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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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67capitão-mor da ilha, como foram, e nenhuma coisa aproveitou, por<strong>que</strong> o capitão era amigo de DiogoDias, e dissimulou com o caso.Espalhada esta nova pelos gentios das aldeias qui<strong>se</strong>ram logo tomar vingança nos regatões,<strong>que</strong> nelas estavam, e tomar-lhes os resgates; mas o principal agrava<strong>do</strong> lhes foi à mão dizen<strong>do</strong> <strong>que</strong>a<strong>que</strong>les não tinham culpa, e não era razão pagass<strong>em</strong> os justos pelos peca<strong>do</strong>res, e somente os fez sairdas aldeias, e ir para suas casas como o correge<strong>do</strong>r Antônio Sal<strong>em</strong>a havia manda<strong>do</strong>; tão b<strong>em</strong>intenciona<strong>do</strong> era este negro, e afeto aos portugue<strong>se</strong>s, <strong>que</strong> n<strong>em</strong> ainda de <strong>se</strong>u ofensor tomaravingança, <strong>se</strong>não fora atiça<strong>do</strong> por outros Potiguares, principalmente pelos da beira-mar, com os quaiscomunicavam os france<strong>se</strong>s, e para o <strong>se</strong>u comércio <strong>do</strong> pau-<strong>brasil</strong> lhes importava muito ter aliançacom estoutros da <strong>se</strong>rra, e como nesta conjunção estavam três naus francesas à carga na baía daTraição, e o capitão-mor da ilha de Itamaracá havia da<strong>do</strong> um assalto, <strong>que</strong> matou alguns france<strong>se</strong>s, elhes <strong>que</strong>imou muito pau <strong>que</strong> tinham feito, no qual o assalto <strong>se</strong> havia também acha<strong>do</strong> Diogo Dias,tantas coisas dis<strong>se</strong>ram ao bom Rede Grande, <strong>que</strong> veio a con<strong>se</strong>ntir <strong>que</strong> dess<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua casa, efazenda, <strong>que</strong> era um engenho <strong>que</strong> havia começa<strong>do</strong> no rio Taracunhaê; e por<strong>que</strong> sabiam <strong>que</strong> ohom<strong>em</strong> tinha muita gente, e escravos, e uma cerca mui grande feita, com uma casa forte dentro, <strong>em</strong><strong>que</strong> tinha algumas peças de artilharia, <strong>se</strong> concertaram <strong>que</strong> ele viria com to<strong>do</strong> o gentio da <strong>se</strong>rra poruma parte, e o Tujucipapo, <strong>que</strong> era o maior principal da ribeira, com os <strong>se</strong>us, e com os france<strong>se</strong>s poroutra, e assim como o dis<strong>se</strong>ram o fizeram, e com <strong>se</strong>r<strong>em</strong> infinitos <strong>em</strong> número ainda usaram de umagrande astúcia, <strong>que</strong> não r<strong>em</strong>eteram to<strong>do</strong>s à cerca n<strong>em</strong> <strong>se</strong> descobriram, <strong>se</strong>não somente alguns, eainda estes começan<strong>do</strong> os nossos a feri-los de dentro com flechas, e pelouros, <strong>se</strong> foram retiran<strong>do</strong>como <strong>que</strong> fugiam; o <strong>que</strong> visto por Diogo Dias <strong>se</strong> pôs a cavalo, e sain<strong>do</strong> da cerca com os <strong>se</strong>u<strong>se</strong>scravos, foi <strong>em</strong> <strong>se</strong>u <strong>se</strong>guimento, mas tanto <strong>que</strong> o viram fora rebentaram os mais da cilada com umurro, <strong>que</strong> atroava a terra, e o cercaram de mo<strong>do</strong>, <strong>que</strong> não poden<strong>do</strong> recolher-<strong>se</strong> à sua cerca, foi alimorto com to<strong>do</strong>s os <strong>se</strong>us, e a cerca entrada, onde não deixaram branco n<strong>em</strong> negro, grande n<strong>em</strong>pe<strong>que</strong>no, macho n<strong>em</strong> fêmea, <strong>que</strong> não matass<strong>em</strong>, e esquartejass<strong>em</strong>.Foi esta guerra <strong>do</strong>s Potiguares, governan<strong>do</strong> o Brasil Luiz de Brito, na era de mil quinhentos<strong>se</strong>tenta e quatro, e dela <strong>se</strong> <strong>se</strong>guiram tantas, <strong>que</strong> duraram 25 anos.CAPÍTULO VIGÉSIMO TERCEIRODe como dividiu el-rei o governo <strong>do</strong> Brasil mandan<strong>do</strong> o dr. Antônio Sal<strong>em</strong>a governar o Rio deJaneiro com o Espírito Santo, e mais capitanias <strong>do</strong> sul, e o governa<strong>do</strong>r Luiz de Brito com aBahia, e as outras <strong>do</strong> norte, e <strong>que</strong> fos<strong>se</strong> conquistar a ParaíbaInforma<strong>do</strong> el-rei d. Sebastião de to<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> no capítulo precedente, e receoso de <strong>se</strong> osfrance<strong>se</strong>s situar<strong>em</strong> no rio da Paraíba, man<strong>do</strong>u ao governa<strong>do</strong>r Luiz de Brito de Almeida o fos<strong>se</strong> ver,e eleger sítio para uma forte povoação, <strong>do</strong>nde <strong>se</strong> pudess<strong>em</strong> defender deles, e <strong>do</strong>s Potiguares, e para<strong>que</strong> melhor o pudes<strong>se</strong> fazer, e s<strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong>ntiss<strong>em</strong> sua falta as capitanias <strong>do</strong> sul, de Porto Seguro parabaixo, encarregou o governo delas ao dr. Antônio Sal<strong>em</strong>a, <strong>que</strong> havia esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> Pernambuco comalçada, e então estava na Bahia, <strong>do</strong>nde <strong>se</strong> partiu no ano <strong>do</strong> Senhor de mil quinhentos <strong>se</strong>tenta e cinco,e foi b<strong>em</strong> recebi<strong>do</strong> no Rio de Janeiro assim pelo capitão-mor Cristóvão de Barros, como de to<strong>do</strong>s osmais portugue<strong>se</strong>s, e índios principais, <strong>que</strong> o visitaram, <strong>se</strong>n<strong>do</strong> o <strong>primeiro</strong> e principalíssimo MartimAfonso de Souza, Araribóia, de qu<strong>em</strong> tratamos no capítulo décimo quarto deste <strong>livro</strong>, ao qual, comoo governa<strong>do</strong>r des<strong>se</strong> cadeira, e ele <strong>em</strong> <strong>se</strong> as<strong>se</strong>ntan<strong>do</strong> cavalgas<strong>se</strong> uma perna sobre a outra <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> o<strong>se</strong>u costume, man<strong>do</strong>u-lhe dizer o governa<strong>do</strong>r pelo intérprete, <strong>que</strong> ali tinha, <strong>que</strong> não era a<strong>que</strong>la boacortesia quan<strong>do</strong> falava com um governa<strong>do</strong>r, <strong>que</strong> repre<strong>se</strong>ntava a pessoa de el-rei.

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