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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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170Mello, e foi por capitão dela Pero Vaz Pinto a ord<strong>em</strong> também de Gregório Lopes de Abreu, os quaiscomeçaram to<strong>do</strong>s a marchar pelo <strong>se</strong>rtão, onde padeceram grandes fomes, e <strong>se</strong>des, e aconteceuandar<strong>em</strong> três dias s<strong>em</strong> achar<strong>em</strong> água para beber, pelo <strong>que</strong> de<strong>se</strong>spera<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong> o r<strong>em</strong>édio humano,e esperan<strong>do</strong> só nos merecimentos e intercessão <strong>do</strong> b<strong>em</strong>-aventura<strong>do</strong> Santo Antônio, cuja imag<strong>em</strong>levavam consigo, o começaram a invocar uma tarde, e cavar na terra <strong>se</strong>ca pedin<strong>do</strong> <strong>que</strong> lhes des<strong>se</strong>água, e foi coisa maravilhosa, <strong>que</strong> a poucas enxadadas saiu <strong>em</strong> tanta quantidade, <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>alojamento muito <strong>se</strong> abastaram a<strong>que</strong>la noite, e o dia <strong>se</strong>guinte, enchen<strong>do</strong> suas vasilhas paracaminhar<strong>em</strong>, a água <strong>se</strong> <strong>se</strong>cou.Dali a três jornadas deram com uns poucos <strong>do</strong>s índios, e os tomaram para lhes <strong>se</strong>rvir<strong>em</strong> deguias, posto <strong>que</strong> fugiu um, <strong>que</strong> levou aviso aos mais; pelo <strong>que</strong> quan<strong>do</strong> chegaram os nossos osacharam já postos <strong>em</strong> arma; mas n<strong>em</strong> isso bastou, para <strong>que</strong> os não cometess<strong>em</strong> com tanto ímpeto, eânimo, <strong>que</strong> lhes mataram muitos, não per<strong>do</strong>an<strong>do</strong> os nossos Tabajaras a mulheres n<strong>em</strong> meninos, pelavontade <strong>que</strong> levavam aos rebeldes, o <strong>que</strong> visto pelos Tapuias, depois de haver<strong>em</strong> sustenta<strong>do</strong> a briga<strong>do</strong>is dias, mandaram perguntar a Gregório Lopes, cabo das nossas companhias, <strong>que</strong> vinda foraa<strong>que</strong>la às suas terras, <strong>do</strong>nde nunca foram brancos a fazer-lhes guerra, não lhes ten<strong>do</strong> eles da<strong>do</strong> causaa ela? O qual respondeu <strong>que</strong> não o haviam com eles, <strong>se</strong>não enquanto eram fautores e defensores <strong>do</strong>sPotiguares, <strong>que</strong> <strong>se</strong> haviam rebela<strong>do</strong> contra o <strong>se</strong>u rei, haven<strong>do</strong>-lhe prometi<strong>do</strong> vassalag<strong>em</strong>, e <strong>se</strong>haviam confedera<strong>do</strong> com os holande<strong>se</strong>s, e morto os portugue<strong>se</strong>s <strong>se</strong>us vizinhos contra as pazes, <strong>que</strong>tinham celebradas, e assim <strong>se</strong> de<strong>se</strong>nganass<strong>em</strong> <strong>que</strong>, <strong>se</strong>não, iria s<strong>em</strong> os levar cativos ao governa<strong>do</strong>r,ou lhes custaria a vida, com o qual de<strong>se</strong>ngano lhe trouxe o principal <strong>do</strong>s Tapuias, <strong>do</strong>is principais<strong>do</strong>s rebeldes, chama<strong>do</strong> um Cipoúna, e outro Tiquaruçu, para <strong>que</strong> tratass<strong>em</strong> de pazes, e concerto,como trataram; e <strong>em</strong> resolução foi <strong>que</strong> <strong>se</strong> <strong>que</strong>riam entregar com toda a sua gente da <strong>se</strong>rra deCopaoba ao governa<strong>do</strong>r, para <strong>que</strong> dispu<strong>se</strong>s<strong>se</strong> deles como lhe pareces<strong>se</strong> justiça, dan<strong>do</strong>-lhe para istoum mês de espera; o <strong>que</strong> o capitão Gregório Lopes aceitou pela necessidade <strong>em</strong> <strong>que</strong> os <strong>se</strong>u<strong>se</strong>stavam de mantimento, trazen<strong>do</strong> logo consigo muitos <strong>do</strong>s filhos <strong>em</strong> reféns, e as moças brancas, <strong>em</strong>eninos, <strong>que</strong> tinham presos.N<strong>em</strong> este concerto aceitou, e fez com o principal Tiquaruçu, <strong>que</strong> era mais culpa<strong>do</strong>, antes oman<strong>do</strong>u matar logo <strong>em</strong> pre<strong>se</strong>nça de to<strong>do</strong>s às cutiladas. Não com Cipoúna, o qual cumpriu depois àrisca, trazen<strong>do</strong> toda a sua gente, no t<strong>em</strong>po <strong>que</strong> ficou, para <strong>que</strong> o governa<strong>do</strong>r dispu<strong>se</strong>s<strong>se</strong> dela à suavontade, e o governa<strong>do</strong>r, s<strong>em</strong> tomar nenhum por si, cometeu ao des<strong>em</strong>barga<strong>do</strong>r João de SousaCardines <strong>que</strong> os repartis<strong>se</strong> pelos solda<strong>do</strong>s e outros mora<strong>do</strong>res, para <strong>que</strong> os <strong>se</strong>rviss<strong>em</strong> <strong>em</strong> pena de suaculpa, e rebelião, mas muitos <strong>se</strong> acolheram a sagra<strong>do</strong> das <strong>do</strong>utrinas <strong>do</strong>s padres da companhia, ondeforam b<strong>em</strong> acolhi<strong>do</strong>s, por<strong>que</strong> ali <strong>se</strong> <strong>do</strong>utrinam, e con<strong>se</strong>rvam melhor, <strong>que</strong> nas casas <strong>do</strong>s <strong>se</strong>culares,como já outras vezes tenho dito.NB. Este capítulo quadragésimo quarto foi copia<strong>do</strong> desta História <strong>do</strong> Brasil por <strong>frei</strong> Vicente<strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r; porém o capítulo quadragésimo quarto <strong>que</strong> está nas adições e <strong>em</strong>endas a esta Históriaé o <strong>que</strong> <strong>se</strong> <strong>se</strong>gue.CAPÍTULO QUADRAGÉSIMO QUARTODa armada, <strong>que</strong> veio de Holanda a Bahia <strong>em</strong> socorro <strong>do</strong>s <strong>se</strong>us, e <strong>do</strong> mais,<strong>que</strong> sucedeu até a partida da nossaNão <strong>se</strong> podia dizer <strong>que</strong> a guerra era acabada, por <strong>se</strong> haver recuperada a cidade <strong>do</strong>sholande<strong>se</strong>s, pois ainda <strong>se</strong> esperava pela sua armada <strong>do</strong> socorro. E assim chegou logo um navio deAngola, <strong>que</strong> deu por nova andar no morro uma nau, e um patacho, <strong>que</strong> tinham toma<strong>do</strong> <strong>do</strong>is naviosnossos, um de mantimentos para a armada de Portugal, <strong>que</strong> vinha de Lisboa, outro da ilha daMadeira, com vinhos, <strong>que</strong> também <strong>se</strong> mandava à armada, e ao conde de Vimioso da sua capitania

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