou mais a ralé da mãe <strong>que</strong> <strong>do</strong> pai; este in<strong>do</strong> auma aldeia da Capaôba com <strong>se</strong>us resgates <strong>se</strong> agasalhou <strong>em</strong> um rancho de um principal grandechama<strong>do</strong> Iniguaçú, <strong>que</strong> <strong>que</strong>r dizer «rede grande», e <strong>se</strong> namorou de uma filha sua, moça de 15 anos,dizen<strong>do</strong> <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria casar ou amancebar-<strong>se</strong> com ela, para ficar entre eles, e não vir mais para osbrancos, no <strong>que</strong> ela con<strong>se</strong>ntiu, e o pai também, entenden<strong>do</strong> <strong>que</strong> cumpriria o noivo a condiçãoprometida. Porém in<strong>do</strong> a uma caça, <strong>que</strong> durou alguns dias, quan<strong>do</strong> tornou não achou o genro, n<strong>em</strong> afilha, por<strong>que</strong> <strong>se</strong> haviam i<strong>do</strong> para Pernambuco: <strong>se</strong>ntiu-o muito, e man<strong>do</strong>u logo <strong>do</strong>is filhos <strong>se</strong>us <strong>em</strong>busca da irmã, os quais, por<strong>que</strong> o mamaluco lha não quis dar <strong>se</strong> foram <strong>que</strong>ixar a Antônio Sal<strong>em</strong>a,<strong>que</strong> estava por correição <strong>em</strong> Pernambuco, posto <strong>que</strong> já de partida para a Bahia, e ele man<strong>do</strong>u logonotificar <strong>que</strong> o pai <strong>do</strong> <strong>que</strong>rela<strong>do</strong>, <strong>que</strong> trouxes<strong>se</strong> a moça, como trouxe, e a entregou aos irmãos,passan<strong>do</strong>-lhes uma provisão para <strong>que</strong> ninguém lhes impedis<strong>se</strong> o caminho, ou lhes fizes<strong>se</strong> agravo,antes lhes dess<strong>em</strong> os brancos por onde passass<strong>em</strong> to<strong>do</strong> o favor, e ajuda para o <strong>se</strong>guir<strong>em</strong>; avisan<strong>do</strong>os<strong>que</strong> não con<strong>se</strong>ntiss<strong>em</strong> mamalucos <strong>em</strong> suas aldeias, e assim o avisou ao capitão-mor da ilhaAfonso Rodrigues Bacelar, <strong>que</strong> não con<strong>se</strong>ntis<strong>se</strong> <strong>em</strong> ir ao <strong>se</strong>rtão s<strong>em</strong>elhante gente.Foram os negros mui contentes com sua irmã, e mais depois <strong>que</strong> viram o bom agasalha<strong>do</strong>,<strong>que</strong> pelo caminho lhes faziam os brancos, obedecen<strong>do</strong> à provisão <strong>que</strong> levavam, até <strong>que</strong> chegaram àcasa de um Diogo Dias, <strong>que</strong> era o derradeiro <strong>que</strong> estava nas fronteiras da capitania de Itamaracá, oqual os recebeu com muitas mostras de amor, e muito mais a irmã, <strong>que</strong> man<strong>do</strong>u recolher com outrasmoças de Câmera, s<strong>em</strong> mais a <strong>que</strong>rer dar aos porta<strong>do</strong>res, n<strong>em</strong> ao outros, <strong>que</strong> o pai man<strong>do</strong>u depois<strong>que</strong> soube, pedin<strong>do</strong>-lhe <strong>que</strong> lhe mandas<strong>se</strong> sua filha, e quan<strong>do</strong> não qui<strong>se</strong>s<strong>se</strong> a foss<strong>em</strong> pedir ao dito

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