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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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103CAPÍTULO VIGÉSIMO QUARTODe como veio Feliciano Coelho de Carvalho governar a Paraíba,e foi continuan<strong>do</strong> com as guerras delaNo ano de 1591 no mês de maio chegou a Pernambuco Feliciano Coelho de Carvalho, fidalgo, <strong>que</strong> <strong>se</strong> criou d<strong>em</strong>oço na África, bom cavalheiro, e de bom con<strong>se</strong>lho, o qual mandan<strong>do</strong> o <strong>se</strong>u fato por mar, <strong>se</strong> partiu por terra ao <strong>se</strong>ugoverno da Paraíba, e achou a cidade posta <strong>em</strong> tanto aperto com os contínuos assaltos, <strong>que</strong> os Potiguares faziam nassuas roças e arrebaldes, <strong>que</strong> determinou de correr a terra, e enxotá-los dela, e para isto pediu a Pero Lopes, capitão-morda ilha de Itamaracá, <strong>que</strong> o ajudas<strong>se</strong> com sua pessoa, e gente, como fez como cinqüenta homens brancos de pé e decavalo, e trezentos negros, e assim <strong>se</strong> partiram ambos <strong>em</strong> muita conformidade, levan<strong>do</strong> o governa<strong>do</strong>r da Paraíba ogentio Tobajar, e os mais brancos, <strong>que</strong> pôde, reparti<strong>do</strong>s uns, e outros <strong>em</strong> companhias, com suas caixas e bandeiras, elogo deram com uma aldeia grande, <strong>que</strong> levavam espiada, onde posto <strong>que</strong> acharam os inimigos descuida<strong>do</strong>s, nãodeixaram de fazer rosto aos da nossa vanguarda, travan<strong>do</strong>-<strong>se</strong> entre uns e outros uma grande escaramuça, por<strong>que</strong> oscontrários cuidavam <strong>que</strong> não era a gente mais, porém, depois <strong>que</strong> viram os de cavalo, e mais de pé, <strong>que</strong> iam chegan<strong>do</strong>,começaram a virar as costas, posto <strong>que</strong> tarde, por<strong>que</strong> o nosso exército estava já to<strong>do</strong> junto, e mataram tantos, <strong>que</strong> erapiedade ver depois tantos corpos mortos, e aos mais <strong>que</strong> fugiram foi <strong>se</strong>guin<strong>do</strong> a nossa vanguarda, não s<strong>em</strong> resistência d<strong>em</strong>uitas flechadas, <strong>que</strong> iam tiran<strong>do</strong>, por<strong>que</strong> tinham costas <strong>em</strong> outra aldeia, <strong>que</strong> distava destoutra um quarto de légua, paraa qual <strong>se</strong> iam retiran<strong>do</strong>, <strong>do</strong>nde saíram muitos a socorrê-los, e fizeram parar os nossos, jogan<strong>do</strong>-<strong>se</strong> de parte a parte muitasflechadas, e ferin<strong>do</strong>-<strong>se</strong> muitos, até <strong>que</strong> chegou o capitão Martim Lopes Lobo, filho de Pero Lopes, com <strong>do</strong>is homensmais de cavalo, e 20 arcabuzeiros, e alguns negros, com <strong>que</strong> os nossos cobran<strong>do</strong> ânimo r<strong>em</strong>eteram com fúria, e oscontrários com me<strong>do</strong> <strong>se</strong> espalharam pelos matos, dan<strong>do</strong>-lhes lugar <strong>que</strong> entrass<strong>em</strong> na aldeia, e fizess<strong>em</strong> tal matança nasmulheres, meninos, e velhos, <strong>que</strong> nela ficaram, <strong>que</strong> só um foi toma<strong>do</strong> vivo, por <strong>se</strong> meter debaixo <strong>do</strong> cavalo <strong>do</strong> capitãoMartim Lopes, e ele o defender, para <strong>se</strong> saber da determinação <strong>do</strong>s france<strong>se</strong>s, e gentio, e neste t<strong>em</strong>po...N. B. — O resto deste capítulo vigésimo quarto não está