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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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168<strong>que</strong> para os mais fizeram c<strong>em</strong>itério <strong>do</strong> Rocio, <strong>que</strong> fica defronte <strong>do</strong>s padres da companhia. E assimnão houve outra igreja, <strong>que</strong> fos<strong>se</strong> necessária desviolar-<strong>se</strong> <strong>se</strong>não a Sé, causa <strong>que</strong> as hereges <strong>se</strong>ntirammuito, ver <strong>que</strong> de<strong>se</strong>nterraram <strong>do</strong>is <strong>se</strong>us coronéis, e outros capitães, <strong>que</strong> ali estavam enterra<strong>do</strong>s, echamaram alguns para <strong>que</strong> mostrass<strong>em</strong> as <strong>se</strong>pulturas, e os levass<strong>em</strong> a enterrar ao campo, para <strong>se</strong>haver de celebrar a primeira missa in gratiarum actian<strong>em</strong>, a qual cantou solen<strong>em</strong>ente o vigáriogeral<strong>do</strong> bispa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil, o cônego Francisco Gonçalves, aos cinco dias <strong>do</strong> mês de maio.Foram diácono e subdiácono <strong>do</strong>is clérigos castelhanos capelães da armada. Pregou o padre<strong>frei</strong> Gaspar da sagrada Ord<strong>em</strong> das Prega<strong>do</strong>res, <strong>que</strong> d. Afonso de Noronha trazia por <strong>se</strong>u confessor.Nela <strong>se</strong> ajuntaram os generais da <strong>em</strong>presa com todas os fidalgos, <strong>que</strong> nela <strong>se</strong> acharam de Portugal eCastela.Depois <strong>se</strong> fez o mesmo nas outras igrejas, pela mercê da vitória alcançada, e <strong>se</strong> fizeramofícios pelos católicos <strong>que</strong> nela morreram. Aqui confesso eu minha insuficiência para poder relataros júbilos, a consolação, a alegria, <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s <strong>se</strong>ntíamos <strong>em</strong> ver <strong>que</strong> nos púlpitos, onde <strong>se</strong> haviamprega<strong>do</strong> heresias, <strong>se</strong> tornava a pregar a verdade de nossa fé católica, e nos altares, <strong>do</strong>nde <strong>se</strong> haviamtira<strong>do</strong> ignominiosamente as imagens <strong>do</strong>s santos, as víamos já com reverência restituídas, esobretu<strong>do</strong> víamos já o nosso Deus no Santíssimo Sacramento <strong>do</strong> altar, <strong>do</strong> qual estávamos havia umano priva<strong>do</strong>s, <strong>se</strong>rvin<strong>do</strong>-nos as lágrimas de pão de dia, e de noite, como a David quan<strong>do</strong> lhe diziamos inimigos cada dia “Onde esta o teu Deus”? E depois de lhe darmos por isto as graças, as dávamostambém ao nosso católico rei por haver si<strong>do</strong> por meio de suas armas o instrumento deste b<strong>em</strong>.E daqui enten<strong>do</strong> eu <strong>que</strong> <strong>se</strong> o <strong>se</strong>u reino de Espanha <strong>se</strong> pinta <strong>em</strong> figura de uma <strong>do</strong>nzela muiformosa com a espada <strong>em</strong> uma mão, e espigas de trigo na outra, não é só para denotar sua fortaleza,e fertilidade, mas para significar como pelas armas de <strong>se</strong>us exércitos <strong>se</strong> goza este divino trigo <strong>em</strong>to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.O aviso deste sucesso venturoso <strong>se</strong> encarregou por particular a d. Henri<strong>que</strong> de Alagon, <strong>que</strong>no assalto <strong>que</strong> os holande<strong>se</strong>s deram a São Bento, foi feri<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is pelouros, a qu<strong>em</strong> acompanhou ocapitão d. Pedro Gomes de Porrez, <strong>do</strong> hábito de Calatrava, no patacho de <strong>que</strong> era capitão Martim deLano. O tresla<strong>do</strong> da carta, <strong>que</strong> levou de d. Fadri<strong>que</strong> para Sua Majestade é o <strong>se</strong>guinte.“Senhor: eu hei trazi<strong>do</strong> a meu cargo as armas de Vossa Majestade a esta província <strong>do</strong> Brasil,e nosso Senhor há venci<strong>do</strong> com elas, <strong>se</strong> hei acerta<strong>do</strong> a <strong>se</strong>rvir a Vossa Majestade, com isto estousobejamente pr<strong>em</strong>ia<strong>do</strong>. As ocupações de dar cobro a cidade restituir a Nosso Senhor <strong>se</strong>us t<strong>em</strong>plos,tratar <strong>do</strong>s negócios da justiça, <strong>que</strong> Vossa Majestade me encarregou, e castigo <strong>do</strong>s culpa<strong>do</strong>s, carenade algumas naus, bastimento para a armada, <strong>em</strong> <strong>que</strong> há b<strong>em</strong> <strong>que</strong> fazer: aviamento, e despacho <strong>do</strong>srendi<strong>do</strong>s, <strong>que</strong> hão de tornar a sua terra, e o deste aviso, e outras mil coisas me t<strong>em</strong> s<strong>em</strong> hora det<strong>em</strong>po: o <strong>que</strong> faltar na relação <strong>em</strong>endarei no <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> aviso. d. João Fajar<strong>do</strong> há <strong>se</strong>rvi<strong>do</strong> a VossaMajestade melhor <strong>que</strong> eu, por<strong>que</strong> há assisti<strong>do</strong> no apresto <strong>do</strong> <strong>que</strong> há des<strong>em</strong>barca<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar comgrande cuida<strong>do</strong>, <strong>que</strong> não há si<strong>do</strong> menos es<strong>se</strong>ncial <strong>que</strong> o das armas; também esteve na <strong>se</strong>gundabateria, <strong>que</strong> <strong>se</strong> fez aos navios, e <strong>em</strong> tu<strong>do</strong> há procura<strong>do</strong> <strong>se</strong>rvir a Vossa Majestade, e ajudar-me comopessoa de tantas obrigações.”“O mesmo há feito d. Manuel de Menezes. O marquês de Cropani há trabalha<strong>do</strong>, ainda <strong>que</strong>velho, como moço, com o fervor, e zelo <strong>que</strong> outras vezes, dan<strong>do</strong> a Vossa Majestade obrigação defazer-lhe mercê, e honra, e a mim de suplicá-lo a Vossa Majestade, etc.”E assim pros<strong>se</strong>guiu depois <strong>em</strong> outras o louvor de to<strong>do</strong>s <strong>em</strong> geral com a liberalidade, <strong>que</strong> émui própria na nobreza castelhana. Foi feita a dita carta a <strong>do</strong>ze de maio, e chegou brev<strong>em</strong>ente aMadri, onde Sua Majestade fez dar solen<strong>em</strong>ente as graças a Nossa Senhor pela mercê recebida,sobre outras mui grandes, <strong>que</strong> este ano de mil <strong>se</strong>iscentos e vinte e cinco recebeu, como foi livrar-lheCadiz de uma poderosa armada de 130 navios ingle<strong>se</strong>s, da qual <strong>livro</strong>u também milagrosamente afrota de Índias, <strong>que</strong> a<strong>que</strong>le ano trazia 17 milhões <strong>em</strong> ouro, prata e frutos da terra. E o milagre foi

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