concluí<strong>do</strong>, pois lhe faltam folhas,como <strong>se</strong> vê na página <strong>se</strong>guinte <strong>do</strong> Msc., a qual parece <strong>se</strong>r parte <strong>do</strong> capítulo trigésimo, visto o <strong>que</strong> <strong>se</strong><strong>se</strong>gue <strong>se</strong>r o capítulo trigésimo <strong>primeiro</strong>, haven<strong>do</strong> portanto um salto de <strong>se</strong>is capítulos.Parte <strong>do</strong> capítulo <strong>que</strong> parece <strong>se</strong>r o trigésimo... manda<strong>do</strong> pedir socorro, trazen<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua companhia a d. Jerônimo de Almeida, <strong>que</strong> poucos diashavia chega<strong>do</strong> de Angola, e outros muitos cavaleiros, <strong>que</strong> havia na capitania, os quais ficaram to<strong>do</strong>sadmira<strong>do</strong>s de ouvir <strong>que</strong> tão poucos <strong>se</strong> defendess<strong>em</strong> de tantos, e os ofendess<strong>em</strong> de maneira, <strong>que</strong> estádito, e por não <strong>se</strong>r<strong>em</strong> já necessários daí a alguns dias <strong>se</strong> tornaram para Pernambuco, mas não deixoude resultar grande proveito deste socorro; por<strong>que</strong> ven<strong>do</strong> uma índia Potiguar de um solda<strong>do</strong> casa<strong>do</strong>,<strong>que</strong> andava já <strong>do</strong>méstica entre os nossos, tanta gente de cavalo, o foi com grande espanto contar à<strong>se</strong>nhora, a qual lhe respondeu: «Isto <strong>que</strong> tu vês é nada, sabe <strong>que</strong> ainda há de vir muita mais, parair<strong>em</strong> matar to<strong>do</strong>s teus parentes, e a quantos france<strong>se</strong>s andam entre eles, <strong>se</strong>não olha tu quão poucossolda<strong>do</strong>s no Cabedelo desbarataram a gente de tantos navios, e por aqui verás <strong>se</strong> estes, <strong>que</strong> vês,for<strong>em</strong> à <strong>se</strong>rra, e os mais, <strong>que</strong> hão de vir, <strong>se</strong> deixaram lá coisa viva.» Esta Potiguar ouvin<strong>do</strong> istofugiu para os <strong>se</strong>us, ainda antes <strong>que</strong> Manuel Mascarenhas <strong>se</strong> partis<strong>se</strong> da Paraíba, e os achouaperceben<strong>do</strong>-<strong>se</strong> para vir<strong>em</strong> dar sobre os nossos com ajuda de Monsieur Rifot, de qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong>osconta<strong>do</strong> o mal <strong>que</strong> fez por esta costa, o qual escreveu uma carta de desafio a Feliciano Coelho, <strong>em</strong>etida <strong>em</strong> um cabaço lha man<strong>do</strong>u pôr <strong>em</strong> um caminho, <strong>do</strong>nde os nossos espias a trouxeram, e posto<strong>que</strong> Feliciano Coelho lho man<strong>do</strong>u pôr outra vez no mesmo posto onde foi acha<strong>do</strong> s<strong>em</strong> outraresposta mais <strong>que</strong> pólvora e pelouros dentro, significan<strong>do</strong> <strong>que</strong> com isto <strong>se</strong> havia de defender, <strong>em</strong>an<strong>do</strong>u outra vez pedir socorro <strong>em</strong> Pernambuco melhor foi desviá-los a negra <strong>que</strong> não viess<strong>em</strong>,dizen<strong>do</strong>-lhes <strong>que</strong> <strong>se</strong>riam to<strong>do</strong>s mortos; por<strong>que</strong> eram inumeráveis os portugue<strong>se</strong>s de pé, e de cavalo,<strong>que</strong> vieram de Pernambuco, o <strong>que</strong> ouvi<strong>do</strong> por Rifot, man<strong>do</strong>u pôr <strong>em</strong> esquadrão to<strong>do</strong>s os <strong>se</strong>us

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